Aglomeração, ambulantes e lojas abertas: Ceilândia ignora restrições
Reportagem do Metrópoles esteve no centro da cidade e conferiu comércio funcionando, muita gente reunida e pessoas sem máscara
atualizado
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A cidade que lidera o triste ranking de casos e mortes por coronavírus no Distrito Federal segue com a rotina de normalidade. Na manhã desta quinta-feira (9/7), na área central de Ceilândia, a movimentação registrada pela reportagem era grande. A maioria com máscaras, mas é possível flagrar alguns sem a proteção facial de uso obrigatório. O descumprimento da medida prevê multa.
Mais do que isso, toda a movimentação e a circulação das pessoas nas ruas desobedecem decreto publicado na noite de quarta-feira (8/7). Nele, o governador Ibaneis Rocha determinou o fechamento de atividades não essenciais em Ceilândia, Sol Nascente e Pôr do Sol a partir da 0h01 desta quinta. O prazo, segundo o texto, é indeterminado.
A medida foi tomada pelo aumento dos números da Covid-19 nas cidades. Ela ocorreu há cerca de um mês, quando restrições entraram em vigor por 72 horas nas mesmas regiões. À época, o movimento ficou tímido. Nesta quinta-feira, porém, diversos comércios amanheceram com as portas abertas.
A presença dos ambulantes nas calçadas, por exemplo, aumentou. Contudo, a Feira Central de Ceilândia, está fechada. O Metrópoles não constatou a presença de fiscais nas ruas no início da manhã. Mais tarde, porém, a força-tarefa do GDF, comandada pela DF Legal e com 13 órgãos do governo, começaram o trabalho.
A pasta informou que a ação segue no período da tarde. A força-tarefa tem a participação de órgãos como Vigilância Sanitária, Semob, Ibram, Polícia Militar e Receita, entre outros. Ambulantes foram removidos e cerca de 500 estabelecimentos vistoriados até o momento.
Opiniões
Uma vendedora de loja de perfumes, que preferiu não se identificar, comentou que muitos comerciantes não tiveram conhecimento do novo decreto.
“Nós viemos trabalhar normalmente. Não soubemos que iria fechar. Agora, estamos tentando entender se vamos fechar as portas. Por enquanto, não vamos deixar os clientes entrarem. Precisamos trabalhar. É uma palhaçada essa confusão de abre e fecha”, desabafou a vendedora.
Na QNN 01, a reportagem também flagrou salões de beleza, lojas de roupas, calçados e bijuterias com grades abertas pela metade.
Graciele Pereira, 40 anos, funcionária de uma loja de vestidos para noivas, disse que o estabelecimento abriu somente para entregar uma peça para a cliente que se casa no domingo.
“Ela estava marcada para vir buscar o vestido hoje e ficamos sem opção. Ligamos para ela e, assim que vier, fecharemos novamente. Estamos cientes do decreto porque as informações circularam nos grupos de WhatsApp. É complicado para a gente também ficar no meio dessa situação. Ficamos desorientados com tantas mudanças a todo momento”, argumenta Graciele.
A dona de um salão de beleza na QNN 2 se mostrou descontente com a nova restrição.
“É um absurdo. Estamos falindo. Após quase quatro meses parados, quando a gente reabre, vamos funcionar dois dias e fechar de novo?”, questionou. “É uma crise sem precedentes. Se fosse para ser desse jeito, que não deixassem a gente se programar e se iludir em voltar ao nosso normal.”