Agência de viagens fecha no DF e deixa clientes e funcionários na mão
Pelo menos 22 ocorrências foram registradas por consumidores contra a Caldas Hot. Donos garantem que vão reembolsar as pessoas lesadas
atualizado
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Mais um caso de fechamento de empresa tem causado dor de cabeça a consumidores do Distrito Federal. Desta vez, foi a agência de viagens Caldas Hot que encerrou as atividades e deixou clientes e funcionários a ver navios. Os responsáveis pela empresa, que organizava excursões e fornecia pacotes de hospedagem para a cidade de Caldas Novas (GO), sumiram do mapa sem oferecer serviços contratados e sem pagar salários a três funcionárias.
A Polícia Civil tem 22 ocorrências registradas contra a empresa, que funcionava em Sobradinho, todas com indícios de estelionato. De acordo com a corporação, os casos estão sendo investigados. O número de vítimas, no entanto, pode ser bem maior. Segundo uma ex-funcionária da empresa, pelo menos 400 clientes foram prejudicados pela agência.
Os primeiros problemas começaram em agosto do ano passado e seguiram até o dia 31 de dezembro, quando Luzinete Maria Reis Carvalho e o filho, Isaías Reis Carvalho, responsáveis pela Caldas Hot, fizeram uma postagem no Facebook alegando que não conseguiriam cumprir os compromissos firmados com os clientes.Uma das prejudicadas foi a autônoma Liliane da Silva, 25 anos. Em novembro de 2016, ela fechou um pacote para passar o ano-novo na cidade goiana com a família. Segundo a promoção anunciada pela Caldas Hot, a hospedagem das sete pessoas que iriam com Liliane ficaria em R$ 600. A autônoma transferiu metade do valor para a conta de Isaías, como adiantamento. A partir daí, no entanto, ela conta que não conseguiu mais falar com os responsáveis pela empresa.
“Na semana da viagem, fui ao escritório deles pessoalmente e um vizinho me falou que a empresa tinha mudado de sede porque muitos clientes já tinham ido ao local para pedir reembolsos”, afirma. A mesma situação ocorreu com o auxiliar de escritório Ruan Alves, 23 anos. Junto com oito amigos, ele também reservou dois apartamentos para passar o réveillon em Caldas Novas por intermédio da Caldas Hot. No entanto, os planos não saíram como o esperado.
“O valor total da reserva era de R$ 1,1 mil e pagamos R$ 550 adiantados. Na época da viagem, não estávamos conseguindo contato com a empresa, mas viajamos mesmo assim. Quando chegamos ao local onde seria a hospedagem, a recepcionista disse que não havia nenhuma reserva e que não era a primeira vez que uma situação assim tinha ocorrido com a Caldas Hot”, conta Ruan.
Uma das primeiras vítimas, a administradora Daniele Conrado, 29, já acionou a Justiça contra a empresa. Dois dias antes da viagem, ela foi avisada por Isaías e Luzinete que a hospedagem não havia sido reservada. A mulher já havia pago o valor integral cobrado, de R$ 625, e teve que alugar outro apartamento por R$ 800. Agora, o processo judicial esbarra na dificuldade de encontrar os responsáveis pela empresa.
“Eles não foram localizados em nenhum dos endereços fornecidos e a Justiça não consegue intimá-los. Estou com medo de o processo ser extinto”, afirma a administradora. Em setembro do ano passado, uma ação que corria contra a empresa no 1º Juizado Cível de Ceilândia foi arquivada porque a Justiça não encontrou bens que pudessem ser penhorados.
Sem receber
Não são só os clientes que foram prejudicados por Isaías Carvalho e Luzinete Carvalho. Três funcionárias que trabalhavam na Caldas Hot não receberam salários por meses e, até hoje, esperam o dinheiro.
Uma delas, que não quis se identificar, afirma ter sido intimidada pela dupla. “Eles ameaçaram dizer que eu sabia de tudo e estava envolvida no esquema. Mas estou com a consciência tranquila”, alega. As funcionárias também afirmam ter passado por diversos constrangimentos, já que os clientes chegavam furiosos e os responsáveis pela empresa se escondiam para não atendê-los.
O Metrópoles tentou contato com os proprietários da Caldas Hot, mas não obteve sucesso. No site da agência, os clientes que desejam pedir estornos de valores são orientados a preencher um formulário na página. O documento, no entanto, não está mais disponível. Além disso, não é disponibilizada nenhuma outra forma de contato.
Em nota no site, os responsáveis pedem desculpas aos clientes pelos transtornos e afirmam não estar fugindo das obrigações. “Não estamos eximindo das nossas responsabilidades. Entretanto, de forma física, não estaremos mais comercializando pacotes ou excursões a qualquer cliente. Necessitamos deste prazo para organizar a empresa, saldar os compromissos com todos os clientes e, por fim, encerrar as nossas atividades, quando todos os casos estiverem solucionados”, diz a nota. No texto, os proprietários afirmam que todos serão reembolsados até o dia 30 de março.