Advogado que agrediu mulher em briga por cão é condenado à prisão
Desde 2019, Cledmylson Lhayr é alvo de diversas ocorrências policiais por causa do comportamento agressivo dele e do cão Pipoca
atualizado
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O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) condenou a quatro meses de prisão, em regime inicialmente semiaberto, o advogado Cledmylson Lhayr Feydit Ferreira por lesão corporal. O homem é acusado de ter agredido uma mulher, também advogada, após ser repreendido por andar com o cão sem coleira nem guia. O episódio aconteceu em março de 2023.
Inicialmente, o réu foi condenado em primeira instância a quatro meses de detenção, em regime aberto, por agredir Giselle Piza de Oliveira, após a discussão. Contudo, devido a reincidência do advogado, a Justiça mudou o regime para semiaberto.
A defesa de Cledmylson alegou ausência de dolo e legítima defesa. No entanto, as provas, incluindo depoimentos e gravações, mostraram que ele iniciou as agressões, desferindo socos e tapas, e impediu que a mulher filmasse o incidente.
“As circunstâncias constatadas nos autos demonstram que o autor agiu com o objetivo de agredir a vítima, tanto que desce do carro e parte em sua direção, agredindo-a, o que, por si só, é suficiente para afastar a tese defensiva de legitima defesa”, contestou a juíza de direito Rita de Cássia de Cerqueira.
No processo, o réu também argumentou que a ofensa foi mínima e que não havia necessidade de ação penal. Todavia, o pedido do réu para desclassificar o crime para vias de fato foi negado.
Por sua vez, a vítima também recorreu pedindo um aumento na pena, que também não foi aceito pela Justiça.
“Quanto à dosimetria da pena realizada pela sentença, verifica-se que foram observados adequadamente os parâmetros legais, motivo pelo qual não se mostra possível o acolhimento do pedido da assistente de acusação. Por outro lado, considerando que acusado é reincidente em crime doloso, deve ser fixado o regime inicial semiaberto para o cumprimento da pena”, decidiu a magistrada.
A decisão não cabe mais recurso no TJDFT.
Cão pivô de briga
O advogado foi detido por agredir uma advogada com socos e derrubá-la em um estacionamento no Sudoeste, área nobre do Distrito Federal, no dia 20 de março de 2023. O ataque ocorreu depois de uma discussão sobre cães.
A vítima, Giselle Piza, disse que seu agressor, Cledmylson Ferreira, estava com o cachorro solto. Dona de um shih-tzu, ela alertou o homem sobre o risco de acontecer um ataque, já que o pet dele, um cotton tullear, é bem maior e estava sem focinheira. Em seguida, a mulher chamou a polícia.
Veja imagens da agressão:
Cledmylson tentou fugir, e Giselle pegou o celular para fotografar a placa do carro dele. Ao ver que a mulher estava gravando, o homem tomou o celular das mãos de Giselle e a agrediu.
Testemunhas filmaram o momento da agressão. Giselle levou dois socos no rosto, foi puxada pelos cabelos e derrubada no chão. Ela chegou a entrar no carro do advogado para impedir que ele fugisse do local.
Cachorro agressivo
Desde 2019, o dono do cão, o advogado Cledmylson, é alvo de diversas ocorrências policiais, a maioria devido ao comportamento agressivo do cachorro e do tutor.
Nas redes sociais, Pipoca “posta” fotos e vídeos chamando Cledmylson de “mordomo”. O pet aparece passeando no lago e cercado de carros importados e até mesmo ao lado de uma aeronave.
Em fevereiro do ano passado, Cledmylson foi denunciado por um policial após acidente de trânsito. De acordo com a ocorrência registrada da 5ª Delegacia de Polícia (área central), o advogado dirigia com o braço para fora do veículo. O cão do suspeito também estava pendurado na janela. Com a visão do retrovisor comprometida, o advogado teria fechado o carro do policial e fugido.
Em novembro do mesmo ano, o advogado foi denunciado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam I), na Asa Sul, por lesão corporal e injúria racial. De acordo com a vítima, uma mulher de 55 anos, ela estava com um grupo de sete pessoas, na entrequadra QRSW 2/3, com os seus respectivos cachorros, quando Pipoca, sem coleira e longe do tutor, se aproximou e começou a tentar mordê-la.
O caso mais antigo é de 2019. À época, uma outra vítima contou à polícia que deixava seu apartamento e caminhava pelo corredor quando deu de cara com Pipoca, que passou a cheirar suas pernas. O advogado, que tomava café no refeitório na companhia de um funcionário do prédio, deu um alerta ao seu cão: “Vem Pipoca, vem! Não morda esse merda, você vai pegar um câncer”.
A reportagem tentou contato com Cledmylson, que informou por meio de mensagem que “sobre o assunto em questão, ainda cabe recurso ao Supremo Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal”.