Advogado investigado em operação contra grilagem ameaça rádio: “Quebrar a porta”
Um dos investigados em operação contra grilagem em Formosa (GO) ligou para rádio da cidade e disse que “quebraria a porta” da emissora
atualizado
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Apresentadores da rádio 92 FM de Formosa (GO) receberam ameaças de um advogado investigado na Operação Escritório do Crime, deflagrada nessa segunda-feira (10/7). A força-tarefa mira um grupo suspeito de fazer grilagem de áreas públicas e privadas no município.
O advogado Nilson Ribeiro, suspeito de ser o principal articulador do esquema, ligou para a rádio e pediu que os apresentadores Léo Teixeira e Hugo Teixeira lessem a nota enviada por ele à emissora, a respeito da operação.
“Eles ficam metendo o pau em mim; depois, [o programa] sai do ar e não publicam minha nota. É para ler minha nota. Senão, vou fazer igual ao [vereador] Marquim. Vou aí quebrar a porta e ler essa p*rra no ar”, ameaçou o advogado.
Em seguida, os apresentadores responderam a Nilson com uma explicação sobre o caso mencionado pelo advogado, que representa o vereador de Formosa Marcos Goulart de Araujo (PP), conhecido como Marquim Araujo.
“O que de fato aconteceu é que ele esteve aqui, sim, em um momento alterado. Nós abrimos espaço para ele, [que] nitidamente falou e se contradisse no ar. Houve algumas ameaças proferidas fora do ar contra a gente. Ele foi expulso da emissora, nunca mais foi permitido e não é mais permitido de entrar aqui”, comentou o apresentador Hugo Teixeira.
Ouça:
Veja vídeo:
Em nota, o sócio e diretor da rádio Hugo Teixeira comentou o caso: “Lamentamos e repudiamos toda forma de ameaça, intimidação e coação a membros da imprensa, ainda mais quando proveniente de um Conselheiro da OAB-GO [Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás]”.
Em nota, o advogado afirmou que procurou “pacificamente a diretoria da rádio no mesmo dia das falas e esclareceu que tudo não passou de um mal entendido”. “Em momento algum pretendi constranger ou ameaçar praticar qualquer ato ríspido”, disse Nilson.
O advogado acrescentou que a situação “foi esclarecida, e a desculpa necessária, apresentada à diretoria da emissora, que compreendeu o ocorrido”.
Entenda a operação
O Ministério Público (MPGO) e a Polícia Civil de Goiás (PCGO) deflagraram operação conjunta para combater o crime de grilagem em Formosa.
Nessa segunda-feira (10/7), as equipes cumpriram 11 mandados de busca e apreensão, bem como um de prisão preventiva contra um empresário do ramo imobiliário considerado o líder do esquema.
Até a mais recente atualização desta reportagem, D’Artagnan Costamilan, 72 anos, estava foragido. Ele é investigado por simular a negociação de terrenos com uso de documento de pessoas mortas há mais de 15 anos.
A investigação começou há seis meses, com foco em um grupo suspeito de cometer grilagem, corrupção, falsidade ideológica, uso de documento falso e associação criminosa.
Os policiais cumpriram mandados judiciais em escritórios de advocacia, casas de advogados do município, além de imóveis associados a um ex-registrador, a empresários e a um suposto corretor envolvido no comércio ilegal de terras.
Quem é quem
Além do empresário D’Artagnan Costamilan e do advogado Nilson Ribeiro dos Santos, o procurador de Formosa Alessandro de Sousa Oliveira também é investigado, por suposta participação na Comissão Fundiária da Câmara dos Vereadores de Formosa, em 2019. Na ocasião, ele deu parecer favorável para que uma área pública fosse registrada em favor de Costamilan.
Angelita Rossi Giuliani é empresária do ramo imobiliário e sócia de D’Artagnan. A casa e o escritório dela foram alvos de busca e apreensão na Operação Escritório do Crime.
Anderson Juvenal de Almeida operava no suposto esquema como corretor de imóveis. Ele também teve casa e escritório alvos de mandados de busca e apreensão.
O sexto investigado, que teve casa e escritório visitados pelas equipes de investigação, Carlos Emerson Nunes de Freitas era registrador de imóveis de Niquelândia.
Posicionamentos
Em nota, o advogado Nilson Ribeiro rechaçou as acusações e reiterou que os atos praticados ocorreram no exercício e nos limites legais da advocacia.
Também disse ser perseguido pelo condutor da investigação, um promotor do MPGO. “As medidas requeridas pelo promotor são retaliação em função deste advogado ter comprovado no Judiciário alguns dos seus desmandos, representando verdadeira tentativa de constrangimento ao exercício combativo da advocacia”, enfatizou Nilson.
O espaço segue aberto para eventuais manifestações dos demais investigados.