Advogado diz que suspeito de matar Noélia só vai falar em juízo
Almir Evaristo foi preso semana passada e não confessou o crime. Defesa vai pedir o relaxamento da prisão
atualizado
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Em entrevista ao Metrópoles, o advogado de defesa de Almir Evaristo Ribeiro (foto de destaque), 43 anos, principal suspeito de assassinar a vendedora Noélia Rodrigues de Oliveira, 38, disse nesta quarta-feira (30/10/2019) ter instruído o cliente a permanecer em silêncio durante mais um depoimento prestado na 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), responsável pelo caso.
Preso temporariamente (por 15 dias) desde 24 de outubro, o suspeito só comentará sobre o crime em juízo (na Justiça). “Ele fez o uso de seu direito. Uma confissão, se houver confissão, só será feita em juízo. Estamos aguardando os demais laudos definitivos e pediremos a liberdade dele”, disse o defensor Alexandre de Carvalho. O advogado informou que vai pedir o relaxamento da prisão de seu cliente.
“Estamos aguardando os demais laudos definitivos e pediremos a liberdade dele, pois é réu primário e não possui antecendetes criminais. As investigações se encerraram. Nessa oitiva, nós tivemos acesso ao laudo de local de onde o corpo foi encontrado. A motivação e o modus operandi ainda são desconhecidos”, explicou.
De acordo com o advogado, dois carros da família foram apreendidos, o de Almir e do filho; “O que podemos assegurar é que será feita a restituição dos bens dos familiares e celulares apreendidos. O filho nada tem a ver com o caso, isso nós garantimos”.
Perícia
O Chevrolet Cruze e o Corsa de Almir Evaristo Ribeiro, vizinho de Noélia, foram analisados para a coleta de mais elementos que possam ajudar os investigadores a traçar a dinâmica do feminicídio. Os policiais ainda fazem diligências para tentar encontrar a arma utilizada no crime e a bolsa de Noélia.
Uma das hipóteses levantadas pela polícia, com base nos elementos recolhidos até agora, é que o operário de máquinas planejou assassinar Noélia provavelmente porque ela teria tentado colocar fim ao suposto relacionamento. Ele não confessou o feminicídio.
No entanto, segundo a PCDF, as investigações o colocam na cena onde Noélia foi achada morta com um tiro no rosto, no Assentamento 26 de Setembro, em Vicente Pires. De acordo com a delegada Adriana Romana, titular da 38ª DP, antes de ser encontrado pela polícia, o operador de máquinas apagou todas as mensagens de seu celular, que foi apreendido.
Para os investigadores, os registros de ligações trazem evidências claras, segundo as investigações: o último contato telefônico de Noélia foi com o suspeito, em 17/10/2019.
De acordo com PCDF, o depoimento inicial de Almir foi de total negação. Em um segundo momento, ele chorou muito. Segundo a polícia, vítima e suspeito se conheciam: “A gente conseguiu identificar que ela e o autor mantinham contatos diários e frequentes há quatro meses. Ele buscou Noélia na via do Eixo Monumental, próximo ao Brasília Shopping, e depois seguiu para o assentamento. Ainda não soubemos se ela foi morta no veículo”, explicou Adriana Romana.
“Tivemos acesso aos extratos das ligações telefônicas dela. Nesses documentos tinha ligações entre ela e o autor por quatro meses”, pontuou a investigadora. “Eram ligações que duravam mais de uma hora”, disse Adriana Romana.
Outra linha de apuração que reforçou o nome de Almir Evaristo como assassino da vendedora foi o fato de os investigadores terem refeito o caminho percorrido por Noélia. Ela foi pelo Setor Hoteleiro e parou em um arbusto. Essa foi a última imagem que conseguimos dela, bem próximo à parada.”
Confira os últimos momentos de Noélia com vida no Setor Hoteleiro Norte:
Crime premeditado
A família de Noélia suspeita que Almir tenha premeditado o crime. Sobrinho da vítima, Marcus Aurélio Silva de Oliveira, 27, crê que o vizinho foi encontrá-la com a intenção de matá-la.
“Temos a certeza que ele saiu brutalmente preparado para ceifar a vida dela”, ressaltou Marcus, um dia após a prisão de Almir. O sobrinho também rebateu comentários de pessoas nas redes sociais que criticam a hipótese de Noélia ter se relacionado com o suspeito, mesmo sendo casada. “Desonram a imagem da minha tia. Ela faleceu, não tem mais poder de voz. Então, pedimos para que pelo menos respeitem a memória dela.”
O sobrinho de Noélia ressalta que “nada justifica” a morte de sua tia. “Foi um crime banal. Os comentários machistas a respeito da vida íntima dela, o que tinha, o que não tinha. O que sei é que ela foi calada da forma mais cruel e que a gente não poderia esperar”, lamentou.