Advogado debocha de homicídio no DF: “Acho é pouco, o valentão morreu”
Em notícia de morte de homem baleado no DF, advogado debocha de homicídio, diz que acha “pouco” e escreve: “OAB não vai me impedir”
atualizado
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Um advogado do Distrito Federal fez comentários debochando do homicídio de um boxeador e segurança de boate. Walisson Reis, que diz nas redes atuar “sempre na luta contra injustiças”, chegou a escrever “acho é pouco” e “o choro é livre, o valentão morreu”.
O advogado fez os comentários no Instagram, na página do Metrópoles que trouxe a notícia da morte de Paulo Medrado (foto em destaque), 33 anos, executado com sete tiros na madrugada deste domingo (17/3). Como a reportagem mostrou, a vítima foi baleada em uma emboscada, durante uma festa de som automotivo, nas proximidades do Posto Flamingo, na subida do Colorado. Ele levou seis tiros no abdômen e um na cabeça.
Os comentários do advogado causaram revolta. Com inscrição regular na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ele passou a fazer várias alegações do caso, que ainda está em investigação na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), ofendendo a vítima, dizendo que Paulo “tinha o hábito de agredir outras pessoas”.
“Era o que ele fazia diariamente, então eu acho é pouco”, publicou Walisson Reis. Em outra mensagem, ele responde com ironia a quem criticou sua postura como profissional do direito: “O choro é livre, o valentão morreu”.
Quando outro internauta marca o perfil da OAB, como forma de denúncia contra a falta de ética do advogado, ele volta às ofensas: “Chora, coleguinha. A OAB não vai me impedir de fazer uma opinião pessoal sobre esse cidadão”. Em outro momento, postou: “Com esse segurança, não tinha de resolver dentro da lei”.
Internautas chocados
Os comentários, logo após a morte de Paulo, chocaram os internautas. “O senhor concorda que quem faz mal com o próximo merece a morte? O senhor concorda com justiça com as próprias mãos, ‘advogado’?”; “Bela resposta para um advogado. Diante desse comentário, dá para ter uma noção da qualidade do seu trabalho”; “Você defecou em mensagem”.
Procurado pelo Metrópoles, o advogado respondeu que escreveu os comentários não como profissional do direito, mas “como um cidadão comum”. Walisson disse, ainda, que recebeu mensagens ameaçadoras do irmão da vítima e frisou que tem o ” livre direito de se manifestar”. Ele apagou os posts e deletou a conta do Instagram após o contato da reportagem.
Veja a nota na íntegra:
“Em momento algum Walisson Reis incentivou, incitou ou comemorou qualquer ato de violência. Apenas, de uma forma objetiva, apontou uma das mais antigas leis, a Lei da Semeadura, que é um princípio geral que ensina que todos colhem aquilo que semeiam! Mais uma vez reforço que sou totalmente contra qualquer tipo de violência, espero que as forças policiais e o Poder Judiciário possam investigar, processar, condenar e prender o homicida que perpetrou esse crime bárbaro, com os rigores da Lei. Em relação à vítima, externo meus sentimentos aos amigos e familiares! A regra constitucional prevista para a sociedade brasileira é a da liberdade de expressão (CF/88, artigo 5°, inciso IV), encaixando-se a fala de Walisson Reis, nesse contexto fático e legal.
No caso, em absoluto não há nenhum fato no comentário que desborde do seu amplo direito de fala e de defesa de interesses públicos e particulares a Walisson Reis conferidos pelo ordenamento jurídico vigente.
O comentário aponta pelo uso normal do direito (Código Civil, artigo 188, I) à liberdade de expressão!!
Cidadão Walisson Reis!”.
Homicídio
O crime ocorreu por volta das 5h, quando Paulo Roberto estava em companhia de dois amigos. Todos conversavam, quando um homem, ainda não identificado, surgiu em meio a carros estacionados na área do posto de gasolina e atirou apenas contra o segurança. Todos os disparos atingiram a vítima, que morreu na hora.
O assassino, que trajava um casaco vermelho com capuz, deixou o local rapidamente. Os dois amigos de Paulo chegaram a usar o carro para tentar capturar o homem, mas ele conseguiu deixar o posto sem ser alcançado. Testemunhas suspeitaram de que havia um comparsa posicionado em uma moto dando cobertura ao executor dos disparos.
O caso é investigado pela 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte). Equipes da unidade tentam levantar informações que levem ao autor do homicídio.
Paulo, que trabalhava como vigilante em uma boate de Planaltina, havia brigado dias antes com algumas pessoas, na tentativa de apartar confusões. A PCDF apura se essas desavenças podem ter sido a motivação para o assassinato.