Advogado diz que celular de Torres entregue à PF “apresentou falha técnica”
Eumar Novacki concedeu entrevista coletiva nesta 6ª feira, horas após Anderson Torres deixar a prisão onde estava havia quatro meses
atualizado
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Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (12/5), a defesa de Anderson Torres negou que as senhas do celular do investigado entregues à Polícia Federal (PF) estivessem erradas, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF). A resposta do advogado Eumar Novacki se deu porque os investigadores não terem conseguido acesso ao aparelho.
O advogado do ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL) declarou que Torres “apresentou as senhas”, mas teria ocorrido “uma falha técnica”, “conjuntural”.
Novacki acrescentou que um relatório ao qual a defesa teve acesso identificou o problema e que a versão de “senhas erradas” para acesso aos arquivos de celular de Torres “não é bem assim”.
“As senhas não estavam erradas. Um laudo da PF que recebemos de modo sigiloso diz que houve uma falha técnica. Caso o ministro [Alexandre de Moraes, do STF] determine um perito para fazer essa análise, vamos colaborar. Houve uma falha técnica para acessar dados de Anderson Torres”, reforçou Novacki.
À época em que o STF questionou a impossibilidade de acesso aos dados da nuvem do celular de Anderson Torres, a defesa de Torres, já sob responsabilidade de Eumar Novacki, emitiu nota que dizia ser possível que o problema tenha decorrido de “dificuldades cognitivas” do ex-secretário, devido à condição de saúde do investigado.
“É possível que as senhas tenham sido fornecidas equivocadamente, dado o seu grau de comprometimento cognitivo”, argumentou a defesa à época. “Nesse cenário, tendo em vista o atual estado mental do requerente, com lapsos frequentes de memória e dificuldade cognitiva, a confirmação da validade das senhas, na hodierna conjuntura, revela-se sobremaneira dificultosa.”
Detido ao voltar das férias nos Estados Unidos, Anderson Torres havia informado à Polícia Federal (PF) que não entregou o celular pessoal aos investigadores por ter perdido o aparelho na viagem. O ex-ministro forneceu as senhas exigidas para acesso ao aparelho mais de 100 dias após a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, em Brasília — evento central no inquérito pelo qual ele é investigado no STF.
Entrevista coletiva
O advogado de defesa do ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal também se pronunciou sobre a liberdade provisória do cliente, concedida pelo ministro Alexandre de Moraes.
Torres estava preso desde 14 de janeiro e foi solto nessa quinta-feira (11/5). Ele está em casa, sob monitoramento de tornozeleira eletrônica.
A decisão de conceder liberdade provisória a Torres partiu do ministro Alexandre de Moraes. Ele tomou a decisão após Novacki, em 2 e 4 de maio, reiterar o pedido de “revogação da prisão preventiva” ou de, “ao menos, substituí-la por uma das cautelares elencadas no artigo 319 do CPP [Código de Processo Penal] ou pela prisão domiciliar”.
O ex-secretário, no entanto, segue proibido de deixar o Distrito Federal; de manter contato com os demais investigados; de usar as mídias sociais; e deverá continuar afastado do cargo que ocupa na Polícia Federal. O descumprimento de qualquer uma das medidas alternativas implicará revogação da liberdade provisória e nova decretação de prisão.
Assista na íntegra:
Decisão do STF
“As razões para a manutenção da medida cautelar extrema em relação a Anderson Gustavo Torres cessaram, pois a necessária compatibilização entre a Justiça Penal e o direito de liberdade demonstra que a eficácia da prisão preventiva alcançou sua finalidade, com a efetiva realização de novas diligências policiais, que se encontravam pendentes em 20/4/2023”, argumentou Alexandre de Moraes na decisão, divulgada nessa quinta-feira (11/5).
Anderson Torres estava preso havia quatro meses, no 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM) do Distrito Federal, devido às investigações sobre supostas omissões de autoridades durante os atos golpistas cometidos em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Ele chefiava a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) quando ocorreram as invasões ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e ao STF. Na data, o secretário estava em viagem aos Estados Unidos.