Advogado de mulher que xingou empresário de macaco: “Família abalada”
Família estava em processo de interdição de mulher responsável pelos xingamentos gravados na última segunda (9/5)
atualizado
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A mulher que xingou o empresário Paulo Vitor, 22 anos, de “macaco preto” na última segunda-feira (9/5) está bem abalada psicologicamente, segundo os advogados da família. “Não consegue sequer se expressar depois que ela tomou conhecimento dos fatos”, disse o advogado Wanderson Felipe de Andrade ao Metrópoles.
Mais cedo nesta quinta-feira (12/5), a defesa apresentou laudos de que a mulher, apenas identificada como Cláudia, sofre de transtornos psiquiátricos e uma nota detalhando a situação.
Diagnosticada inicialmente, em 2011, com esquizofrenia paranoide, com evolução crônica, progressiva e sem possibilidade de cura, a paciente havia apresentado melhora significativa em 2020 depois de uma piora no quadro. Ela sempre fez tratamento e acompanhamento psiquiátrico.
No mesmo ano, a família entrou com um processo de interdição. Caso deferida, a ação tiraria o direito de Cláudia de responder pelos próprios atos e nomearia um curador para cuidar dela.
A liminar do processo, no entanto, foi negada no mesmo ano e ─ diante da melhora no quadro de Cláudia durante o tempo de andamento da ação ─ a família pediu pelo arquivamento do processo.
Confira laudos de Claúdia:
Em meados de abril deste ano, Cláudia voltou a ter surtos mais pesados e teve a dose dos medicamentos reforçada. Segundo a defesa, a alteração não surtiu efeito e, por conta do novo quadro, a família entraria novamente com uma ação de interdição. O laudo mais recente é de 3 de maio deste ano. “A família toda concorda com a interdição. A Cláudia não está em condições de responder sobre isso”, disse o advogado.
Depoimentos
Nesta quinta-feira (12/5), o dono da franquia The Best Açaí, em Taguatinga Norte, Paulo Vitor Silva Figueiredo, 22 anos, prestou depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) no próprio estabelecimento. A investigação de injúria racial é conduzida pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin). “Está tudo certo”, disse Paulo Vitor após o procedimento.
Questionada sobre a possibilidade de depoimento de Cláudia, a defesa informou que ainda não foi contada pela PCDF sobre o assunto. Também disse que ela pode ser chamada para prestar depoimento nos próximos dias caso as autoridades policiais entendessem a necessidade deste tipo de prova.
Na esfera penal, a defesa tentará provar a inimputabilidade de Cláudia, ou seja, ela não poderia ser responsabilizada pelos atos, pois estava em surto psicótico.
Questionada sobre o caso, a PCDF não respondeu aos questionamentos da reportagem. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.
Entenda o caso
O empresário Paulo Vitor conta que a cliente chegou, por volta das 20h, da última segunda-feira (9/5).“Depois, ainda chegou uma cliente nossa e perguntou o que estava acontecendo. Aí, ela começou a agredir verbalmente essa moça, a chamando de gorda e feia. Isso começou umas 20h e ela ficou lá até 20h30 me xingando”, relatou o empresário.
De acordo com Paulo, a mulher “tem o histórico de ser alguém que causa muitos problemas” no comércio onde fica sua loja. “Ela já havia comprado açaí conosco outras vezes, sempre de um jeito meio grosseiro, mas nunca ofendeu como desta última vez”, conta Paulo.
Segundo o dono da loja, a mulher passou cerca de 30 minutos na porta do estabelecimento xingando ele após não aceitar que o açaí seria feito com banana. Depois das ofensas, ela ainda ordena o rapaz que prepare o açaí, pois estava “na cidade dela”. “Na hora, eu estava bem tranquilo, não fui grosseiro e nem agressivo. O único momento em que fiquei mais sério foi quando falei que não serviria ela”, relembra.
Veja a gravação feita pelo empresário:
“Ela me viu colocando a banana no açaí para bater e falou que não queria com banana. Eu expliquei que a nossa receita é fechada já, que é o açaí, banana e xarope”, contou. “Ela não quis aceitar, não queria que eu batesse com banana, porque ela estava exigindo. Eu falei: ‘Moça, não tem como, minha receita é essa’. Aí ela falou: ‘Então vamos resolver na delegacia’. Pensei que ela iria chamar o Procon, algo assim, mas ela começou a me xingar, atacar: ‘Macaco, preto’”, completou.
Apesar de ainda não ter registrado o boletim de ocorrência, Paulo detalhou que a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual (Decrin) tomou conhecimento da gravação e entrou em contato com ele para que o caso seja investigado.
“O pessoal que mora aqui e frequenta o açaí comoveu-se com a situação. Tenho recebido muitas mensagens de apoio de amigos e conhecidos”, disse o comerciante.
Veja nota na íntegra:
O escritório Batista, Miranda & Ferreira advogados associados, na qualidade de representantes da Sra. CLÁUDIA e sua família, vem a público com o intuito de esclarecer os fatos contidos no vídeo e denúncia de injúria racial, que foram veiculados pela imprensa ontem, dia 11 de maio de 2022.
Em um primeiro momento, importante frisar que a Sra. CLÁUDIA sofre de transtornos psiquiátricos, diagnosticada com esquizofrenia paranoide, com evolução crônica, progressiva e sem possibilidade de cura, conforme relatório médico expedido por profissional competente no ano de 2020.
Há tempos a família e a Sra. CLÁUDIA vêm lutando contra a doença, que passou a piorar nos últimos anos, fazendo com que ela tenha momentos de surtos mais constantemente e perca o controle das próprias ações, exatamente como ocorreu no episódio demonstrado pela filmagem difundida.
Por oportuno, informam que o tratamento está sendo realizado e a dosagem foi aumentada recentemente, contudo, mostrando-se ineficiente frente ao grave quadro apresentado.
A família informa estar em vias de processo de interdição da Sra. CLÁUDIA, justamente pela dificuldade ocasionada pela doença e a incapacidade desta em praticar atos da vida civil.
Salienta-se que a família e a Sra. CLÁUDIA lamentam o ocorrido e repudiam veementemente qualquer tipo de agressão, seja física ou verbal, bem como qualquer forma de discriminação, desculpando-se pelos fatos divulgados pela imprensa e por qualquer ofensa proferida.
Por fim, colocam-se à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos quando solicitados, requerendo aos meios de comunicação que preservem a imagem dos familiares, amigos e da própria Sra. CLÁUDIA, vez que a doença é delicada e de difícil controle.
Colocamo-nos à disposição para prestar esclarecimentos suplementares porventura necessários.
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