Advogada do DF achada morta em hostel chegou de ônibus a Florianópolis
Segundo a Polícia Civil de Santa Catarina, corpo de Aline Ázara não tem sinais aparentes de violência, o que reforça possível suicídio
atualizado
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A principal linha de investigação da Polícia Civil de Santa Catarina a respeito da morte de Aline Stela Xavier Ázara, 37 anos, é suicídio. A jovem estava desaparecida desde 25 de junho. O corpo dela foi achado na manhã desta segunda (2/7) em um hostel no centro de Florianópolis (SC).
Aline enfrentava problemas de depressão. À Polícia Civil, uma funcionária do estabelecimento contou que viu a advogada no sábado (30/6). Ela estaria deitada no quarto, aparentemente dormindo. Funcionários do Floripa Hostel desconfiaram do fato de a hóspede não ter deixado o recinto no domingo (1º) nem na segunda (2).
Ao notarem a porta trancada, rodearam o local e avistaram a jovem sobre uma das camas. “A princípio, a nossa suspeita é de suicídio. Não há marcas nem lesões externas no corpo, mas apenas o laudo do IML (Instituto Médico Legal) vai apontar o que realmente ocorreu”, explicou o delegado Wanderley Redondo, titular da Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas e responsável pelas primeiras investigações sobre o caso no estado.Os policiais conseguiram mapear os últimos passos de Aline. A advogada saiu de carro do Distrito Federal no último dia 25. Rodou 919km até Campinas, em São Paulo. Lá, deixou o veículo em um estacionamento. Pegou um ônibus para a Rodoviária do Tietê – terminal de onde partiu, noutro coletivo, rumo à capital catarinense.
Com base nas investigações preliminares repassadas pela polícia, Aline desembarcou em Florianópolis no dia 26, à noite. Chegou ao hostel dizendo estar muito cansada. No quarto em que a jovem estava hospedada, foram encontrados bilhetes de passagens de ônibus e também de um estacionamento para carros de Campinas. Havia também alimentos, duas malas, remédios (entre eles, para dor de cabeça e enjoo), uma receita psiquiátrica e, pelo menos, R$ 1.700 em espécie.
Os policiais encontraram o celular da advogada ligado e bloqueado com senha. Embora não tenha feito reserva no hostel, Aline solicitou hospedagem até 9 de julho. Durante os dias em que ficou no local, os funcionários viram a jovem sair do quarto em algumas ocasiões para fazer compras em supermercados da região.
O sumiço
A família de Aline seguiu para Florianópolis. No começo da tarde, a mãe, Irene Xavier da Silva Ázara, 59, confirmou a morte da filha pelas redes sociais.
Aline sumiu após almoçar com Irene. Ela deixou a residência, em Sobradinho, dizendo que ia para o Fórum de Brasília. Segundo a mãe, a advogada esqueceu a blusa de frio, retornou e saiu novamente de carro.
O último registro dela foi feito no mesmo dia (25), em uma agência da Caixa Econômica Federal de Sobradinho. Aline passou no banco para sacar dinheiro. As imagens do circuito interno de segurança flagraram o momento.
Desde o dia 25 de junho, as mensagens enviadas para Aline pela mãe, por meio de um aplicativo, não foram visualizadas. Irene estava apreensiva, mas confiante de que a filha seria localizada. No DF, o caso era investigado pela 13ª DP (Sobradinho) e Delegacia de Repressão a Sequestro (DRS). A família espalhou cartazes por diversas regiões do DF e Entorno e não parou de procurar a moça durante todo esse tempo.
Em entrevista recente ao Metrópoles, a mãe disse que Aline havia voltado a morar com ela em setembro de 2017, por motivos de saúde. De acordo com Irene, o relacionamento com a filha era bom. “Ela estava muito doente, com síndrome do pânico e sofrendo de ansiedade. Veio ficar aqui em casa e estava bem atualmente”, relatou.
O caso é acompanhado, desde a notícia do desaparecimento, pela Ordem dos Advogados do Brasil na capital federal. A entidade informou que “se disponibiliza a prestar todo o auxílio necessário para a família da advogada”.
“O presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto, entrou em contato com o presidente da seccional de Florianópolis, Paulo Marcondes Brincas, que também se prontificou a prestar toda e qualquer assistência necessária para a família”, ressaltou, em nota, a Ordem.
Busque ajuda
O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o assunto não venha a público com frequência, para que o ato não seja estimulado. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.
Depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.