Adolescente volta a ser internado no DF um ano após acidente com árvore
Pedro Miguel, 16 anos, foi submetido a novos procedimentos cirúrgicos. Desde o acidente, o adolescente enfrenta graves problemas de saúde
atualizado
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Mesmo mais de um ano após ser atingido por um pinheiro de 20 metros no Parque da Cidade, Pedro Miguel Rodrigues Cardoso, 16 anos, continua enfrentando graves problemas de saúde. Depois de duas internações, a mais recente em 4 de abril – decorrente de uma complicação – o adolescente, que está tetraplégico devido ao acidente, passará, outra vez, o Dia das Mães longe da família.
“O Pedro retornou ao hospital há 40 dias, logo após vomitar. Como ele não tem mais o controle do diafragma, não consegue expelir coisas do corpo. Como consequência, broncoaspirou. Já no hospital, foi entubado e, tempos depois, encaminhado à sala de cirurgia para retirar um granuloma [espécie de queloide formada por células inflamatórias crônicas]. Não está sendo fácil. Nós estamos vivendo cada dia esperando em Deus”, disse Luciane Garcia, mãe de Pedro.
Desde o acidente, Pedro já passou por uma série de procedimentos, tais como: laparotomia, para fechar uma pequena perfuração no estômago, e também por uma cirurgia de descompressão da coluna cervical. Além desses, foi submetido a uma traqueostomia, a um dreno de tórax e precisou ser três vezes entubado. De acordo com Luciane, o filho também teve o crânio fragmentado em 22 pedaços, o que fez o cérebro inchar e ter coágulos.
Até hoje, a família alega não ter recebido nenhum tipo de auxílio do Governo do Distrito Federal (GDF) pela queda da árvore que deixou o adolescente tetraplégico. Sem poder arcar com todos os custos que a situação do adolescente exige, os pais do menor entraram com um processo na Justiça.
“A gente pensa que em um caso como esse deveria haver alguma legislação que obrigasse o poder público a agir de imediato. Que não precisasse esperar um provimento judicial para que uma ação seja tomada”, desabafou Luciane.
“O que desejo, agora, é que o caso do meu filho não seja esquecido, que o poder público arque com as consequências e faça os devidos reparos financeiros para que o Pedro tenha uma vida sossegada. Além disso, espero que justiça seja feita e que, quando punido, o GDF aja com mais responsabilidade para não permitir que outras famílias passem pelo que nós estamos passando”, pontuou.
Relembre o caso
O acidente ocorreu em 8 de maio de 2022, no Dia das Mães, por volta das 11h, enquanto a família do jovem se reunia em uma das churrasqueiras localizadas no Bosque dos Pinheiros. Pedro tirava um cochilo no gramado, no momento em que a árvore caiu e, por isso, não conseguiu escapar.
No local, ele chegou a sofrer uma parada cardiorrespiratória, mas teve o quadro revertido pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF). “No momento da queda do pinheiro, eu estava deitada em uma das redes que instalamos nas árvores. Quando me levantei, já vi meu filho sem vida no chão. Entrei em desespero”, relembra a mãe de Pedro.
Logo após o acidente, o adolescente foi encaminhado para o Hospital de Base e, quatro dias depois, transferido para o Hospital Anchieta, em Taguatinga. Lá, exames constataram uma lesão medular que afetou os movimentos de Pedro. Por conta do impacto do acidente, o jovem ficou tetraplégico, mas sem sequelas na parte cognitiva.
“Foi um período muito difícil para nós. Eu estava no início da minha terceira gestação e tivemos que praticamente nos mudar para o hospital. Meu Pedro Miguel, ou Pedro Milagre, ficou onze dias sedado e entubado em estado gravíssimo. Depois, foi um longo período em que ele se comunicava apenas pelos olhos e sem conseguir se mexer. Posteriormente, teve que passar por um treinamento da fala”, conta Luciane.
Em outubro do ano passado, após cinco meses hospitalizado, o adolescente pôde ir para casa com a família e iniciou um acompanhamento na Rede Sarah, especializada em atendimento de reabilitação.
Para ajudar na rotina de cuidados em casa, a família conseguiu pelo plano de saúde do marido de Luciane uma cuidadora por período parcial. “A gente não teria direito pelo convênio, mas eles gentilmente cederam para gente, por enquanto, o serviço 6h por dia. Porém, logo a minha licença maternidade e a licença especial do meu esposo vão acabar e não teremos quem fique com ele”, relata.
Segundo a família, desde que houve o acidente no Parque da Cidade, o Governo do Distrito Federal (GDF) não prestou auxílio para Pedro. “Por isso a gente precisa tanto dessa prestação do GDF, que nunca se manifestou para nos ajudar, sob nenhuma hipótese. A assistência do poder público foi zero. Por isso, vamos entrar com uma ação na Justiça”, alega a mãe.