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Adolescente conta como motorista de app foi morto. Veja vídeo

Suspeito de 14 anos dá detalhes do crime e joga a culpa no comparsa pelo enforcamento de Henrique: “Não tenho nem força para isso”

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1 de 1 Henrique2 - Foto: Facebook/Reprodução

Dos seis adolescentes acusados de assaltar e matar o motorista de aplicativo Henrique Fabiano Dias Coelho (foto em destaque), 25 anos, três confessaram aos policiais militares que cometeram o crime. Entre eles, um suspeito de 14 anos. Em vídeo, o garoto confirma que a vítima foi enforcada dentro do carro e não teve tempo nem de pedir socorro ou reagir.

O menino joga a culpa no comparsa pelo enforcamento. “Nem sabia que ia acontecer isso. Foi o de azul. Nem tenho força para fazer isso”, esquivou-se. Segundo contou, os suspeitos foram pegos por Henrique em uma igreja. Logo que entraram no carro, um HB20 branco, eles já anunciaram o assalto e deram uma “gravata” na vítima. O motorista foi colocado no banco de trás e, quando estava acordando do primeiro desmaio, foi esganado novamente até a morte.

Em clima de comoção e revolta, o corpo de Henrique Fabiano Dias Coelho foi enterrado na tarde dessa segunda-feira (14/10/2019). Pai do rapaz, José Fabiano Moraes Coelho, 46, estava inconsolável e rebateu a versão dos adolescentes, de que o jovem teria reagido ao assalto.

“Creio que não reagiu. Não era da índole dele. Isso que fizeram foi crueldade. Sou professor de Taekwondo, sei como é para enforcar”, ressaltou, no velório do filho. De acordo com José Fabiano, Henrique era um rapaz batalhador e trabalhava até as 5h para pagar as prestações do HB20 que comprou há dois meses.

“É difícil. Sou suspeito para falar bem do meu próprio filho, mas ele realmente foi uma pessoa maravilhosa, um menino que nunca deu trabalho. Cresceu ouvindo o que era certo e errado. Sincero, trabalhador. Dois meses que tinha comprado o carro… e acontece isso”, desabafou.

José elogiou a atuação da PM, que apreendeu os suspeitos poucas horas depois do crime. “A polícia fez um trabalho ímpar. Desde o começo, estava em contato comigo. Mas, infelizmente, hoje no nosso país não tem lei. Daqui a pouco, esses desgraçados estarão na rua fazendo as mesmas coisas”, lamentou.

Durante o velório de Henrique, no cemitério de Taguatinga, a mãe do jovem, Ana Cléa Dias, se emocionou. “Ele era luz onde chegava. Feliz, cuidava de mim e da família. Se esses bandidos o conhecessem, jamais fariam o que fizeram. Por que não levaram o carro, mas deixaram ele com vida?”, perguntou, aos prantos.

“Era um rapaz sonhador, que só queria trabalhar e constituir uma família. Sonhava em me dar uma neta, em ter uma filha. Agora, acabou para ele, aos 25 anos de idade. Só ficarão as lembranças”, disse Ana.

Thiago Rodrigo da Silva Rocha, 27, amigo de infância da vítima, diz que o colega era muito focado. “Esse carro novo mesmo, ele economizou bastante para comprar. A gente brincava falando do veículo antigo dele: ‘Não vai trocar esse golzinho velho, não, Henrique?”, lembrou. Após o velório o corpo do jovem foi enterrado no Cemitério de Taguatinga  sob gritos de “justiça” e muitos aplausos.

O crime ocorreu de sábado (12/10/2019) para domingo (13/10/2019). Policiais faziam ronda no Guará quando avistaram o HB20 branco na QE 30 da região administrativa, onde estavam os adolescentes. Ao perceberem a aproximação da viatura, os suspeitos invadiram a calçada com o carro, mas foram alcançados e abordados. O que dirigia o automóvel ainda tentou sair correndo, mas foi capturado. Durante a fuga, ele jogou a chave do veículo na rua.

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Henrique Dias
Henrique foi encontrado morto no domingo
José, pai de Henrique, inconsolável em enterro do filho
Motoristas de aplicativos se concentram em parque de Taguatinga para a carreata em protesto contra a morte dos motoristas Henrique e Tiego
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Carro da vítima foi achado com suspeitos no Guará

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Henrique foi encontrado morto no domingo

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José, pai de Henrique, inconsolável em enterro do filho

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Motoristas de aplicativos se concentram em parque de Taguatinga para a carreata em protesto contra a morte dos motoristas Henrique e Tiego

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Motoristas fizeram carreata e buzinaço

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Ana, mãe de Henrique, durante enterro do filho

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Tiego foi assassinado na sexta-feira

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Dentro do HB20, a PMDF encontrou simulacro de pistola, facão, faca, canivete, cinco celulares e R$ 103 em espécie, além da Carteira de Habilitação de Henrique.

Após dispensar o corpo da vítima no Setor de Transporte de Cargas, os adolescentes ficaram a noite toda andando no carro. Na manhã de domingo, deixaram o automóvel em um beco no fim da rua na QE 44, do Guará, próximo à casa de um deles. Depois, por volta das 14h30, pegaram o veículo novamente e o deixaram no estacionamento do Carrefour Sul.

Os suspeitos foram apreendidos ao retornarem ao Guará, onde ficaram dando voltas com o HB20. Segundo relataram, Henrique teria reagido ao assalto ao perceber que um deles portava arma de brinquedo.

Na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), foi confirmado que um dos adolescentes tinha mandado de busca e apreensão em aberto por ato infracional análogo ao crime de roubo. Os outros também colecionavam várias passagens por tráfico, assalto, furto e porte de arma de fogo. Os suspeitos têm entre 14 e 17 anos.

 

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Objetos apreendidos com os suspeitos

 

Outra vítima

A Polícia Civil investiga a morte de outra vítima. Tiego Cavalcante, 28, foi assassinado na Área de Desenvolvimento Econômico (ADE) de Samambaia na noite de sexta-feira (11/10/2019). Ele também atuava como condutor de aplicativo de transporte. Amigo de Tiego, o barbeiro Jonathan Gonçalves, 28, disse que o colega era “uma pessoa maravilhosa”. “Ajudava os outros e gostava muito de trabalhar”, destacou. Tiego trancou a faculdade de direito e se dedicava ao trabalho com os aplicativos e às artes marciais, treinando krav magá e jiu-jítsu.

Após dois homicídios em menos de 48 horas, motoristas de aplicativo fizeram uma manifestação na tarde desta segunda-feira (14/10/2019) para pedir mais segurança. Além do buzinaço, escreveram nos carros a palavra luto.

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