Acusados de matar casal por preço de coxinha são condenados no DF
Crime foi motivado pela disputa de um ponto de vendas perto de uma faculdade em Águas Claras. Acusados não poderão recorrer em liberdade
atualizado
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Os três acusados de matar um casal por causa do preço de coxinhas foram condenados pelo Tribunal do Júri de Ceilândia na noite dessa quinta-feira (21/3).
Mayzon Gustavo Berto da Silva, Hyago Lorran Franco da Silva (foto em destaque) e Vítor França dos Santos foram condenados pelo assassinato de Laércio José Moreira e da esposa dele, Helena Maria da Costa Moreira.
O crime foi motivado pela disputa por um ponto de vendas de salgados ao lado de uma faculdade em Águas Claras. O trio invadiu a casa das vítimas, em Ceilândia, fez com que elas ajoelhassem e atirou na cabeça delas. O casal morreu abraçado.
Confira as penas:
- Mayzon Gustavo Berto da Silva: condenado por homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima e corrupção de menores à pena de 36 anos e 4 meses de prisão.
- Hyago Lorran Franco da Silva: condenado a 57 anos e 4 meses por homicídio qualificado por motivo fútil, praticado com impossibilidade de defesa da vítima e corrupção de menores.
- Vítor França dos Santos: condenado a 9 anos, 2 meses e 25 dias por roubo com duas ou mais pessoas e corrupção de menores.
Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), os agora condenados deverão cumprir a pena em regime inicial fechado, sem possibilidade de recorrer em liberdade.
De acordo com o juiz presidente do Júri, as vítimas foram submetidas a terror psicológico intenso, à beira da tortura. A execução foi classificada como sumária, impiedosa, revelando dolo extremado.
Pó de extintor e lavagem
O juiz destacou que as circunstâncias do delito são graves. Houve violação de domicílio à luz do dia. Com o objetivo de evitar a investigação, os réus utilizaram pó de extintor e lavagem do local para ocultar impressões digitais.
O magistrado ressaltou as consequências do crime na vida dos filhos das vítimas. Laércio era o principal provedor da família, que também dependia do trabalho de Helena.
Ceilândia
O crime ocorreu na casa das vítimas, em abril de 2022, na QNP 32, em Ceilândia.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) descobriu que os assassinatos teriam como motivação uma disputa por causa do ponto de venda de lanches e dos preços de coxinhas comercializadas pelo casal e pelo principal acusado em Águas Claras.
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De acordo com as investigações, na data do crime, Hyago Lorran Franco reuniu três amigos de infância — todos moradores do Recanto das Emas — para, em suas palavras, “assustá-lo”.
A bordo de um Pálio vermelho de uma amiga que não estava envolvida no crime, o grupo partiu para a casa de Laércio. O motorista, identificado como um adolescente, permaneceu no veículo, enquanto os outros três desceram e entraram na residência.
De acordo com as investigações, os criminosos teriam ajoelhado as vítimas e disparado contra a cabeça e o pescoço de Laércio e Helena, respectivamente. As vítimas morreram abraçadas.
Depois, pegaram celulares, uma televisão, dinheiro e o carro do casal, que foi usado na fuga. Mais tarde, os acusados abandonaram os objetos roubados em uma mata próxima e descarregaram o extintor de incêndio de pó em todo o veículo para tentar apagar as impressões digitais. Em seguida, o deixaram em um lava a jato do Recanto das Emas.
Briga por preço de coxinha
Conforme informou a PCDF à época, Hyago vendia salgados próximo a uma faculdade em Águas Claras, onde as vítimas também trabalhavam comercializando o mesmo produto. A confusão entre eles começou após uma reforma na instituição de ensino obrigar Laércio a mudar o ponto de venda para perto do estande de Hyago.
Após diligências, a autoridade policial concluiu que a diferença de preços nos salgados foi o estopim para o desentendimento entre os comerciantes. Laércio procurou Hyago para uma conversa, mas discutiu com o rapaz e quase brigar com ele. Após isso, foi ameaçado. “Laércio vendia por R$ 5 a coxinha, e o outro vendia por R$ 4”, explicou o delegado do caso à época.
Os quatro acusados respondem perante ao Tribunal do Júri por homicídio qualificado, por motivo torpe e sem chance de defesa para as vítimas, além de corrupção de menor para os maiores de 18 anos. A pena de cada crime varia de 6 a 20 anos.