Acusados de explodir caixas em hotel ao lado do Alvorada viram réus
Justiça aceitou denúncia do Ministério Público contra quatro criminosos, entre eles, líderes de organização, que estão foragidos
atualizado
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A 7ª Vara Criminal de Brasília aceitou denúncia do Ministério Público do Distrito e Territórios (MPDFT) contra os quatro acusados pela explosão de caixas eletrônicos no hotel Golden Tulip, próximo ao Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República. O crime ocorreu em 28 de março deste ano.
Segundo o juiz Newton Mendes de Aragão Filho, “o inquérito policial reúne elementos mínimos que embasam, a priori, a narrativa, assim como a materialidade dos fatos e os indícios de autoria”. Com a decisão do magistrado, tornam-se réus: Jaisson Alves de Jesus, Mikael Mafra Dantas, Thiago Alves Simões e Andrevaldo Ferreira de Souza.
Os assaltantes estavam fortemente armados e renderam os funcionários do hotel de luxo, conhecido por hospedar empresários, artistas e autoridades que visitam a capital do país. Os homens colocaram explosivos no local e detonaram os artefatos. Toda a ação durou cerca de dois minutos. Um dos carros usados na fuga dos bandidos foi encontrado pela polícia na Asa Norte.
Thiago e Jaisson estão foragidos e são considerados líderes de uma organização criminosa que atacou pelo menos cinco caixas eletrônicos no DF. Os demais acusados de fazer parte do bando foram presos pela Polícia Civil do Distrito Federal. Eles responderão por roubo majorado. Os réus têm prazo de 10 dias para oferecer resposta à Justiça indicando um advogado ou solicitando um defensor público.
Na segunda-feira (13/05/2019), conforme revelou o Metrópoles, a PCDF começou a desarticular a organização criminosa estruturada, com hierarquia definida e arsenal à disposição acusada de explodir não só caixas eletrônicos no Golden Tulip, mas no anexo do Palácio do Buriti, no Shopping Pier 21, no Centro Comercial Gilberto Salomão e na Associação dos Servidores do Senado Federal (Assefe). Estima-se que o grupo tenha faturado perto de R$ 1 milhão com esses roubos.
A polícia suspeita que parte do dinheiro faturado com as explosões dos caixas eletrônicos pode ter auxiliado na fuga de Thiago Alves Simões, 28 anos, e Jaisson Alves de Jesus, 27, para Salvador (BA).
Thiago é apontado pela polícia como o mentor intelectual das explosões. Além de ser um dos braços armados da quadrilha, o criminoso organizava toda a logística, o posicionamento e a cronologia das detonações. Conhecido como TH, o suspeito – que está com a prisão preventiva decretada – também era o responsável pela partilha do dinheiro retirado dos caixas eletrônicos.
Jaisson, outro foragido apontado como figura de destaque na quadrilha, tinha uma função fundamental nas ações. Com habilidades em marcenaria, o suspeito produzia os explosivos usados pelos criminosos. O bando comprava rojões em lojas de fogos de artifício para retirar a pólvora.
Em seguida, Jaisson produzia recipientes de um material chamado “metalon”, espécie de tubo metálico galvanizado. Os explosivos eram moldados artesanalmente e usados nos ataques.
Segundo o coordenador da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), delegado André Leite, não existe qualquer ligação entre a quadrilha e facções criminosas, como foi cogitado anteriormente.
“São criminosos do DF e do Entorno que chegaram a um nível de organização capaz de realizar esses ataques. Com novas linhas de investigação, tivemos sucesso em identificar todos e prender metade do bando. É questão de tempo até que todos estejam atrás das grades”, afirmou o delegado.
Lavagem em bailes funk
Ainda de acordo com os investigadores, Thiago Simões tinha uma empresa chamada Feroz Produções de Eventos, responsável por organizar a festa de funk Baile dos Chefes em Ceilândia e no Entorno do DF. Após os crimes, o suspeito costumava fazer grandes eventos para supostamente lavar o dinheiro arrecadado com os assaltos.
Ao todo, nove integrantes da quadrilha foram identificados, sendo que cinco deles já estão presos – quatro preventivamente e dois temporariamente. As apurações, conduzidas pela Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), vinculada à Corpatri, intensificaram-se depois da ação audaciosa no Golden Tulip, na qual cerca de R$ 470 mil foram levados dos caixas.