Acusados de corrupção, ex-secretários de Saúde são levados para Papuda
Rafael Barbosa e Elias Miziara foram colocados em celas separadas na ala de vulneráveis, no Centro de Detenção Provisória (CDP)
atualizado
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Os ex-secretários de Saúde Rafael Barbosa e Elias Miziara já estão no Complexo Penitenciário da Papuda. Ambos deixaram a carceragem da Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP) no Departamento de Polícia Especializada (DPE) na tarde dessa quinta-feira (30/11).
Os dois são alvo da operação Conexão Brasília, que investiga contratos bilionários feitos no DF na área da saúde por meio de adesão à ata de registros de preços da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro. Em apenas um dos acordos, feito para compra de órteses e próteses, o prejuízo seria de R$ 19 milhões.
Presos preventivamente, Barbosa e Miziara, que foram secretários de Saúde na gestão de Agnelo Queiroz (PT), passaram por exames no Instituto Médico Legal (IML), mas não chegaram a ser ouvidos em depoimentos conduzidos pelos promotores do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Os ex-gestores foram colocados em celas separadas na ala de vulneráveis, no Centro de Detenção Provisória (CDP).
Procurado pelo Metrópoles, o advogado de Miziara, Joelson Costa Dias, afirmou que ainda não teve acesso aos autos para poder embasar um pedido de liberdade provisória. “Já demos entrada no pedido, mas ainda não recebemos. No entanto, é de estranhar que pessoas que não ocupam mais cargos públicos e não têm condições de atrapalhar as investigações sejam mantidas presas”, afirmou.
Já o advogado de Rafael Barbosa, Celivaldo Eloi de Sousa, afirmou que dará entrada na Justiça com um pedido de habeas corpus na segunda instância. “A prisão do meu cliente é irracional e ilógica. Como ele iria perpetuar esse suposto esquema de corrupção se há cinco anos não ocupa cargo público, muito menos o de secretário? Possibilidade de destruição de provas é ainda mais improvável, como afirma o Ministério Público”, disse.
Conexão Brasília
Coordenador da operação, o promotor Luís Henrique Ishihara ressaltou que o prejuízo aos cofres públicos pode ter chegado a R$ 2,2 bilhões. O suposto esquema envolvia empresa de fachada – a Aga Med – e compra de material além do necessário.
“Enquanto a rede pública de saúde do DF permanece desabastecida ou com excessivo número de materiais inservíveis ou desnecessários, com reflexos até mesmo na vida dos pacientes do SUS, as empresas privadas vêm lucrando com esse mercado da morte”, destacaram os promotores, durante coletiva de imprensa nessa quinta.
Durante a operação deflagrada nessa quinta (29/11), o MPDFT cumpriu 44 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de 12 de prisão preventiva. O grupo é investigado por peculato, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação e organização criminosa.