Acusada de maus-tratos, mulher torrava salário de R$ 27 mil de servidor do BC com empréstimos
Apenas um dos empréstimos é de R$ 270 mil. São descontadas, na fonte, prestações mensais de R$ 5 mil, até dezembro de 2030, pelo menos
atualizado
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Acusada de maus-tratos, lesão corporal e cárcere privado cometidos contra o próprio companheiro, um servidor aposentado do Banco Central (Bacen), de 49 anos, Maruzia das Graças Brum Rodrigues, 53 anos, comprometeu o salário da vítima com vários empréstimos até o ano de 2030, pelo menos. Uma das filhas da suspeita, que conseguiu na Justiça a curatela do ex-analista, fez um pente-fino nas contas dele.
O levantamento, feito com base nos vencimentos recebidos, aponta que o salário de Eduardo Nunes Rodrigues é de R$ 27.369,67. Grande parte da quantia, contudo, está comprometida com uma série de empréstimos, todos descontados na fonte. Apenas um deles é de R$ 270 mil. São descontadas prestações mensais de R$ 5 mil, até dezembro de 2030.
Outros dois empréstimos e uma “pensão alimentícia” paga à companheira – mesmo quando o casal morava junto – no valor de R$ 11,9 mil ajudam a minguar os vencimentos do servidor aposentado. “Não fazemos ideia do que Maruzia fez com todo esse dinheiro conseguido por meio de empréstimos. Para se ter noção, como os cartões de crédito dela também estão em débito automático, a aposentadoria do meu padrasto fica em torno de R$ 5 mil”, explicou a enteada.
Pensão revisada
De acordo com Mayana Brum, filha de Maruzia que está com a curatela do padrasto, não faz sentido a pensão de quase R$ 12 mil recebida pela mulher. “É algo que ela o obrigou a fazer, assinando documentos garantindo a ela o pagamento dessa pensão, que é totalmente irregular. Vamos entrar com medidas judiciais para esse pagamento ser revisto e, se possível, suspenso”, disse.
Entenda o caso
O caso foi revelado pelo Metrópoles em setembro deste ano. Na delegacia, as testemunhas, filhas de Maruzia, contaram que a mãe dopava, agredia e obrigava o companheiro a tomar medicamentos usados para castração química. A motivação da mulher seria controlar a aposentadoria do ex-analista do Banco Central. A vítima chegou a levar uma facada no braço, desferida pela acusada.
Vídeos, fotos e uma série de documentos foram juntados por três irmãos, filhos da suposta autora e enteados da vítima. O inquérito foi instaurado na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul). O caso veio à tona após uma viatura da Polícia Militar e uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) serem acionadas para socorrer o ex-servidor do Bacen, em 8 de setembro.
Os enteados da vítima esperaram o momento em que a mãe estaria passando por procedimentos de cirurgia plástica em um hospital no DF para tentar visitar Eduardo e descobrir em que condições ele vivia. Grogue e prostrado em uma cama, o homem não conseguia falar com coesão e apresentava hematomas e lesões nos braços, segundo uma das enteadas do servidor aposentado.