Acusada de estelionato, Vamos Parcelar acumula 3 mil queixas no Reclame Aqui
Segundo as ocorrências registradas na PCDF, a empresa não repassou ao Detran o pagamento do IPVA de diversos contribuintes
atualizado
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A empresa Vamos Parcelar (VP) acumula mais de 3 mil queixas em um site de avaliação de serviços, o Reclame Aqui. As críticas são referentes aos últimos 12 meses e, de acordo com a avaliação dos clientes, apenas 30,9% dos usuários voltariam a fazer negócio com a companhia. Como o Metrópoles revelou, diversas pessoas procuraram a Polícia Civil do DF (PCDF) e denunciaram a Vamos Parcelar por estelionato.
A fintech atuava no serviço de parcelamento do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) como intermediária entre clientes e a Secretaria de Fazenda do Distrito Federal (Sefaz). Entretanto, sem justificativas, deixou de fazer os repasses ao governo local e colocou milhares de contribuintes em situação de inadimplência, como se não tivessem pagado o tributo.
Uma reclamação, registrada nessa terça-feira (30/5) por um morador de Brasília, relata que o cliente fez pagamento de multa no cartão de crédito no site da Vamos Parcelar no dia 24 de fevereiro de 2023 e, até então, a multa consta em aberto, sendo que o valor da taxa foi normalmente descontado.
Outra consumidora escreveu: “Meu IPVA já consta como atrasado. Resolvam isso, paguei em fevereiro e até agora nada. É uma grande falta de respeito de vocês, eu paguei e ainda preciso passar por todo esse estresse. Estou para parir minha filha, não posso ficar sem carro”.
Até 2022, o quadro societário da Vamos Parcelar Pagamentos e Correspondente LTDA era formado por cinco sócios, sendo três pessoas jurídicas e duas físicas. São eles: Jod Participações e Investimentos Eirelli; Unity Empreendimentos LTDA; Daniel Tenório de Almeida; Martha da Silva Caconia e FDF Participações e Investimentos Eireli.
Outras reclamações
Em uma das ocorrências registradas na PCDF contra a VP, um homem afirma ter realizado o pagamento do IPVA e do licenciamento do carro da esposa em 2022 pelo site da Secretaria de Fazenda do DF. No website, haveria algumas empresas parceiras para realizar o pagamento pelo cartão de crédito – entre elas, a Vamos Parcelar, que acabou sendo a escolhida pelo denunciante.
Segundo ele contou à polícia, o pagamento foi feito em 15 de maio. Porém, no dia 22 do mesmo mês, o valor ainda não tinha sido repassado ao Detran-DF.
A vítima ressalta ter tentado contato com a empresa, mas não obteve resposta pelo e-mail ou telefone disponíveis no site. Então, ela entrou em contato com o banco, a fim de cancelar o pagamento. No entanto, o procedimento só poderia ser feito a pedido da própria Vamos Parcelar. O prejuízo, no total, foi de mais de R$ 10 mil. A ocorrência foi registrada recentemente, em 22 de maio.
Também em maio deste ano, uma moradora de Taguatinga procurou a PCDF para denunciar a Vamos Parcelar. Conforme a vítima conta, ela fez o pagamento integral do IPVA de 2021 à empresa.
O valor parcelado no cartão de crédito dela foi de pouco mais de R$ 2 mil. Entretanto, em 16 de maio, ela percebeu que a empresa não havia repassado o valor à Secretaria de Fazenda, o que a deixou como inadimplente.
Ela também tentou contato pelo site vamosparcelar.com, mas não obteve sucesso. Os telefones que estariam vinculados à empresa constavam como inexistentes. Ela registrou ocorrência pelo crime de estelionato.
As acusações de estelionato contra a Vamos Parcelar são investigadas pela 38ª DP (Vicente Pires), pela 21ª DP (Taguatinga Sul) e pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT).
Suspensão pelo Detran-DF
Com isso, a direção do Departamento de Trânsito do Distrito Federal decidiu suspender as atividades da empresa credenciada Vamos Parcelar por 30 dias. De acordo com o órgão de fiscalização, a penalidade foi aplicada porque a fintech deixou de recolher, no prazo estipulado, os valores referentes aos serviços solicitados no Detran-DF.
A suspensão dos serviços passou a valer a partir da última quarta-feira (24/5), quando a resolução foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). A empresa tem 30 dias para recorrer da decisão ao órgão máximo de trânsito: o Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
De acordo com o Detran-DF, os valores que geraram a penalidade são relativos às taxas de licenciamento, diárias, vistorias de liberação e a outras tarifas. O órgão não divulgou os valores que a Vamos Parcelar deixou de repassar.