Acusação diz que testemunhas atestam sanidade mental de Marinésio
Companheira do assassino confesso da advogada Letícia Sousa Curado, segundo a defesa, confirmou que ele é uma “pessoa sã”
atualizado
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Menos de duas horas após o início da audiência de instrução em que o cozinheiro Marinésio Olinto dos Santos, 41 anos, seria ouvido pela Justiça, a sessão no Fórum de Planaltina foi encerrada. Ele é réu confesso do assassinato da advogada Letícia Sousa Curado, 26.
Nesta terça-feira (19/11/2019), de 11 testemunhas de acusação e defesa, foram ouvidas apenas quatro, da parte que acusa Marinésio em relação aos crimes cometidos contra Letícia Sousa. Outra audiência ainda será marcada para que mais duas testemunhas de acusação e as cinco de defesa sejam ouvidas por um juiz.
Marinésio dará depoimento por último. Ainda não foi definida uma data para a próxima sessão.
De acordo com o assistente de acusação contratado pela família da vítima, Igor Costa, falaram o marido de Letícia,
a esposa do cozinheiro, uma garota de programa com quem Marinésio se relacionou à época e outra mulher que ele teria abordado.
“A companheira dele deu um depoimento positivo para a acusação, muito coerente. Se havia especulação de uma espécie de inimputabilidade do réu, os depoimentos de todas as testemunhas deixaram muito claro que ele sabia o que estava fazendo”, pontuou Costa.
“A esposa não demonstrou nenhum tipo de conversa prévia com a defesa. Ela disse que ele era uma pessoa normal, e acredito que a defesa pode explorar isso. Mas também é algo positivo para nós, porque mostra que ele é uma pessoa sã”, afirmou.
Defesa
Segundo o advogado do acusado, Marco Venício, o réu confesso teria tido um surto quando assassinou a vítima. As teses completas, porém, serão apresentadas pela defesa no julgamento de Marinésio, no Tribunal do Júri, que ainda será marcado.
Sobre o suposto surto psicótico, o advogado de Marinésio informou, porém, que não apresentará laudos médicos nem pedirá exames psiquiátricos para comprovar a hipótese. “Entendemos que ele teve um momento ruim na vida. Nunca fez nada até os 41 anos. Um pai de família, trabalhador, mas que, infelizmente, teve um surto psicótico e deu no que deu”, afirmou.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou Marinésio por homicídio quintuplamente qualificado: motivo torpe, porque a vítima se negou a manter relações sexuais; meio de execução (esganação); dissimulação, por fingir ser loteiro (motorista de lotação); feminicídio; e por ele tentar manipular a cena do crime para disfarçar uma tentativa de estupro.
Acusação
Para combater a hipótese da defesa de que o crime deveria ser tratado como homicídio qualificado, a acusação reforçará as qualificadoras oferecidas pelo Ministério Público.
Conforme o assistente de acusação contratado pela família de Letícia, Igor Costa, também serão expostos argumentos para derrubar a tese de surto psicótico apresentada pelo cozinheiro.
“Nossa intenção é que sejam pronunciadas todas as qualificadoras oferecidas pelo MPDFT. Claro, eles vão tentar usar essa tese de surto, mas todos os depoimentos colhidos durante as investigações policiais praticamente derrubam essa ideia”, assinalou.
Veja fotos do caso:
Relembre o caso
Marinésio assassinou Letícia no dia 23 de agosto, em Planaltina. Ela desapareceu após sair de casa para ir ao trabalho, na Esplanada dos Ministérios. O ex-cozinheiro a pegou em uma parada de ônibus e, depois, a estrangulou. O corpo da funcionária terceirizada do Ministério da Educação foi encontrado dentro de manilha localizada às margens da DF-250, na mesma região.
Aos investigadores da Polícia Civil do Distrito Federal o maníaco revelou que tinha o hábito de dirigir nos dias de folga e circular pela cidade, atrás de mulheres. Contou que costumava abordar as que estavam sozinhas em paradas de ônibus. Na versão dada aos policiais, ressaltou que oferecia carona para a rodoviária e, no trajeto, assediava as vítimas.
As declarações foram dadas no dia 26/08/2019, na 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), região administrativa onde Letícia morava com o marido e o filho, de apenas 3 anos. O homem usava sua Blazer prata, placa JFZ 3420-DF, nos crimes.