Ação de médicos evitou mais amputações em jovem arrastada por carro no DF
Paula Thays Gomes Oliveira, 18 anos, foi liberada do Hospital de Base após mais de um mês de internação
atualizado
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A equipe médica do Hospital de Base comemorou a alta da jovem Paula Thays Gomes Oliveira, 18 anos, atropelada e arrastada por 4 km no Lago Sul, em 16 de agosto. Ela ficou mais de um mês internada e precisou passar por uma série de procedimentos que demandaram sete equipes diferentes antes que pudesse voltar para casa.
“É um dia muito especial para nós da cirurgia do trauma do Base. Estamos conseguindo dar alta para a Paula e estamos bastante felizes com o retorno e recuperação dela”, diz Renato Lins, chefe do Serviço de Medicina do Trauma.
Conforme explica o médico, o atendimento foi multidisciplinar. “Cirurgia geral no primeiro atendimento, ortopedia, cirurgia plástica do Base e de queimados do Hran [Hospital Regional da Asa Norte], avaliações anestésicas da UTI, centro cirúrgico e nós do trauma”, enumera.
Confira a declaração:
Um dos profissionais presentes no processo de recuperação da jovem foi o ortopedista Mário Soares. Ele lembra que Paula já chegou com uma das mãos amputadas e muitas outras lesões. “A outra mão teve uma lesão grave que foi reconstruída pela nossa equipe. Ela ainda precisou passar por intervenção nos dois seios, na barriga, nas duas coxas e o joelho direito, que ficou totalmente destruído”, explica.
Com relação ao joelho, Mário diz que foi possível evitar a amputação após muito trabalho. “A equipe limpou, reconstruiu, rodou um retalho e depois foi jogado pele nele”, conta. Situação delicada também foi encontrada em um dos pés da jovem. “Estava faltando pele no pé, que é uma coisa gravíssima. Usamos coisas do Hran, em termos de instrumental, para tirar pele de outro lugar e colocar lá”, relata.
Já os seios ainda não foram reconstruídos. Segundo o médico, os tecidos precisam de, pelo menos, seis meses para cicatrizar e só após isso que uma nova cirurgia poderá ser feita.
Alta médica
Mais de um mês após ser arrastada por 4 km em um grave acidente no Lago Sul, Paula Thays Gomes Oliveira recebeu alta do Hospital de Base na noite dessa quarta-feira (23/9). Antes, ela relembrou o estado grave em que chegou ao hospital após o acidente.
“Estava em uma situação muito feia, duvidei, pensei que nunca mais falaria, abriria o olho. Meu corpo estava numa situação muito ruim. Aos poucos fui melhorando, o pessoal foi fazendo os enxertos e eu fui refazendo cada parte minha que ficou machucada. Sempre me trataram muito bem, agradeço muito”, comemorou Paula.
Ela assegura que as sequelas provocadas pelo acidente não a impedirão de realizar seu sonho: passar no concurso da Polícia Federal. “Estou mais forte com isso. Não vou desistir. Sei que agora ficou mais complicado, mas não vou desistir, nunca”, disse.
Veja a entrevista completa:
A vítima agradeceu a equipe médica do Hospital de Base pelo trabalho realizado ao longo de sua recuperação. “Os médicos salvaram minha perna direita, a patela estava muito machucada e, por pouco, não perdi a perna direita também”, finalizou.
No 1º dia deste mês, a Polícia Civil do DF (PCDF) colheu, ainda no Hospital de Base, o depoimento de Paula. Segundo o delegado-chefe da 10ª (Lago Sul), Welington Barros, a jovem se lembra bem do atropelamento. No entanto, a polícia ainda busca esclarecer as questões envolvendo o acidente.
Acidente
A jovem estava com o namorado, de moto, quando foi atropelada pelo funcionário comissionado do Senado Federal Caio Ericson Ferraz Pontes de Mello, 32 anos. O acidente ocorreu no dia 16 de agosto, na altura da QI 19 do Lago Sul.
O Metrópoles revelou que o motorista, anteriormente, havia se envolvido em outros três acidentes, segundo registros da PCDF. Além disso, Caio Mello já foi autuado por várias infrações de trânsito.
As colisões nas quais o motorista do automóvel está envolvido constam como “sem vítimas”. A primeira delas ocorreu em agosto de 2016, na quadra comercial da 107/108 Sul. No ano passado, foram duas ocorrências: uma em abril, na Via Estrutural, e outra em agosto, no Setor Militar Complementar. Em 2006, ele ainda foi acusado de desacato.
Os arquivos do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) mostram pelo menos 17 infrações cometidas a partir de 2008, quando Caio tinha 20 anos. A violação mais comum do responsável pelo acidente que acabou causando a amputação da mão de Paula Thays é a de trafegar em velocidade acima do permitido.
Acima da velocidade
Em nove oportunidades, o funcionário comissionado do senador Lucas Barreto (PSD-AP) foi flagrado excedendo o limite da via em até 20%. Em outra infração, ele descumpriu a velocidade máxima entre 20% e 50%. Outras duas autuações vieram após ultrapassar o limite por mais de 50%, o que significa que em uma via de 60 km/h, por exemplo, ele estaria trafegando acima de 90 km/h.
As outras cinco infrações são por andar na contramão, dirigir sob influência de álcool por duas vezes, avançar o sinal vermelho ou placa de parada obrigatória.
Em uma dessas oportunidades em que foi parado por embriaguez, Caio teve a carteira de habilitação suspensa. A decisão foi publicada no Diário Oficial do DF em 2009.