Ação de grileiros “retalhou” terras públicas em 4.425 lotes no DF apenas neste ano
Levantamento da Delegacia de Meio Ambiente obtido com exclusividade pelo Metrópoles estima que o prejuízo causado pelos criminosos já chegue a R$ 253,5 milhões em 2015
atualizado
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Consideradas verdadeiras minas de ouro por grileiros, as invasões ainda se espalham pelo Distrito Federal. Apenas neste ano, os criminosos transformaram terras públicas em uma colcha de retalhos composta por 4.425 lotes, distribuídos em pelo menos seis regiões da capital da República.
Os terrenos, parcelados de forma irregular e avaliados em R$ 253,5 milhões, estão listados em um relatório da Delegacia do Meio Ambiente (Dema) da Polícia Civil obtido com exclusividade pelo Metrópoles.
O levantamento mapeou a ação de quadrilhas que fraudam a cessão do direito de terrenos tanto em áreas nobres do DF quanto em regiões humildes, como o Sol Nascente, em Ceilândia. As investigações da Dema apontam que não existe distinção — como o poder aquisitivo das vítimas — quando o assunto é aliciar compradores. Em todos os casos, a polícia conseguiu intervir e prender os autores.
Um dos exemplos é o Altiplano Leste, onde alguns lotes são comercializados por até R$ 700 mil. Com a promessa de supervalorização dos terrenos, a região cresce desordenadamente por conta da ação das quadrilhas (veja vídeo). Uma filmagem feita pela Divisão de Operações Aéreas (DOA) da Polícia Civil mostra a dimensão dos lotes demarcados irregularmente.
Segundo o delegado-chefe da Dema, Ivan Dantas, um homem chegou a dar um apartamento na Asa Sul como parte do pagamento por um dos terrenos grilados.
Essa vítima acabou perdendo o imóvel e e terá que tentar reavê-lo brigando na Justiça comum. Muitas pessoas acabam cegas pela cobiça, achando que estão fazendo um bom negócio ao comprar um terreno que nunca será delas
Ivan Dantas, delegado-chefe da Dema
De acordo com o levantamento dos investigadores, as áreas mais atingidas pelas quadrilhas são São Sebastião, Paranoá, Sol Nascente e a região da Ponte Alta, no Gama.
Documentos
Os grileiros conseguem documentos registrados em cartórios nas cidades do Entorno do DF e, depois, desaparecem logo após a transação com os compradores. A alternativa da Polícia Civil para frear a ação dos criminosos é intensificar as investigações e materializar provas para vincular crimes mais graves aos suspeitos.
“A pena para esse tipo de crime é muito branda, de um a cinco anos. Nosso alvo é provar a associação criminosa e a lavagem de dinheiro para garantir uma pena mais pesada para esses grupos”, ressaltou o delegado Ivan Dantas.