Ação de despejo contra a Faculdade Fortium tramita na Justiça do DF
Instituição nega dívidas, mas a ação de despejo já corre na 25ª Vara Cível de Brasília. A inadimplência da faculdade supera R$ 1 milhão em aluguéis atrasados. Estudantes relataram mais problemas, como falta de pagamento de professores
atualizado
Compartilhar notícia
Os problemas da Faculdade Fortium são numerosos e não se restringem à inadimplência da instituição, que já supera R$ 1 milhão em aluguéis atrasados. Após a publicação da reportagem do Metrópoles nesta segunda-feira (19/7) sobre uma ação judicial que pode colocar estudantes e professores no olho da rua — e frustrar o sonho da formatura de milhares de universitários —, muitos alunos e ex-alunos se manifestaram nas redes sociais.
A ação de despejo, que corre na 25ª Vara Cível de Brasília, no entanto, diz o contrário (confira ao final da matéria). Ela mostra que as dívidas da Faculdade Fortium chegam a R$ 1,031 milhão e que não é a primeira vez que a proprietária do edifício, a Ega Administração, Participações e Serviços Ltda, precisa recorrer à Justiça para tentar receber os aluguéis atrasados. A dívida da Fortium já chegou a R$ 6 milhões no ano passado.De acordo com os relatos, professores estão sem receber salários, as condições de ensino são precárias e há dificuldades para, inclusive, solicitar documentação. Assustados, os universitários receberam uma explicação da Fortium por meio das redes sociais. A instituição negou a “existência de qualquer ação de despejo contra a faculdade” e disse que não há “qualquer inadimplência” de aluguéis.
À época, a instituição fez um acordo judicial: pagaria R$ 3,3 milhões em 33 parcelas e o restante da dívida seria quitado com benfeitorias nos edifícios. As prestações, porém, deixaram de ser pagas entre março e junho deste ano e o débito se acumulou novamente. Além disso, os aluguéis referentes ao período de 29 de fevereiro a 10 de maio de 2016 também estão em aberto.
A Fortium possui mais duas unidades no Distrito Federal, além da que está localizada na 616 Sul. Uma em São Sebastião e outra, no Gama. As mensalidades custam a partir de R$ 431. No prédio na 616 Sul, funcionam cursos preparatórios, tecnológicos, de graduação e pós-graduação. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2014, a instituição tinha 4.958 alunos matriculados em suas três unidades.
Eu comecei este ano no prédio de São Sebastião e, lá, os funcionários ficaram quatro meses sem salários. Os professores ainda estariam com o pagamento atrasado. Eu tenho medo do que possa acontecer, de não me formar
Relata uma estudante de administração que não quis se identificar
O ex-aluno Tiago Brito deixou um recado na página do Metrópoles alertando os atuais estudantes sobre os riscos que estão correndo. “Eu me formei pela Fortium no ano passado. Todo semestre, era a mesma ladainha, que a faculdade ia fechar. Professores sem salário, péssimas condições de uso da biblioteca, péssimo aproveitamento do curso… Além disso, o aluno Fies (financiamento estudantil do governo federal) paga 50% a mais do que um aluno normal. Tentei recorrer na Justiça e não consigo nada de volta. Ou seja, quem estiver aí, SAI FORA ENQUANTO É TEMPO”, escreveu.
Em outro depoimento, Nathália Rabelo afirmou: “Meu namorado estudou lá e saiu antes que piorasse. Meu pai trabalha lá e nem salário recebe. Bom, provas não faltam”. Daiane Nascimento diz que a formatura, em 2013, só saiu graças à ajuda dos professores. “Me formei na Fortium em 2013 e já tinha esses problemas, sem contar com a má gestão! Queriam simplesmente acabar com nosso curso e nos deixar na rua, se não fosse dois professores, que foram como anjos, hoje não estaríamos formados”, contou.
Alguns universitários lembraram outros casos de instituições que enfrentaram crises financeiras e chegaram a fechar as portas, prejudicando os alunos, como a Faculdade Alvorada. Em fevereiro, uma decisão judicial de despejo obrigou o Instituto Científico de Ensino Superior e Pesquisa (Icesp) a desocupar dois blocos da unidade que mantém no Guará. À época, os estudantes foram realocados em outro prédio e para as demais unidades — no Recanto das Emas e em Águas Claras.
Mais uma vez, a reportagem do Metrópoles tentou contato com a instituição e não obteve retorno. Foram enviados e-mails para a faculdade, feitos contatos por telefone e até mesmo por meio de redes sociais. Mas nenhuma resposta foi enviada à redação até a publicação desta reportagem.
Leia abaixo a ação de despejo contra a Faculdade Fortium: