Acampamento no QG se transforma em “cidade-fantasma” após posse de Lula
Metrópoles flagrou militares retirarem estruturas das tendas montadas no local, enquanto equipes do SLU recolhiam lixo do acampamento
atualizado
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Ocupada por bolsonaristas há mais de 60 dias, a área em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília fica cada vez mais vazia. Nesta segunda-feira (2/1), o Metrópoles encontrou a região mais parecida com uma cidade-fantasma — diferentemente de antes, quando uma megaestrutura servia de apoio aos grupos acampados.
Desanimados, bolsonaristas deixam QG do Exército durante posse de Lula
A reportagem flagrou militares carregarem lonas e parte dos itens da estrutura metálica das tendas montadas em torno da Praça dos Cristais. Enquanto isso, profissionais do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) retiram o lixo deixado na área.
A via principal de acesso ao QG do Exército também amanheceu aberta, nesta segunda-feira (2/1). O ponto em frente a um carro de som usado para divulgação de informações, que costumava ter bastante movimento, ficou completamente vazio.
O tradicional buzinaço dos caminhoneiros também não ocorreu nesta manhã. O carro de som, geralmente usado para dar informes, entoou apenas o hino nacional.
Apesar da diminuição do número de bolsonaristas concentrados em frente ao QG, parte da estrutura física permanece. “Isso [a remoção do acampamento] só aconteceu porque vocês [militares] se acovardaram. Vocês são uma vergonha”, gritou um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao ver integrantes do Exército desmontarem partes de uma tenda.
Acampamento bolsonarista é esvaziado e apenas pequeno grupo resiste
Incrédulos
Sem reconhecer a vitória e inconformados com a posse de Lula, os que restaram no QG continuam sem acreditar nas notícias. “Essa posse foi fake. Ele nem subiu a rampa do Planalto”, disse uma. “Eu cheguei hoje ao acampamento. Só saio quando as Forças Armadas fizerem alguma coisa. Os que ficaram são os 300 de Gideão”, acrescentou um segundo bolsonarista.
Os 300 de Gideão fazem parte de um trecho da Bíblia frequentemente repetido pelos apoiadores de Jair Bolsonaro, que acreditam na permanecência no acampamento como uma “prova de fé”. “Minha mulher disse que estou doido. Sou daqui [de Brasília] e venho diariamente para cá [o acampamento], há mais de 50 dias. Serei o último a ir embora”, enfatizou um idoso.
O Metrópoles acionou o Exército pra saber se a ordem de remoção das barracas partiu do comando da Força e aguarda resposta.