Acampamento foi “conspiração golpista” que deu no 8/1, diz Fábio Felix

Em entrevista ao Metrópoles, na manhã desta terça-feira (27/6), o deputado distrital Fábio Felix (Psol) falou sobre os atos golpitas do dia 8 de janeiro e a negligência das forças de segurança em relação ao acampamento de bolsonaristas no Quartel-General do Exército, em Brasília.

Integrante titular da CPI do Atos Antidemocráticos, o parlamentar classificou os acampamentos em frente aos QGs de todo o país como criminosos, uma vez que representaram “um ataque à ordem democrática brasileira”.

“Um acampamento completamente fora do normal, com faixas pedindo golpe militar, um contra-ataque direto à democracia brasileira. A gente observa um fluxo de informações da equipe de Bolsonaro com o acampamento. Lá foi gestado os atos violentos do dia 12 de dezembro, o atentado no Aeroporto de Brasília e o ato do dia 8 de janeiro, que se configura como tentativa de golpe”, defendeu.

O deputado afirmou que o acampamento foi “o embrião do processo” que teve como ponto alto o 8/1. “As pessoas tentam distanciar quem estava lá dos atos golpistas, mas todo mundo que dá depoimento na CPI relaciona o acampamento com os ataques. Era um acampamento de conspiração golpista que culminou no 8/1”, reforçou.

Diante dos depoimentos prestados na comissão até o momento, Felix também apontou falhas na atuação da Polícia Militar do DF no episódio que culminou nas invasões dos palácios da República. “Houve uma ausência completa, deliberada ou omissiva, dos dirigentes da Secretaria de Segurança Pública, bem como negligência na construção da operação pela PMDF, haviam poucos policiais e orientação para ficarem de sobreaviso”, destacou.

Confira a entrevista na íntegra: 

Câmeras em policiais do DF

Na entrevista, o deputado distrital destacou projetos que tramitam na Câmara Legislativa (CLDF), dentre eles, um de sua autoria, que prevê a implantação de um sistema de monitoramento com câmeras em uniformes policiais.

De acordo com o parlamentar, a expectativa é que ainda neste ano seja feito um ensaio do uso dessas câmeras em cerca de 2 mil policiais, apesar da dúvida que existe entre alguns militares.

“Eu vejo com bons olhos, acho que é um projeto positivo. A gente vai fazer um ensaio, já abrindo processo licitatório para a contratação das empresas. Acho que, com esse ensaio, vamos conseguir ver como direciona esse monitoramento para proteger a sociedade e para dar mais transparência ao trabalho da segurança pública.”

Mês do Orgulho LGBTQIA+

Felix também aproveitou para falar a respeito do Mês do Orgulho LGBTQIA+ e a importância de ampliar o debate para o ambiente escolar.

Primeiro gay assumido a conquistar vaga na CLDF, o deputado avaliou que a data é um momento de reflexão sobre a ausência do Estado na formulação de políticas públicas para a população LGBTQIA+. Para ele, a escola é o espaço principal onde deve ser construído o respeito pela diversidade.

“Alguns setores extremistas e fundamentalistas falam que isso não pode ser discutido na escola, mas foi lá que eu sofri violência de pessoas que não aceitavam a forma como eu me expressava. Como a sociedade vai lidar com isso se não for com reflexão? Tem que falar de aceitação na escola, sim, tem que combater o preconceito na escola, sim. É na escola que se debate gênero e se constrói uma leitura social com objetivo de proteção das pessoas”, pontuou Fábio.