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Abortivo e remédio contra impotência rendiam R$ 1 mil por semana

Farmacêutico que liderava quadrilha de comércio ilegal de medicamentos é morador de Águas Claras e utilizava registro de médico

atualizado

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PCDF/Divulgação
Operação-Alquimia
1 de 1 Operação-Alquimia - Foto: PCDF/Divulgação

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) continua investigando a organização criminosa que traficava e comercializava medicamentos ilegais, e ainda não sabe qual foi o lucro total do grupo. Entretanto, um dos presos revelou aos investigadores que a venda gerava uma renda semanal de mais de R$ 1 mil.

Um dos medicamentos vendidos pelo grupo criminoso, o Pramil, era contrabandeado do Paraguai e tem a comercialização proibida no país. O remédio é utilizado para tratar impotência sexual. A quadrilha também vendia Rohypnol, abortivos e anabolizantes. Foram cumpridos cinco mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão no âmbito da Operação Alquimia, realizada nesta sexta-feira (11/10/2019).

O líder da organização, segundo a polícia, é um farmacêutico. Morador de Águas Claras, ele utilizava o registro de um médico no Conselho Regional de Medicina (CRM) para fraudar receituários e comercializar os remédios ilegalmente. De acordo com os investigadores, a suspeita é de que o número tenha sido escolhido de maneira aleatória, sem conhecimento do profissional de saúde. No entanto, a participação dele no esquema também será investigada.

Compras enormes

As investigações tiveram início em 2018, quando uma empresa responsável pela venda e distribuição de substâncias como benzocaína, cafeína anidra e lidocaína suspeitou do tamanho da compra realizada pelo farmacêutico.

“Uma farmácia consome, por ano, 200 g dessas substâncias. O preso comprou 2 kg de cada uma, gerando a desconfiança da distribuidora, que tem conhecimento de que o material é utilizado para dar volume a drogas”, explicou Waldemar Tassara, delegado da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e aos Crimes contra a Ordem Tributária (Cecor).

As buscas foram feitas nas residências dos suspeitos, em Taguatinga, Samambaia, Ceilândia e Guará, e na farmácia, no Recanto das Emas. As apreensões envolveram: 2.100 comprimidos de Rohypnol (usado como alucinógeno); 2.200 comprimidos de sibutramina e 45 ampolas de Lipostabil (para emagrecimento); 820 comprimidos de Cytotec (abortivo); 750 comprimidos de Pramil (proibido no Brasil, usado ilegalmente contra impotência sexual); cinco frascos, 10 ampolas e 200 comprimidos de outros medicamentos de uso controlado ou proibido.

Além disso, a polícia apreendeu R$ 8 mil em espécie, 10 folhas de receituários médicos para produtos de uso controlado, assinados e em branco, e um carimbo médico.

Funcionamento

Segundo a Cecor, a quadrilha usava uma farmácia no Recanto das Emas. Ainda de acordo com os policiais, o profissional que liderava o grupo já foi vice-presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do DF. Após deixar a sociedade de uma distribuidora de medicamentos, ele continuou utilizando o nome da empresa para adquirir grande quantidade dos produtos químicos.

Ele não tinha mais acesso à sede da distribuidora de medicamentos, mas conseguiu aliciar o motorista da transportadora que entregava os produtos da empresa. Então, interceptava as encomendas antes da entrega ao destinatário final. O nome do investigado não foi divulgado.

Os policiais detalharam que esses produtos são comumente misturados a cocaína para aumentar o volume e, consequentemente, os lucros. Além disso, o investigado também adquiriu uma farmácia. O suspeito comercializava ilegalmente medicamentos sujeitos a controle especial e receita médica, como o Rohypnol, frequentemente usado como droga de abuso (popularmente conhecido como “boa noite, Cinderela”), abortivos e anabolizantes.

Foi constatado que o homem contava, ainda, com o auxílio de alguns comparsas, como o motorista de uma transportadora e revendedores das drogas. As buscas foram realizadas nas residências dos envolvidos e na farmácia no Recanto das Emas.

A operação é realizada com apoio do Instituto de Criminalística (IC), da Divisão de Operações Aéreas da Polícia Civil do Distrito Federal (DOA) e da Diretoria de Vigilância Sanitária do DF (Divisa).

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