Abalada emocionalmente, enfermeira atacada ficará afastada por 45 dias
Secretaria de Saúde se manifestou sobre ataque à enfermeira no HRC, citando afastamento da profissional por 45 dias e chance de não retornar
atualizado
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A Secretaria de Saúde emitiu nota condenando os ataques a uma enfermeira no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), na madrugada de sexta-feira (6/10). Segundo a pasta, a profissional alvo das ameaças está afastada e pode não voltar ao trabalho. “Provavelmente, não terá condições emocionais de retornar para a mesma função após seu retorno”, afirma a pasta.
O caso chocou a enfermeira, que trabalhava na classificação inicial dos pacientes quando passou a ser ofendida e ameaçada pela mãe de um paciente da pediatria. Fora de controle, a mulher passou horas gritando contra a profissional, dizendo que “pegaria” ela “lá fora”, no fim do plantão. Ela chegou até a desafiar a polícia: “Vamos ver se esses vermes ‘vai’ vir me segurar” (ouça abaixo).
A Secretaria de Saúde detalha que as ameaças aconteceram no Pronto Socorro de Pediatria do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), quando havia apenas um pediatra de plantão e os atendimentos estavam restritos a pacientes classificados como vermelho e laranja (casos mais graves). A pasta ainda ressaltou que, no momento em que a mulher gritava, havia uma criança grave sendo atendida no box de emergência.
“A mãe de uma criança classificada como verde queria que a enfermeira da triagem mudasse a classificação para que ela fosse atendida de imediato, o que não é permitido. Diante do fato, a mãe da criança se irritou, iniciou uma série de xingamentos e graves ameaças contra a profissional classificadora. Após o plantão, a enfermeira registrou queixa na delegacia. Está afastada 45 dias por motivos de saúde. Provavelmente, não terá condições emocionais de retornar para a mesma função após seu retorno.”
A Secretaria finalizou o texto afirmando que “repudia qualquer tipo de violência contra seus profissionais”. A vítima abriu um boletim de ocorrência contra a autora das ameaças na 15ª DP (Ceilândia Centro), que vai investigar o crime.
O caso
Uma mulher se descontrolou após a classificação do filho no atendimento inicial no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), ameaçou a enfermeira e desafiou a polícia. O nível da violência assustou os profissionais da saúde da unidade na madrugada dessa última sexta-feira (6/10).
A enfermeira alvo das ameaças estava fazendo a classificação de risco dos pacientes, como relatou ao Metrópoles. “Ela chegou 1h30 com o filho, relatando febre e falta de apetite, mas medimos a temperatura e o paciente estava sem febre, brincando, pulando. Classificamos como verde, então não teria atendimento, aí ela começou os gritos dentro da sala”, relatou, sem se identificar.
Os profissionais do HRC acionaram a Polícia Militar e gravaram, em áudio, as ameaças da mulher. Em determinado momento, ela chegou a dizer à enfermeira: “É lá fora que eu te pego, sua maldita”.
Segundo a enfermeira, a mulher chutava a porta da sala de classificação enquanto gritava. No áudio, a profissional de saúde questiona um colega se a PM foi acionada, e a mãe do paciente responde: “Chama camburão nessa porr* achando que eu tenho medo de polícia, aqui nessa desgraça. Pensa que eu vou sair, que eu vou ‘arredar o pé’ daqui? [….] Vamos ver se esses vermes ‘vai’ vir me segurar [Sic]”.
A profissional de saúde do HRC disse que a mulher só foi embora às 3h. “Ela estava completamente fora de si e depois desse tempo todo foi embora. Dessa vez o vigilante gravou, mas, infelizmente, a gente sofre violência assim constantemente. Sempre falam: ‘Você não deve ter filho’. Isso é comum, mas a pessoa fala e vai embora. Ela não. Batia na porta, ficava lá, e toda a culpa era como se fosse só minha.
Deputada se solidariza com enfermeira
O caso foi divulgado nas redes da deputada distrital Dayse Amarilio (PSB), que se solidarizou com a vítima lembrando de casos recorrentes como esse. “Mais uma enfermeira foi vítima de violência no trabalho aqui no DF. Mais uma profissional sendo ameaçada. Mais uma vez a categoria sendo desrespeitada e desvalorizada. E ainda acham que é ‘mi-mi-mi’ quando a gente diz que os profissionais de saúde estão adoecidos. Toda a nossa solidariedade por essa colega.”