A saga de Sayonara Ribeiro, que há 12 anos procura pela mãe desaparecida
Anilde Ribeiro está sem dar notícias desde junho de 2009, quando deveria voltar da casa da irmã no Tocantins
atualizado
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“Eu só volto no Natal. Avisa seus irmãos para não se preocuparem”. Era junho de 2009 quando Sayonara Ribeiro, com 23 anos à época, recebeu uma ligação da mãe e ouviu a frase. Aparentememente fora de si, Anilde Ribeiro repetiu inúmeras vezes a mesma informação antes de desligar o telefone. Foi o último contato que a jovem teve com a mulher, oficialmente declarada desaparecida há 12 anos.
A mulher já apresentava um quadro de depressão e esquizofrenia 10 anos antes de sumir, mas era algo que parecia dentro de um padrão. “A nossa família tem um histórico dessa doença. Em 1999, a mãe dela – minha avó – morreu e começou uma série de problemas pessoais. Aquilo foi o gatilho, mas o que ocorria com ela era a tristeza. Ela tinha uma luz muito grande e isso se apagou”, lembra Sayonara, atualmente com 35 anos.
Anilde passou a ser uma devota fervorosa de Santa Rita de Cássia e praticamente perdeu a própria identidade. Se perguntassem a ela o próprio nome, não respondia mais. “Ela falava que era devota e todos ali eram irmãos. Não dizia mais o nome”, explica a filha.
Apesar do quadro preocupante, a mãe de Sayonara era metódica. Saía de casa todos os dias pela manhã em Planaltina para pedir comida e doações. No fim do dia chegava com vários alimentos, montava cestas básicas e distribuía a pessoas pobres. “Hoje, parando para pensar, era um risco muito grande dela não voltar. No entanto, na época, era sempre a mesma coisa. Apesar da doença, ela era muito apegada a mim e aos meus outros dois irmãos”, conta.
Esta foi a rotina da família por quase nove anos. O tratamento da esquizofrenia não deu certo, pois a mãe se recusava a tomar remédios e os filhos, na época do diagnóstico com 14, 13 e 9 anos, não conseguiam forçar Anilde a se medicar. “Ela falava para mim que sentia muito sono e não queria tomar. Por um tempo eu tentei, mas acabei tendo que ceder”, recorda.
Em abril de 2009, a mãe foi até o Tocantins para passar um tempo com a irmã. Em junho, ela despediu-se e, no meio do caminho, ligou para a filha. “Ela me disse várias vezes que iria volta para o Natal. Eu até hoje não sei de onde ela me ligou, mas aquela foi a última vez que falei com minha mãe”.
Procura
Desde então, Sayonara e os irmãos passaram a procurar Anilde em vários lugares. São Paulo, Bahia, Minas Gerais foram visitados, mas sem qualquer pista da matriarca. Em Goiás, onde parte da família mora, eles conseguiram algumas pistas. “Já me disseram que a viram em Goiânia, Valparaíso, São Roque e Alvorada do Norte, mas são pistas atrasadas. Tem gente que não sabe que minha mãe desapareceu, aí só olha e não fala nada”, detalha.
Dessa forma, ela concilia as obrigações da vida com viagens pelo interior de Goiás e Entorno do DF para entregar panfletos com as poucas fotos que ainda tem. “Entrego para uma viatura da PM, falo com os bombeiros, converso com motoristas de ônibus e passo pelos comércios. Eu acho que ela ainda vive pedindo, então, algum dono de mercado ou restaurante pode conhecê-la”, diz.
O principal problema que enfrenta é que Anilde viajou sem documentos. Caso ela esteja num hospital ou em abrigo, não é possível identificá-la pelo nome.
Apesar das dificuldades, Sayonara e os irmãos não desistem. “A gente tem certeza que ela está viva. A fé é muito grande e queremos achá-la”, diz.
Quem tiver notícias do paradeiro de Anilde pode entrar em contato com a família pelos telefones (61) 99598-2926 ou (61) 99170-5338