A herança milionária que colocou uma família inteira em pé de guerra
Intrigas, processos e acusações têm dificultado que familiares entrem em acordo sobre a herança, estimada em R$ 50 milhões
atualizado
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O luxo ostentado por Djalma Rezende resultou em cenário de conflitos familiares após a morte do bem-sucedido advogado. Um dos profissionais mais ricos de Goiás, conhecido até como “Júnior Friboi da advocacia”, Djalma deixou uma herança milionária. Embora não possam confirmar o valor, os filhos estimam que o patrimônio totalize ao menos R$ 50 milhões. Os herdeiros, no entanto, alegam que não viram um centavo sequer desse dinheiro e que as pensões que os filhos menores deveriam receber teriam sido interrompidas.
O advogado morreu em janeiro deste ano, aos 69 anos, em Goiânia (GO). O jurista sofreu uma insuficiência hepática, em complicação ao tratamento da metástase que tinha no fígado.
O Metrópoles conversou com familiares e pessoas próximas a Djalma. Algumas delas preferiram não se identificar nesta reportagem. Parentes dizem que a viúva, Priscila Maura, teria bloqueado todos os filhos de Djalma das redes sociais após a morte do marido. Dos cinco filhos, dois são menores de idade. Familiares afirmam que, desde a morte do pai, os mais novos não têm recebido pensão.
Entre os herdeiros, há uma jovem de 16 anos que, hoje, vende trufas na porta da escola para conseguir custear a mensalidade dos estudos. Ela teve acesso apenas às roupas de grife do pai, desde que ele faleceu. Sem pensão, a adolescente tenta arrecadar recursos por meio da venda desses itens (veja abaixo a lista dos vestuários). A mãe da jovem, porém, alega que não consegue vender os trajes de alto padrão.
Lauriane Oliveira, mãe da adolescente, conta que conheceu Djalma quando morava no assentamento de uma fazenda. Especialista em direito agrário, ele defendia os interesses do dono da terra que Lauriane ocupava. O casal teve um relacionamento que resultou na filha que tiveram juntos.
“Ele nunca deixou faltar nada. Até os 10 anos, dava um salário mensal”, disse a mãe da garota. Lauriane ainda pontua que, quando o conheceu, não sabia que o Djalma era tão rico. A relação de pai e filha foi conturbada no início, porque ele era casado com Lorena Pitanluga, mãe do terceiro filho do advogado.
“Ele não queria registrar, arrumava mil desculpas. Entrei na Justiça, aí ele teve de pagar sete salários mínimos”, relembra Lauriane. Com esse dinheiro, ela arcava com as despesas da jovem. Aos 10 anos, a filha passou a frequentar a casa do pai e foi, inclusive, dama de honra do casamento entre Djalma e Priscila Maura. A extravagante comemoração contou com mais de mil convidados e com a presença da cantora Anitta.
A adolescente mora em Minas Gerais, mas passava feriados e datas comemorativas na residência de Djalma. Ela conta que a última vez que entrou na casa do pai foi no dia do velório dele; na ocasião, teria ficado no local por apenas uma hora. “Depois, pedi para ir, mas a Priscila não deixou.”
Os herdeiros contam que, desde o falecimento do pai, a relação com a viúva tem sido conturbada. “[Priscila] Começou me bloqueando, do nada, e se virou contra todos nós. Quando combinamos de separar as roupas, o meu irmão achou que seria na casa do meu pai, por isso foi para lá. Assim que soube, Priscila mandou uma mensagem perguntando o que ele estava fazendo lá, insinuando que ele estava tirando fotos dos móveis”, declarou a filha de Djalma e Lauriane.
Diante dessa conjuntura, Priscila se tornou persona non grata entre os filhos de Djalma. Em uma troca de mensagens, é possível perceber que o tom teria ficado mais ríspido no núcleo familiar. Os filhos a chamam de “tenebrosa” – um dos muitos adjetivos direcionados à mulher. Intrigas e acusações de que o legado e patrimônio do pai estariam sendo destruídos por ela também surgem em conversas tensas entre os irmãos.
“As pessoas que Djalma confiava no escritório foram demitidas. Já outras, que ele demitiu, foram recontratadas para atender às vontades dela”, disse uma pessoa ligada à família, que não quis ser identificada. Segundo o relato, o escritório teria sido desconfigurado após a morte do milionário.
Acusações em redes sociais e processos na vara cível também têm sido armas do fogo cruzado entre os familiares. Em dois processos, Priscila, advogada responsável pelo escritório de Djalma, chegou a cometer uma gafe e enviar a ação para foro errado duas vezes no mesmo dia. Familiares que falaram com o Metrópoles questionam se a falha teria sido por “má-fé ou incompetência”.
Advogado ostentação
Em 2016, Djalma e Priscila se casaram em uma festa luxuosa, com direito a celebridades, menu exclusivo e mais de mil convidados, fazendo jus à fama de bon vivant do noivo. O casamento teria custado cerca de R$ 8 milhões.
A comemoração contou com mais de 70 mil flores, 100 lustres e decoração inspirada no Palácio de Versailles, que transformaram o casamento em um cenário de filme ostentação. O bolo, de 2,5m de altura e 1,20m de base, foi transportado durante 14 horas para chegar à festa. The King Cake, de São Paulo, foi a responsável pela criação, decorada com rendas exclusivas e mais de mil orquídeas de açúcar.
Djalma chegou a contratar jatinhos particulares para buscar alguns convidados em Brasília. Da capital federal, foram convocados o cerimonialista César Serra, o fotógrafo Celso Junior e o bufê de Celso Jabour, da Sweet Cake. A noiva também usava joias da brasiliense Miranda Castro.
Carros e aviões
Em imagens, Djalma e Priscila ostentam passeios em Ferraris. O apreço pela marca é tão grande que inspirou o design único de um avião luxuoso adquirido pelo advogado goiano e avaliado em R$ 13 milhões. A referência da aeronave modelo Piaggio P180 Avanti II era a Scuderia Ferrari.
À época da compra, a aeronave foi recebida por mais de 200 convidados, em grande festa, com direito a recepção regada a bebida e animada por banda musical.
O avião não está entre os bens do inventário da família. Isso porque a aeronave foi apreendida pela Receita Federal, anos após a compra. O órgão apurou que, sem o conhecimento do comprador, a empresa que vendeu o veículo aéreo ao advogado teria sonegado impostos.
Antes que o crime fosse identificado, 0 milionário já realizava o pagamento, em parcelas, e teria gastado cerca de R$ 7 milhões no acordo. Após ser confiscada, a aeronave foi destinada ao transporte de órgãos para transplante.
O Metrópoles tentou contato com Priscila Maura, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para possíveis manifestações.
Veja lista de peças do vestuário de Djalma que uma parte da família tenta vender enquanto aguarda a liberação da herança:
1 camisa D&G
2 camisas Gucci
1 camisa Louis Vuitton
9 camisas Eton
7 camisas Brooksfield
2 camisas Burberry Brit
1 camisa Hermes
1 camisa Ricardo Almeida
2 camisas Hugo Boss
2 camisas Ermenegildo Zegna
1 camisa La Martina
1 camisa Armani Jeans
1 blaser Saks fifth Avenue
1 blaser Louis Vuitton
1 terno Louis Vuitton
1 terno D&G
1 terno Brooksfield
1 terno Hugo Boss
2 terno Empório Armani
2 terno Ermenegildo Zegna
1 calça da Diesel
1 calça da D&G
1 blusa da Empório Armani
1 tênis D&G
1 sapatênis Jeans Louis Vuitton
1 sapatênis de couro de crocodilo Louis Vuitton
8 sapatênis de couro Louis Vuitton
2 gravatas Chanel
1 gravata Calvin Klein
2 gravatas Hugo Boss
1 gravata Burberry
3 gravatas Hermes Paris
1 gravata Eton
1 gravata Louis Vuitton