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“A gente não consegue acreditar”, diz irmã de 24ª vítima de feminicídio no DF

Anariel Roza deixou quatro filhos. Segundo irmã, dois ainda não sabem do assassinato da mãe. Ela é a 24ª vítima de feminicídio no DF

atualizado

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Mulher de cabelos morenos longos olha para foto
1 de 1 Mulher de cabelos morenos longos olha para foto - Foto: Reprodução/Redes sociais

Com incredulidade, Luciana Roza Dias, 42 anos, lamenta o assassinato da irmã caçula, ocorrido nesta quarta-feira (16/8), em Ceilândia. Anariel Roza Dias (foto em destaque), 39, é a 24ª vítima de feminicídio do Distrito Federal. Cleidson Ferreira de Oliveira, 37, foi preso após confessar ter matado a ex-companheira com golpes de foice.

“A gente não consegue acreditar. Não caiu a ficha, eu estou com o atestado de óbito, mas parece que não é verdade”, afirma. Anariel deixou quatro filhos. A mais velha tem 23 anos; o segundo, 17; o terceiro; 7 e o caçula, 5.

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Cleidson Ferreira de Oliveira matou Anariel Roza com golpes de foice
Vítima foi atacada em parada de ônibus
Feminicida confessou o crime
Anariel Roza Dias foi morta aos 39 anos
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Armas usadas pelo assassino que matou a ex-companheira em Ceilândia

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Cleidson Ferreira de Oliveira matou Anariel Roza com golpes de foice

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Vítima foi atacada em parada de ônibus

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Feminicida confessou o crime

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Anariel Roza Dias foi morta aos 39 anos

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Até a última atualização desta reportagem, os dois filhos mais novos de Anariel não tinham sido informados da morte da mãe. “Um mora com o pai e outro com a avó paterna, a gente nem sabe como contar”, disse a técnica de enfermagem Luciana. Segundo a irmã, há um ano a vítima se envolveu com Cleidson. “Eles ficavam indo e voltando”. Anariel morava com a mãe, uma senhora de 72 anos.

Luciana disse que tenta via Centro de Referência de Assistência Social (Cras) conseguir o sepultamento social para a irmã. O corpo ainda está no Instituto Médio Legal (IML).

Cleidson atacou a ex-companheira em uma parada de ônibus na QNP 06/10, no Setor P Sul, em Ceilândia. Anariel não teve chance de socorro. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, a mulher já estava morta quando as equipes da corporação chegaram, por volta das 3h30, ao local.

Lei Maria da Penha

A vítima já havia registrado três ocorrências no âmbito da Lei Maria da Penha contra o assassino apenas neste ano.

Em janeiro, a vítima procurou a delegacia após o então companheiro agredi-la com chutes. À época, ela estava grávida de dois meses, à espera do filho do casal. A polícia não detalhou o que ocorreu com a gestação.

Anariel Roza chegou a recusar receber medidas protetivas sob a justificativa de que não se sentia em risco. Ela também preferiu não passar por exames no Instituto de Medicina Legal (IML).

Três meses depois dessa ocorrência, a vítima procurou novamente a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF); desta vez, para denunciar um episódio de injúria, ameaça e lesão corporal.

Anariel Roza relatou que o companheiro a tinha golpeado nas costas com um pedaço de madeira. Além disso, Cleidson a teria ameaçado de morte: “Vou te matar, sua vagabunda”, relatou a vítima.

Na ocasião, a vítima requereu medidas protetivas de distanciamento do agressor e o afastamento dele de casa. Porém, o feminicida não foi localizado pela Justiça para ser intimado e, portanto, não tomou conhecimento da ordem judicial.

Apesar do fim do relacionamento e da existência das medidas protetivas em favor dela, Anariel Roza foi agredida novamente. Em 30 de julho, duas semanas e meia antes de ser assassinada por Cleidson, ela denunciou outro episódio de violência doméstica.

O ex-companheiro a surpreendeu em uma rua de Ceilândia, dando um soco na boca e um chute nas costas da vítima. Ele só teria parado as agressões depois de testemunhas intervirem para socorrer Anariel Roza.

Por receio, ela recusou mais uma vez medidas protetivas, que incluíam a disponibilização de um botão do pânico, de vaga em casa-abrigo e de atendimento multidisciplinar.

“Me prende”

Após matar a ex-companheira, Cleidson Ferreira de Oliveira, 37, foi à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam 2), em Ceilândia, e se entregou. Segundo testemunhas, ele entrou no local falando: “Me prende, acabei de matar a minha mulher”.

Um PM que estava na delegacia relatou que acompanhava uma vítima de outro crime quando um homem, vestindo roupa vermelha e usando óculos, entrou na unidade policial pedindo que os militares o prendessem.

Cleidson Oliveira também levou os agentes até o local onde guardou a foice, que foi apreendida e encaminhada para perícia. Anariel Roza Dias tinha medidas protetivas contra o autor e já havia registrado ocorrências de agressão e ameaça. O homem foi preso em flagrante.

Cleidson contou aos investigadores que tem problemas psiquiátricos, faz tratamento médico e está afastado pelo INSS por conta disso. Acrescentou que chegou a morar junto com a vítima, mas que os dois tinham muitos desentendimentos.

Durante a madrugada, ele foi a uma distribuidora e comprou cachaça e cigarros. No caminho, Cleidson encontrou Anariel acompanhada de um rapaz no ponto de ônibus, e começou a golpear a vítima com a foice. O homem que a acompanhava saiu correndo. O criminoso não soube informar quantos golpes deu na ex-companheira e se ela chegou a falar algo. Ele conta que, logo em seguida, foi à delegacia para se entregar.

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