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Com 84 centímetros, Duda Mendonça quer conquistar o mundo

A altura e um problema grave de visão, decorrentes de uma síndrome rara, não a impedem de sonhar e de colecionar uma série de conquistas invejáveis. Ela está no oitavo semestre do curso de direito e, desde os 10 anos de idade, promove encontros pela cidade

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Duda mendonça
1 de 1 Duda mendonça - Foto: Gabriel Ramos/Metrópoles

Maria Eduarda Soares de Mendonça tem 24 anos. Está no oitavo semestre de direito do Centro Universitário de Brasília (Uniceub). Tem uma tatuagem no ombro, é apaixonada por animais e não perde um episódio de Game of Thrones. A história de Duda poderia ser a de muitos outros jovens da capital. Mas não é por um único motivo:

A estudante guarda uma força excepcional. Os seus 84 centímetros de altura e um problema grave de visão decorrentes de uma síndrome rara não a impedem de sonhar e de colecionar uma série de conquistas invejáveis.

A estudante prova que sempre é possível lutar e, principalmente, acreditar nos sonhos. “A minha doença tem quase uns seis nomes grandes e difíceis de falar. Acho que sou a sexta ou sétima pessoa no mundo diagnosticada com essa mutação genética”, explicou Duda. O termo científico da patologia é tão difícil que ela não consegue lembrar, mas sabe que sofre uma lesão de mácula e de retinose pigmentar raros.

A doença lhe causa fortes dores nas costas e lhe obriga a usar uma cadeira de rodas para se locomover para locais afastados. Mas esses são apenas detalhes diante da determinação da universitária. Hoje, além das aulas na faculdade, ela faz estágio na Procuradoria Geral da República e, uma vez por semana, também trabalha na Defensoria Pública do Guará. A rotina ainda precisa ser intercalada com as sessões de fisioterapia e as palestras que promove desde os 10 anos de idade.

Nos encontros, Duda fala sobre valorização da vida, preconceito e inclusão. As palavras cuidadosas e o coração acolhedor permitiram que ela acumulasse muitos amigos por todos os locais que passou. “Quando a gente faz o bem para os outros, a vida devolve”, aponta. Hoje, por exemplo, uma amiga que estuda engenharia mecânica na Universidade de Brasília (UnB) tenta desenvolver um protótipo para que a palestrante consiga se higienizar sozinha.

Gabriel Ramos/Metrópoles

 

Apesar de inspirar muita gente, a estudante de direito também cruzou com pessoas que lhe transmitiram força. Ainda criança Duda encontrou duas professoras que se tornaram seu braço direito. “Elas me ensinaram a acreditar em mim. São os meus anjos”, conta. Com ajuda delas e de outros pedagogos recebeu todo o apoio e incentivo necessários para crescer e perceber que poderia alcançar passos muito maiores. Na Escola Classe 4 do Guará, por exemplo, descobriu também que não precisaria se adequar ao local. “O mundo é quem tem que se adaptar”, afirmou.

Cristina e Marco Antonio Del´Isola, pais de Maria Cláudia – jovem que foi brutalmente assassinada em 2004, foram outras pessoas importantes para a sua vida acadêmica. O casal conseguiu uma bolsa de estudos no Colégio Marista onde cursou o ensino médio e se preparou para o vestibular.

Lá decidiu que cursaria direito e a faculdade que queria era a UnB. O processo seletivo, no entanto, voltado para as pessoas com deficiência física elaborado pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) foi duramente criticado por Duda: “É muito difícil para a gente fazer 150 questões de exatas em um único dia”. Ela então fez o vestibular do UniCeub e garantiu uma bolsa de estudos. “Nossa filha é queridíssima pelas pessoas de lá”, se orgulham os pais da estudante Modesto de Mendonça, 63, e Maria Elza de Mendonça, 58.

A força de Duda é refletida no pais, o casal se reveza diariamente para conseguir oferecer às filhas todos os anseios que elas almejam. Pois, a irmã da universitária, Fernanda de Mendonça, 36, também sofre de uma síndrome rara, chamada esclerose tuberosa, doença degenerativa, causadora de tumores benignos que podem afetar diversos órgãos, especialmente cérebro, coração, olhos, rins, pele e pulmões.

Além da mãe, pai e irmã, outra fonte de motivação forte é o seriado Game of Thrones. Duda enviou uma carta para o autor do livro George R. R. Martin e, também, para o ator que interpreta o personagem Tyrion Lannister, Peter Dinklage. “Eles me fizeram perder o preconceito que eu tinha com a palavra anão. Vi que Tyrion Lannister é falante e bonito que nem eu”, brincou. Ela já está se organizando para viajar com o pai para o lançamento do aguardado novo livro da série.

 

O amor pelas letras não pára no best-seller. Todos os seus bichos foram batizados com nomes tradicionais da literatura. É com a ajuda da família que ela consegue devorar a sua paixão pelos livros. “Se um dia eu pudesse enxergar, a minha maior vontade seria ler um livro inteiro sozinha”. A mãe a acompanha sempre: nas aulas, no estágio e nas palestras. “A Duda é destemida. Se ela quer algo, ela vai atrás”, resumiu Maria Elza.

Quem quiser conhecer mais a história de Duda pode acessar o blog da estudante. A correria da faculdade tem dificultado a atualização do site, mas por lá é possível ler alguns dos textos motivacionais da jovem.

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