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A cada duas horas, um suspeito é preso por violência doméstica no DF

De janeiro a setembro, foram mais de 15 mil casos de agressões a mulheres no DF. Desses, 3 mil resultaram em prisões por violência doméstica

atualizado

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Mulher agachada e mão de home com punhos fechados ao lado simbolizando violência doméstica
1 de 1 Mulher agachada e mão de home com punhos fechados ao lado simbolizando violência doméstica - Foto: Freepik

A cada duas horas, um agressor foi preso por violência doméstica no Distrito Federal. De janeiro a setembro deste ano, apenas em crimes desse tipo, foram mais de 3 mil prisões em flagrante. Os dados são de um levantamento da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), divulgado nessa terça-feira (5/11).

O estudo detalha que, apenas nos três primeiros trimestres do ano, o DF registrou 15.107 ocorrências envolvendo agressões a mulheres, sejam elas físicas (34,2%), psicológicas (85%), sexuais (1%) e/ou letais (0,09%). Casos de violência doméstica renderam 3.225 prisões em flagrante durante o período.

Ainda segundo o relatório, quatro em cada cinco (82,5%) crimes de violência contra mulheres ocorreram no interior de residências, sejam elas da vítima ou do agressor. Além disso, o estudo aponta que os fins de semana são quando acontecem a maior parte dos delitos: um em cada três (36%) ocorreram aos sábados e domingos, principalmente no período da noite, entre 18h e 23h59 (34%).

É o caso, por exemplo, de Jainia Delfina de Assis, morta aos 42 anos a facadas em casa, na frente do filho, de 4 anos, na noite de sábado de 15 de junho último, na Cidade Estrutural. Jainia foi a nona vítima de feminicídio do Distrito Federal.

O secretário executivo da SSP-DF, Alexandre Patury, explica que a maioria desses crimes são muitas vezes consequências de discussões dentro da própria estrutura familiar, em boa parte agravadas pelo consumo de bebida alcóolica. “Porque é durante o fim de semana, quando a família costuma estar reunida [após a semana de trabalho], em que, depois do consumo de álcool, uma discussão acaba evoluindo para um caso de agressão”, diz.

“E é durante as últimas horas de sexta-feira e as primeiras horas de segunda-feira quando boa parte desses crimes acontecem. Esse dado para nós é ainda mais preocupante, porque o número chega a uma ocorrência a cada 50 minutos”, enfatiza.

Importância das denúncias

O levantamento da Secretaria de Segurança Pública também ressalta que uma a cada dez vítimas das mais de 15 mil agressões contra mulheres cometidas no DF entre janeiro e setembro de 2024, estiveram envolvidas em duas ou mais ocorrências, no mesmo período.

Segundo Patury, mais de 60% das mulheres vítimas de violências nunca procuraram a ajuda do Estado. Isso porque, muitas das vezes, as elas sentem-se à mercê dos agressores por motivos como insuficiência econômica, desemprego ou falta de autoestima – ocasionada pelas próprias agressões físicas e psicológicas.

Para o secretário executivo, um dos principais objetivo da pasta agora, portanto, é dar um enfoque ainda maior nas campanhas de conscientização para que aumentem a procura aos canais de denúncias e de apoio às vítimas.

“O nosso maior foco é o combate a violência doméstica, pois é nesses casos em que ainda é possível preservar a vida dessa mulher e impedir, por exemplo, os casos de feminicídio antes que eles ocorram. Porque o feminicídio não acontece de uma hora para outra, eles vêm em uma crescente; ele começa na violência verbal que depois avança para uma violência física e que fatalmente pode vir a se tornar um caso de feminicídio”, explica.

Um dos casos de denúncias que ajudaram a resolver crimes de violência à mulher que marcou o DF neste ano foi quando, em setembro último, uma mulher foi socorrida após ligar para o 190 e fingir pedir uma pizza para avisar os policiais. O agressor foi preso em flagrante.

Era domingo, 29 de setembro, quando a vítima conseguiu acesso ao telefone após ser mantida três dias em cárcere privado em uma casa de Samambaia, onde foi estuprada e ferida com uma faca. A vítima usou o pedido de comida para disfarçar a denúncia feita à Polícia Militar do Distrito Federa (PMDF). Ouça a ligação aqui.

Saiba como procurar ajuda

No DF, as delegacias disponibilizam seções de atendimento à mulher e o sistema tem cinco unidades do Núcleo Integrado de Atendimento à Mulher (Nuiam), distribuídas na Deam I, Deam II e nas 11ª DP (Núcleo Bandeirante), 29ª DP (Riacho Fundo) e 38ª DF (Vicente Pires).

O registro de ocorrência pode ser feito na Polícia Civil (PCDF), por meio da Maria da Penha Online, plataforma que permite o envio de provas, como fotos e vídeos, e ainda o pedido de acolhimento. As denúncias também podem ser feitas pelo telefone 197, opção 0, e WhatsApp (61) 98626-1197.

Para casos de emergência, a orientação é ligar para a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), pelo número 190. Denúncias anônimas ainda podem ser feitas pelo Disque 180.

Quem são os agressores e onde estão

O levantamento da SSP ainda conseguiu traçar dados dos agressores de mulheres do Distrito Federal. Segundo o estudo, 92,1% dos agressores são homens entre 18 a 39 anos (60,4%). A faixa etária também predomina entre as vítimas – 59,2% dos casos.

Além disso, das mais de 15 mil ocorrências analisadas, foi observado que 1.440 autores – 12% do total de autores masculinos – durante o período de janeiro a setembro, são reincidentes, ou seja, já responderam criminalmente por crimes de violência contra mulheres.

Por fim, o relatório também analisou as regiões administrativas onde mais ocorreram casos de violência às mulheres. Ceilândia é a RA com maior número de casos, 384 de janeiro a setembro de 2024, seguida por Samambaia (275) e Planaltina (259).

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