A cada dia letivo, 28 alunos abandonam os estudos no DF
Balanço da Secretaria de Educação do DF mostra que mais de 5,6 mil alunos abandonaram os estudos em 2022
atualizado
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No ano passado, a cada dia letivo na rede pública de ensino do Distrito Federal, 28 alunos abandonaram os estudos. No total, de acordo com dados do Censo Escolar da Rede Pública, em 2022, cerca de 5,6 mil estudantes dos ensinos fundamental e médio abandonaram a escola. No mesmo período, o DF teve 200 dias letivos.
Segundo a Secretaria de Educação do DF (SEE-DF), o abandono escolar é caracterizado quando o estudante tem um número de faltas consecutivas superior a 25% e não retorna à unidade escolar até o final do ano/semestre letivo.
O índice registrado em 2022 é maior do que os números dos anos que foram diretamente atingidos pelo pandemia de Covid-19. Porém, vale ressaltar que, durante os anos afetados pela crise sanitária, as escolas não eram obrigadas a registrar as faltas e dados de possíveis abandonos escolares.
Em 2021, cerca de 1,5 mil estudantes teriam abandonado os estudos. No ano anterior, 1.079 alunos estiveram nessa situação.
Pais preocupados
Pais dos alunos da rede pública do DF demonstram preocupação com a taxa de abandono escolar. Segundo Alexandre Veloso, presidente da Associação de Pais e Alunos do DF (Aspa-DF), é preciso que os envolvidos no processo de ensino consigam garantir o acesso do aluno à escola e manter o espaço atrativo e com qualidade.
“Não basta disponibilizar a matrícula em uma escola e não promover todas as condições para tentar minimizar as desigualdades sociais que alguns alunos enfrentam no dia a dia para se manter na escola. Temos que ter o transporte escolar, garantir a manutenção do aluno naquele espaço atrativo. A merenda escolar também é de suma importância”, diz.
Alexandre reforça que a falta de interesse dos jovens na escola ou dificuldades de aprendizagem e na vida pessoal fazem com que o abandono escolar seja alto.
“A grande evasão ocorre no final do fundamental, 8º e 9º ano, e no ensino médio. Porque os adolescentes nessa idade começam a ter exigências da família para ajudar com trabalho e a escola acaba não proporcionando esse ambiente em que o aluno realmente possa estudar e trabalhar. Então, falta política pública da rede”, completa.
Consequências da pandemia
Ainda segundo Alexandre, a pandemia de Covid-19 foi extremamente prejudicial para a educação. “Tivemos uma perda de aprendizagem significativa para os alunos das redes pública e particular. Essas aprendizagens que não foram consolidadas precisam ser recuperadas. Inclusive, a associação orienta os pais para que cobrem essas retomadas de conteúdos”, afirma o presidente da Aspa.
Para a Secretaria de Educação, o abandono escolar é um fenômeno multicausal, ou seja, os motivos causadores do abandono extrapolam as questões pedagógicas e educacionais.
Por meio de nota, a pasta ressaltou para amenizar o abandono escolar, diversas ações são adotadas, dentre elas a instituição da Comissão Especial para operacionalização da Busca Ativa Escolar. “O objetivo da comissão é elaborar estratégias e estabelecer ações para operacionalizar a Busca Ativa Escolar no âmbito da SEE-DF consoante adesão do Governo do Distrito Federal ao programa de busca ativa escolar do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)”, diz a secretaria.
A pasta destaca, ainda, os procedimentos para o acompanhamento de frequência escolar da rede pública e identificar estudantes infrequentes; identificar as causas da infrequência; monitorar os encaminhamentos realizados pelas Unidades Escolares e reduzir as taxas de ausência.
“Ademais, cumpre salientar a realização, nesse ano letivo, de outras formas de busca ativa escolar, como por exemplo, por meio do canal 156 e de ações realizadas por cada escola dentro dos contextos de suas comunidades escolares atendendo as suas especificidades, que podem variar de acordo com a realidade de cada Regional de Ensino”.
Evasão
A Secretaria de Educação não dispõe de dados sobre evasão escolar — quando um indivíduo regularmente matriculado no início de ano letivo não matricula-se no ano seguinte, independentemente da situação de conclusão do ano de matrícula, podendo ter sido aprovado, reprovado ou abandonado.
Os últimos dados divulgados sobre essa situação são do Tribunal de Contas do DF (TCDF). Segundo os dados do Tribunal, entre 2020 e 2021, quando o ensino a distância foi adotado para conter o avanço da pandemia de Covid-19, houve uma taxa de evasão escolar de 16,29% na rede pública do DF.