A cada 24 horas, um homem é preso por descumprir medidas protetivas
Alguns foram encontrados dentro da casa das ex-companheiras com drogas e até mesmo facas e armas de fogo
atualizado
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Mesmo com uso de tornozeleiras eletrônicas, criminosos autuados por violência contra a mulher insistem em se aproximar das vítimas no Distrito Federal. Dados obtidos com exclusividade pelo Metrópoles apontam que apenas de abril a 5 novembro de 2021, 188 monitorados foram presos em flagrante por descumprimento de medidas protetivas. Uma prisão por dia, em média. Alguns agressores foram encontrados dentro da casa das ex-companheiras, com drogas e até mesmo facas e armas de fogo.
Dos 998 monitorados, 240 são agressores. Apenas em outubro deste ano, 35 deles tentaram se aproximar das vítimas. Para fazer cumprir a lei e proteger a integridade das mulheres, uma equipe de policiais penais da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do DF (Seape) se dedica exclusivamente a acompanhar os investigados.
A Seape conta com uma central tecnológica que monitora, literalmente, todos os passos dos acusados em tempo real. Cada movimento é indicado por uma mancha verde no mapa, quando os autores se aproximam da área proibida, zona vermelha, ou rompem a tornozeleira, um alarme é ativado e os policiais seguem imediatamente para o local. As regiões com maior número de flagrantes, segundo a pasta, são: Ceilândia , Taguatinga e Samambaia.
Veja um pouco do trabalho dos policiais penais:
Em um dos casos atendidos pela guarnição, o agressor acabou preso em frente à casa da vítima. Durante a abordagem, uma faca foi localizada. Estatística feita pela Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) aponta que dos 126 casos de feminicídio registrados entre 2015 e 2021 na capital federal, 66 foram cometidos com uso de arma branca (52%). Ainda de acordo com os dados, 96 crimes foram cometidos na residência das vítimas. E o ciúme possessivo dos algozes foi o que levou 80 dessas mulheres à morte.
No último fim de semana, um homem que fazia uso de tornozeleira eletrônica foi surpreendido por policiais penais com porções de crack e maconha. Ele também insistiu em voltar ao antigo endereço e tentar contato com a ex. Um terceiro criminoso foi flagrado dentro da casa da ex-namorada, uma adolescente de 15 anos. E ainda se aproximou da filha, de 3 anos. A prisão ocorreu na residência da vítima.
Radar
Assim que os policiais detectam o descumprimento da medida protetiva, tentam entrar em contato com o indivíduo para que ele sane os problemas do equipamento ou se distancie do perímetro proibido. Se as ligações e mensagens não forem respondidas, a localização é enviada a uma equipe policial para que a corporação localize o suspeito. Um arquivo com histórico, informações sobre características físicas e diversas fotos é encaminhado para facilitar a identificação. Após a verificação, se houver alguma violação às regras, o autor é preso e encaminhado à delegacia da região.
A Seape disponibiliza, ainda, um aplicativo desenvolvido pela Gerência de Tecnologia da Informação, composta por policiais formados em TI. Com esse app, os agentes conseguem ter acesso a todos os dados do Sistema Penitenciário do DF.
“Reformulamos a nossa estrutura em 1º de abril e já estamos colhendo os frutos. O sistema não serve apenas para fazer cumprir as medidas restritivas, mas à medida que fiscalizamos e agimos de forma rápida, principalmente em casos de violência contra a mulher, entendemos que estamos contribuindo para salvar vidas, evitar possíveis crimes mais graves”, explicou Danniel Eufrásio, diretor do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime).