A cada 24 horas, 10 idosos do DF caem em golpes aplicados via internet
Em todo o ano passado, 3.665 vítimas com idade superior a 60 anos amargaram prejuízos provocados pelos falsários durante estelionatos
atualizado
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A cada 24 horas, 10 idosos no Distrito Federal são alvos de estelionatários que se aproveitam da pandemia provocada pelo novo coronavírus e seu consequente distanciamento social para aplicarem golpes. De acordo com dados da Divisão de Análise Técnica e Estatística (Date) da Polícia Civil do DF (PCDF), 3.665 vítimas com idade superior a 60 anos amargaram prejuízos provocados pelos falsários durante a prática dos mais diversos tipos de estelionato.
A pandemia potencializou a prática dos golpes, principalmente na modalidade digital. Homens e mulheres de idade avançada se tornaram alvos fáceis de organizações criminosas que atacam em praticamente todos os estados do país. Para se ter uma ideia da escalada da modalidade criminosa, em 2019, a PCDF registrou 1.098 ocorrências envolvendo pessoas idosas que perderam dinheiro após a ação dos golpistas. Em comparação com os dados do ano passado, o aumento é de 233,78%.
A atividade das organizações criminosas foi investigada pela Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC), que deflagrou uma série de operações para desarticular os esquemas e prender os principais envolvidos. A Operação Sexagenários, desencadeada em março deste ano, revelou um esquema criminoso que mirava, principalmente, servidores públicos federais aposentados. As investigações apontaram que, em média, os golpistas faturavam cerca de R$ 12 mil mensais, sem sair de casa.
Divisão de tarefas
Um dos presos chegou a afirmar ser “difícil resistir” ao crime em razão da facilidade em ganhar dinheiro fácil. Durante as investigações, a DRCC conseguiu determinar a divisão de tarefas da organização criminosa alvo de apuração no âmbito da Operação Sexagenários.
Os policiais identificaram a presença dos “coletores de informações”. Esses criminosos são os responsáveis pela obtenção e repasse das informações sobre os dados das vítimas, como telefones e WhatsApp. O bando age por meio de programas de computador para essa finalidade.
As apurações também indicaram a figura do “fraudadores”. Em posse das informações das vítimas, esses integrantes do grupo criminoso realizavam o contato com os alvos e, de forma fraudulenta, solicitavam depósitos bancários, passando-se por algum familiar ou amigo.
Os valores eram enviados para as contas dos “recebedores ou repassadores”. Esses indivíduos agiam de forma fracionada e pulverizada, tendo como objetivo dificultar o bloqueio do dinheiro e a identificação da sua proveniência ilícita.
A organização criminosa contava, ainda, com os “recrutadores”, que aliciavam os recebedores ou repassadores titulares de conta bancárias para depósito dos valores obtidos com os golpes. Eles recebiam percentual das operações realizadas pelas pessoas recrutadas.