DF tem menos de 0,4% da população carcerária vacinada contra Covid-19
Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do DF, das 16.990 pessoas privadas de liberdade na capital, 62 foram imunizadas
atualizado
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Iniciada no Distrito Federal em 19 de janeiro deste ano, a vacinação contra Covid-19 ultrapassou a marca de 1 milhão de doses aplicadas e, a cada dia, cresce o percentual imunizado por faixa etária. A população carcerária do DF, no entanto, aparece com menos de 1% imnizada. Os dados constam no mais recente boletim informativo da Secretaria de Saúde.
De acordo com o documento, a primeira dose foi aplicada em 62 detentos. E 11 receberam a segunda dose. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF), de acordo com levantamento realizado em 1º/7, a população carcerária do DF é de 16.690.
Dessa forma, apenas 0,4% desse público recebeu a primeira dose da vacina. E outros 0,06% estão imunizados por completo. A médica infectologista Ana Helena Germoglio alerta que as prisões são espaços com alta taxa de precariedade e, assim, podem se tornar focos de propagação do novo coronavírus. “Pela alta densidade populacional, precariedade de higienização e ventilação, fica difícil cobrar medidas exuberantes dos detentos”, diz.
“Devido ao grande aglomerado encontrado no serviço carcerário, é quase impossível que as detenções não se tornem focos enormes da Covid, entretanto, contrair coronavírus não faz parte da pena”, alega a especialista.
A especialista também ressalta que a vacinação é indispensável para controle e prevenção de surtos. “Além das medidas de higiene e distanciamento preconizadas pelos órgãos mundiais de saúde, a vacinação é medida de prevenção indispensável para controle e prevenção de surto carcerário e, o fato de estarem em detenção, não significa que não o tenham direito básico à saúde”, defende Ana Helena.
“As atividades de contenção da Covid no sistema prisional são importantes não somente para os detentos, mas também para os servidores e suas famílias. Cabe a nós, do lado de fora, evitar que as cadeias se tornem uma bomba sanitária”, ressalta a infectologista.
O também médico infectologista e chefe da Comissão de Controle de Infecção do Hospital Santa Lúcia, Werciley Júnior, também reforça a imunização desse público.
“É uma doença de propagação fácil, então, a necessidade de vacinar a população carcerária é imediata”, explica. “É necessário vacinar, pois é uma população restrita. À medida em que estamos saindo dos grupos de risco e indo para a população em geral, temos de ofertar isso para essa população [carcerária] e não ter distinções, tratar todos com igualdade”.
Tal grupo integra o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que os trata como suscetíveis a doenças infectocontagiosas, como demonstrado pela prevalência aumentada de infecções transmissíveis nessa população em relação à população em liberdade, “sobretudo pelas más condições de habitação e circulação restrita, além da inviabilidade de adoção de medidas não farmacológicas efetivas, tratando-se de um ambiente potencial para ocorrência de surtos, o que pode fomentar, ainda, a ocorrência de casos fora desses estabelecimentos”.
O que diz a Saúde
Procurada pelo Metrópoles, a Secretaria de Saúde, em nota, informou que a população carcerária começará a ser vacinada ainda nesta semana. Leia na íntegra:
“A Secretaria de Saúde informa que a imunização da população privada de liberdade se iniciará nesta semana. Contudo, alguns internos já foram vacinados anteriormente em função da idade (acima de 60 anos).
A vacinação ao grupos ocorrerá por meio de equipes volantes. Os imunizantes serão aplicados em dias e locais que ainda serão divulgados”.