8/1: MP pede investigação de PM que teria planejado defesa com comando
Tenente-coronel Kelly Cezário teria sugerido que subcomandante da tropa dela alinhasse defesa com a do ex-comandante-geral da PMDF sobre 8/1
atualizado
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A 3ª Promotoria de Justiça Militar do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediu a abertura de um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar uma denúncia contra a ex-comandante do batalhão da Esplanada
dos Ministérios, a tenente-coronel Kelly Cezário.
Para o MPDFT, ela teria sugerido que o subcomandante do grupo, major Flávio Silvestre de Alencar, alinhasse a defesa dele com a do então comandante-geral da Polícia Militar da capital do país (PMDF), o coronel Fábio Augusto Vieira, acerca do 8 de janeiro.
O documento do Ministério Público ao qual a reportagem teve acesso foi enviado nesta quinta-feira (26/12) ao corregedor da corporação, com base em informações publicadas por veículos de comunicação que revelaram uma possível combinação de defesas. Diante dessas informações, o MPDFT deu cinco dias para atendimento ao pedido da instituição.
O major Flávio Alencar é réu na ação penal que mira a PMDF por suposta omissão no dia do ataque às sedes dos Três Poderes, em Brasília. Na data, em 8 de janeiro de 2023, ele estava no comando do Batalhão da Esplanada, pois Kelly estava de férias.
Uma reportagem exclusiva da Folha de S. Paulo, publicada nessa quarta-feira (25/12), detalha que a sugestão de Kelly teria se dirigido à esposa de Flávio Alencar. Em áudios divulgados pelo veículo, a tenente-coronel propôs que a advogada do major procurasse a defesa do então comandante-geral da PMDF, coronel Fábio Augusto, e do ex-ajudante de ordens dele, capitão Josiel Pereira César.
Kelly também teria sugerido que os advogados seguissem a mesma linha, para evitar ruído, segundo áudios divulgados na publicação.
O primeiro contato de Kelly com a esposa de Flávio teria se dado em 7 de fevereiro de 2023, data em que o major; o capitão Josiel; o chefe do Departamento Operacional da PMDF, Jorge Eduardo Naime Barreto; e o segundo-tenente Rafael Pereira Martins, então chefe de um dos destacamento do Batalhão de Choque (BPChoque), foram presos por suspeita de omissão diante da depredação das sedes dos Três Poderes.
No entanto, Kelly não chegou a ser denunciada na ação penal relacionada ao caso. Ela deixou o Batalhão dos Poderes após os atos antidemocráticos de 8/1 e, hoje, atua como supervisora no Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob).
Flávio ainda foi preso duas vezes pela Polícia Federal (PF), no âmbito das investigações, acusado de dispersar uma barreira de militares BPChoque que estava posicionada entre a Câmara dos Deputados e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por meio de nota, a Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal informou que recebeu o ofício mencionado e que registrou o fato. “Será instaurado Inquérito Policial Militar (IPM) para apuração dos fatos narrados”, afirmou a corporação.