8/1: ex-comandante da PM diz que mensagens contra urnas eram “alertas”
Ex-comandante-geral da PMDF, réu pelo 8 de Janeiro, Fábio Augusto se explica no STF sobre troca de mensagens contra urnas, mas alega alerta
atualizado
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Ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e réu pelo 8 de Janeiro, o coronel Fábio Augusto precisou se explicar ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as trocas de mensagens com teor golpista, desacreditando o processo eleitoral, após a vitória de Lula (PT). Segundo ele, informações falsas eram compartilhadas para gerar alerta na corporação.
Fábio e os outros seis PMs denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), acusados de possibilitarem a execução dos atentados contra a democracia, passam por audiência no STF nesta sexta-feira (17/5). O ex-comandante-geral foi questionado pela PGR sobre uma mensagem em que ele diz “a cobra vai fumar”, em resposta a um vídeo com informações falsas sobre suposta fraude nas urnas.
“Eu não tenho dúvidas da confiabilidade do sistema eleitoral, em nenhum momento tive. Qualquer mensagem que eu tenha recebido ou encaminhado era para gerar alerta ao Casimiro ou ao Klepter na questão funcional. Mensagens, sejam verdadeiras ou fakes, causam impacto no acampamento. E nós fomos testemunhas disso”, alegou Fábio.
Ele ainda argumentou que a expressão usada era um regionalismo. “Essa mensagem dizendo ‘a cobra vai fumar’, em Goiás, a gente sempre usa quando os ânimos vão exaltar. Não fiz referência ao meu pensamento nessa mensagem com Casimiro. O jargão onde eu morava, em Goiás, era de que a situação podia sair do controle. Era para falar: ‘Os ânimos vão se exaltar e o senhor esteja atento, coronel, esteja alerta'”, justificou.
A troca de mensagens foi questionada pelo membro da PGR Daniel José Mesquita Monteiro Dias. Ele levantou que, em 1º de novembro, após a vitória de Lula nas urnas, Marcelo Casimiro, então titular do 1º Comando de Policiamento Regional (CPR), enviou a Fábio um quadro com três alternativas contra a posse do petista: suposta aplicação do artigo 142 da Constituição Federal; intervenção militar; e intervenção federal por iniciativa militar.
No mesmo dia, Casimiro enviou a Fábio um vídeo com informações falsas sobre suposta fraude nas urnas eletrônicas. Em resposta, o então comandante-geral da PMDF disse que “a cobra iria fumar”.
A PGR enfatiza, na denúncia contra os militares, que os conceitos apresentados por Casimiro ao então comandante-geral da PMDF tinham explicações “equivocadas e incompatíveis com a ordem constitucional”. Segundo a acusação, ainda em “perspectiva golpista”, Casimiro compartilhou: “Precisamos de uma intervenção federal, com a manutenção de Bolsonaro no poder!”.
Para a PGR, as desinformações que circulavam entre o alto comando da PMDF “demonstravam expectativa de mobilização popular para garantir Jair Bolsonaro no poder, em desrespeito ao resultado das eleições presidenciais”. “Por meio das urnas, os brasileiros já haviam escolhido o mandatário a chefiar o Poder Executivo Federal entre 2023 e 2026”, frisou.
Fábio, porém, defendeu também ter enviado mensagens que ressaltam seu “perfil técnico”. Sempre procurei não me envolver em questões políticas para ter tranquilidade para trabalhar”, comentou, na audiência. Ele citou ainda ter dito para Casimiro: “Somos uma instituição de Estado, que temos que cumprir nosso papel, independente de posição política”.
Veja quem são os réus:
- Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF);
- Klepter Rosa Gonçalves, também ex-comandante;
- Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de operações;
- Paulo José Ferreira, chefe interino do Departamento de Operações (DOP) no 8 de Janeiro;
- Marcelo Casimiro, então titular do 1º Comando de Policiamento Regional (CPR);
- Rafael Pereira Martins, chefe de um dos destacamentos do Batalhão de Polícia de Choque da PMDF na data;
- Flávio Silvestre de Alencar, major que chegou a ser preso duas vezes pela Polícia Federal (PF) no âmbito das investigações sobre supostas omissões;