Dicas para viajar grávida e sozinha
Não há risco algum em ir só, mesmo de avião, se sua gestação for saudável e você estiver no período certo
atualizado
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Aos seis meses e meio da gravidez do meu primeiro filho, eu precisava de um tempo pra me redescobrir sozinha. Eu sabia que mudaria radicalmente com a chegada do bebê e era importante estar em bons termos com quem eu era na época, antes de começar a caminhar rumo a esta nova pessoa. Decidi, então, viajar sozinha por 17 dias.
Foi uma das decisões mais sábias da minha vida. Voltei dessa viagem em contato com minha força pessoal e muito mais confiante em dar conta do parto, do puerpério e de tudo que virá a seguir. Afinal, se com toda a intriga da oposição e os desafios naturais de uma viagem solo eu consegui sobreviver – e mais, me divertir –, acharei meu jeitinho de fazer o mesmo com a maternidade.
Mas viajar sozinha na gravidez é um tipo de viagem bem específico e, por isso, resolvi fazer esta lista de dicas para mulheres que queiram embarcar numa jornada como a minha. Nada aqui é norma, tudo é recomendação, para você adotar se servir e jogar fora se não.
Ignore a patrulha
Muita gente vai dizer que você não deve ir, é irresponsável e uma coleção de outras bobagens. Ignore. A voz importante é a sua interior. Isso faz sentido para você? Se a resposta for sim, além de você mesma, só escute seu médico. Não há risco algum em viajar sozinha, mesmo de avião, se sua gravidez for saudável e você estiver no período certo.
Escolha a época a dedo
Esta é a regra mais importante e a maneira mais fácil de estragar a viagem. A época mais gostosa para se viajar é dentro do segundo trimestre, quando você está imune dos mal-estares inesperados do primeiro e ainda não carrega aquele peso todo do terceiro.
Vai por mim: meu passeio entrou alguns dias no terceiro trimestre e esses foram justamente os dias nos quais fiquei tão cansada que não consegui curtir tudo planejado. Além disso, muitas companhias aéreas não aceitam gestantes com mais de oito meses de gravidez.
Já o segundo trimestre te deixa incrivelmente disposta e, para algumas mulheres, traz um estado de espírito bastante gostoso, de abertura e afeto gratuito com o mundo, que torna a aventura ainda mais deliciosa!
Tenha um bom seguro de viagem
Mesmo que o país para o qual você vá tenha um bom sistema público de saúde para estrangeiros, não abra mão disso. Sabe por quê? Porque o seguro de viagem também garante transporte gratuito para você e para o bebê de volta para casa se algo der errado. E a maioria oferece um acompanhante de sua confiança, com todas as despesas pagas, em caso de hospitalização.
Mas atenção: o seguro é para você e não para o bebê. Se ele ou ela nascer fora de casa, num imprevisto, você precisaria adquirir um para ele ou ela também. Mas fique tranquila, pois as chances de isso acontecer são superpequenas.
Prepare as malas com carinho
Também sou uma mochileira inveterada, mas desta vez optei pelas rodinhas. Para começar, já estava carregando uma “mochilinha” na frente; em segundo lugar, porque não é possível amarrar o apoio da mochila na cintura sem sentir desconforto (ao menos, não se você já tiver a barriga projetada); terceiro motivo: a resistência do corpo da gente realmente cai e você quer guardar energia para se divertir, não carregar malas.
Acredite: sou uma mulher bastante ativa e me exercito até seis vezes na semana. Mesmo assim, não dava conta de andar por muito tempo com uma mochila nas costas em terrenos com declive, por mais leve que ela fosse.
Outra coisa importante é se preparar para imprevistos. Quando você não está grávida, tudo bem pegar friagem, chuva e até passar calor. Gerando um bebê, tudo isso se torna um estresse grande demais para o corpo, podendo estragar sua festa e a do neném. Ah! Lembre-se de que você não poderá adquirir remédios e vitaminas fora do seu país, então leve todo o necessário, autorizado e recomendado pelo seu médico.
Não esqueça as autorizações e cuidados médicos
Algumas companhias aéreas exigem uma autorização médica por escrito para transportar gestantes. Mesmo se a que você estiver utilizando não pedir, sugiro levar por garantia – sempre pode haver um atendente desinformado para estragar a sua festa.
Também existem alguns exames que podem te deixar mais tranquila pra embarcar. A minha médica, por exemplo, quis fazer um ultrassom do meu útero para ter certeza da ausência de indicativos de parto prematuro. Ela também me deu seu contato de WhatsApp, para eu acioná-la em caso de qualquer imprevisto.
Se for de avião, meias de compressão!
Se sua viagem incluir avião, compre meias de compressão e elas te salvarão a vida! Como a circulação da mulher grávida está bombeando muito mais sangue do que o normal pelo corpo, é natural a pressurização da aeronave causar inchaços desagradáveis nas pernas. Mas eles são evitados se você usar essas meias, beber bastante água e dar caminhadas pela aeronave a cada três horas.
As minhas eram de compressão média, mas consulte seu médico caso você já apresente problemas de circulação antes da viagem. Ele pode recomendar uma mais firme.
Economize no tempo e não no conforto
Se o dinheiro estiver curto, viaje por menos dias, mas não abra mão de sempre dormir num lugar confortável, comer bem e ter água de qualidade confiável à sua disposição. Descuidar disso na gravidez pode te custar dores nas costas pelo resto da gestação ou uma toxoplasmose, por exemplo, com consequências terríveis para o bebê e para você.
Gaste seu dinheiro nos restaurantes mais seguros que encontrar, nas camas mais fofas e cheias de travesseiros e em garrafas de água sempre minerais. Não sei se isso serve pra todas, mas eu levei meu próprio travesseiro para viagem e ele me garantiu noites de sono restauradoras até no avião!
Tenha internet à mão
Não dá para brincar com isso. Desceu no novo destino, compre um chip. Você precisa conseguir acessar sua rede de apoio com um clique.
Pausando mais, curtindo mais, viajar grávida é uma meditação
Eu, que sou ligada no 220V, adorei o ritmo mais lento de viagem. Eu precisava parar em cafés ou para ler embaixo da sombra de árvores umas três ou quatro vezes ao dia e isso não se converteu num peso, mas numa maneira bonita de meditar enquanto viajava. Tente encarar as paradas necessárias como um presente.
Escute seu corpo radicalmente
Mesmo. Muito. Em toda a gravidez, ouvir o corpo é fundamental, mas numa viagem é ainda mais, porque você está testando limites novos. Digo isso porque aprendi do jeito mais doloroso: certo dia, resolvi subir escadarias imensas de três castelos antigos de Portugal, sem pausas, durante a tarde toda. Na minha cabeça, estava me exercitando para queimar os pasteizinhos de nata do café da manhã. Resultado? Passei o dia seguinte inteiro na cama, de exaustão.
Ouvir o corpo é uma sabedoria, e a gravidez oferece uma oportunidade ainda melhor para isso. Quem sabe não seguimos fazendo isso depois que nossos amados inquilinos deixarem nossos corpos?