Brasileiro paquera de forma agressiva – e os LGBTs sofrem mais
Pessoas transexuais sofrem 10 vezes mais assédio do que um homem heterossexual, por exemplo
atualizado
Compartilhar notícia
Nesta semana, uma pesquisa acabou com os argumentos das pessoas iludidas com a ideia de que no mundo LGBT reina o “pode tudo”. O machismo arraigado em nosso jeito de paquerar — beijo forçado e mão na bunda sem permissão — também acontece nas relações LGBT.
A pesquisa realizada pelo coletivo #VoteLGBT e a iniciativa Rua Livre, com apoio da Ben & Jerry’s, aconteceu durante o Carnaval 2018. Dos 1.170 foliões entrevistados na cidade de São Paulo — entre homens e mulheres cis e trans, gays e héteros — 80% afirmou ter visto algum ato de agressão sexual durante a festa. Beijos forçados, corpos sendo tocados sem consentimento, abuso sexual, agressão verbal e física foram listados como tipos de violência.
De acordo com o estudo, enquanto 3% dos homens cis heterossexuais sofreram, por exemplo, com beijos forçados, o número pula para cerca de 18% entre homens gays, 20% entre mulheres hetero cis e 24% entre mulheres LGBT. Pessoas transexuais têm o pior índice. Entre elas, a taxa vai a 33%. Uma ocorrência 10 vezes maior do que um homem não LGBT, por exemplo.
É preciso cuidado para analisar a pesquisa. Um desavisado poderia chegar à conclusão equivocada de que assédio sexual não é causado pelo machismo. Pois, segundo os números, homens também assediam outros homens. Ledo engano. Todas as pesquisas de violência contra mulheres provam: é, sim, machismo. Elas (LGBT ou não) tiveram mais beijos forçados no Carnaval se comparado ao sexo oposto.As pessoas LGBT também aprendem a namorar nesse caldo cultural podre onde a paquera é questão de poder e o outro é um objeto sexual a ser usado. Os homens ainda são criados para serem predadores, mesmo os gays. Isso, meus caros, pode ser considerado machismo em uma nova roupagem.
Além do mais, enquanto a sociedade “desumanizar” as pessoas, por meio do preconceito, maior serão as taxas de assédio contra elas. Por isso, transexuais tornaram-se as principais vítimas de violência física e assassinato entre todo o espectro da identidade sexual no Brasil. Elas também figuram entre as que mais sofrem paqueras invasivas.
O assédio, amigo-irmão do machismo, nasce da arte de transformar o outro em objeto de satisfação de desejos unilaterais. E, enquanto sociedade, temos todos que aprender — não importa se amamos Maria, João, Marias e Joãos…