5 mandamentos para a sociedade ajudar a criar bons pais
Todo homem adulto é responsável por suas ações, mas nós, enquanto amigos, podemos colaborar
atualizado
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Dia dos Pais é sempre uma oportunidade ótima para a gente ver as duas réguas com que a sociedade mede paternidade e maternidade. E a melhor medição da semana, a meu ver, veio do estudo publicado pela pesquisadora Regina Madalozzo, do Insper.
Depois de entrevistar 700 pais e mães com filhos de até seis anos, ela concluiu que ter filhos prejudica a mãe no mercado de trabalho, mas favorece os pais. É isso: o cara tem filhos e ganha aumento, prêmio salarial. A mãe passa a ser vista como um peso para a empresa — tem que dar licença-maternidade, onde já se viu? Tem que liberar mais cedo, que coisa é essa?
Mas um outro insight maravilhoso sobre o tema apareceu na minha timeline, no desabafo de um pai, o Matheus Pichonelli: “Nesse dias dos pais, queria agradecer a todo mundo que não associou o tempo dedicado a meu filho como uma falha do amigo que já não frequenta bares, restaurantes e até festas de aniversário depois das 18h com a mesma facilidade de antes”.
Pra mim, a sacada genial do Matheus foi apontar que, se tem tanto pai medíocre por aí, talvez seja porque nós, como sociedade, estamos criando um clima em que ser mau pai é digno de celebração, enquanto dedicar-se no mesmo nível que as mães, motivo de chacota. Claro, todo homem adulto é responsável por suas ações (ou falta de ação) e deve responder sozinho por elas.Mas nós, enquanto amigos, podemos colaborar. E, mesmo que não tenhamos filhos, podemos mudar as brincadeiras que fazemos, os comportamentos que valorizamos e a cultura que promovemos para uma que valorize uma participação igualitária entre pais e mães na vida das crianças. Inspirada no Matheus, fiquei bolando uns mandamentos para os comprometidos em construir uma sociedade com melhores pais:
1. Não pressionarás seu colega pai a ficar no happy hour até tarde. Lembre-se: por trás de todo pai bêbado e feliz pode haver uma mãe sobrecarregada e crianças que não usufruem suficientemente da companhia de seu pai.
2. Não te portarás como se cada gesto de boa paternidade merecesse um Oscar. Claro, ser bom pai é algo muito louvável, como o é ser boa mãe. Mas é isso: o cara não faz mais que a obrigação e não merece créditos extras para aprontar com a esposa mais tarde e ser perdoado porque, afinal, “ah, mas ele é tão bom pai”.
3. Não chamarás teu amigo de “pau mandado” da mulher quando ele dividir as tarefas relativas às crianças com ela. Ou a gente chama a mulher de pau-mandado quando ela, sozinha, lava, passa, cozinha, trabalha fora, ajuda a criança a fazer lição de casa, dá banho e põe pra dormir? Por um acaso precisa de dois cromossomos X pra conseguir fazer essas tarefas?
4. Não te omitirás quando um pai fugir da paternidade. Pra começar, paternidade só é escolha na hora do sexo. Parceira grávida, se torna obrigação. Nenhuma mulher é megera por demandar pensão; não trate seu amigo como coitadinho, se ele não estiver querendo pagar, não seja omisso: critique.
5. Acharás normal quando um subordinado na empresa tiver que sair mais cedo do trabalho pra levar o filho no hospital e deixarás claro a seus funcionários que esta é uma possibilidade para outros pais. Se pais e mães alternassem as responsabilidades com emergências em horário de trabalho, ia ficar mais leve pra todo mundo – inclusive para os empregadores. Além disso, as mães iam deixar de sofrer um estigma tão forte de que são piores profissionais depois que dão à luz.
E você, que mandamento acrescentaria a esta listinha?