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Volta às aulas 2020 é realidade cada vez mais distante

Apenas dois estados brasileiros retornaram suas atividades presenciais. Reabertura das escolas gera insegurança nos pais.

atualizado

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A volta às aulas presenciais tem sido marcada por um constante vai e vem em todos os estados. Nas últimas semanas, seis estados brasileiros recuaram suas decisões sobre o retorno das atividades escolares. Atualmente, das 24 unidades da federação, 16 não tem uma data definida para a volta às aulas . Com as escolas fechadas desde março, pais, alunos, professores e gestores se esforçam para diminuir os abismos impostos pela pandemia do novo coronavírus (COVID-19).

Com a vacina ainda nas fases de pesquisa e o número de casos no país em contínua ascensão, muitas famílias não se sentem seguras em enviar seus filhos para escola. A pesquisa Datafolha publicada na última segunda-feira, dia 17, no site do jornal “Folha de S.Paulo”, apontou que 79% dos brasileiros acredita que o retorno das aulas nas escolas vai agravar a pandemia. Para esse mesmo percentual de pessoas, as escolas deveriam continuar fechadas.

A baixa adesão dos pais ao retorno das aulas presenciais fez com que quatro cidades do ABC paulista descartassem a volta em 2020. Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra já determinaram que o retorno das aulas só ocorrerá em 2021. Nessa mesma linha, a Secretaria Estadual de Educação do Acre informou, no começo de agosto, que as aulas presenciais estado também não voltam em 2020.

No Brasil, os dois estados que já abriram as escolas precisaram interromper as atividades presenciais após registro de casos de COVID-19. Em Manaus (AM), os alunos da rede pública foram dispensados depois que uma professora testou positivo para a doença. Já em São Luís (MA), duas situações semelhantes ocorreram em duas escolas da rede privada de ensino.

Ao redor do mundo, a reabertura das escolas também tem enfrentado diversos desafios. A adoção de protocolos de biossegurança, como distanciamento entre carteiras, uso de máscaras e barreiras acrílicas nos ambientes escolares, mostraram-se pouco eficientes para conter o aumento no número de novos casos de COVID-19.

Na França, o relaxamento do lockdown ocorreu em maio, possibilitando que algumas escolas abrissem de forma voluntária, sem exigir a presença dos alunos. Pouco tempo depois da reabertura, pelo menos 70 casos foram registrados e algumas escolas chegaram a ser fechadas novamente. A mesma situação foi observada na Coreia do Sul, país que vem sendo considerado referência no combate ao coronavírus. Na capital Seul, mais de 200 escolas precisaram fechar logo após a retomada das aulas devido a novos surtos da doença.

Nos Estados Unidos, cerca de 820 alunos e mais de 40 funcionários precisaram entrar em quarentena apenas seis dias após a reabertura das escolas. A situação aconteceu no distrito escolar do condado de Cherokee, no norte da Geórgia. O uso de máscaras não é obrigatório no condado, porém, os funcionários das escolas foram obrigados a cobrirem o rosto durante as aulas.

Embora o número de infectados no país esteja atingindo números cada vez maiores, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem pressionado a retomada das atividades presenciais nas escolas. Em entrevista coletiva, Trump afirmou que “não se pode impedir em definitivo 50 milhões de crianças de frequentar a escola.”

Se por um lado as aulas presenciais oferecem alto risco de contaminação, por outro o acesso às aulas remotas não é realidade para todos os brasileiros. No começo do mês de agosto, o Ministério da Educação informou que não sabe dizer quantos estudantes da rede pública têm assistido às aulas pela TV ou pela internet nos últimos meses. O ensino a distância foi adotado como alternativa para diminuir os impactos causados pela suspensão das aulas presenciais.

Para a pedagoga Roberta Mendes, as aulas remotas representaram o início de uma transformação tecnológica e cultural necessária. Entretanto, também deixaram mais evidente as desigualdades no país. “As aulas iniciadas remotamente trazem a dificuldade de acesso ao conteúdo de muitas crianças e jovens, os quais em um mês estavam com aulas suspensas, e em outro, tiveram que lidar com a tecnologia para acompanhar conteúdos que deveriam ser de fácil acesso”, afirma.

Mendes ainda completa que, para o formato híbrido de ensino funcionar, é preciso oferecer condições estruturais básicas para os alunos. “Inovar é a base para o desenvolvimento, mas para esse passo ser dado com qualidade e efetividade, é necessário começar pelo básico, como o acesso à internet”, finaliza.

Nesse sentido, a Quero Educação deu início ao movimento “Internet pela Educação” . A iniciativa tem como objetivo mobilizar a sociedade quanto à necessidade dos conteúdos didáticos, pedagógicos e educacionais na internet serem acessados por todos, sem que hajam barreiras impostas pelos planos de dados. A proposta visa a criação de um instrumento para identificar videoaulas, transmissões de aulas remotas por softwares de videoconferência, ambientes virtuais de aprendizado e documentários, a fim de dar amplo acesso a todo e qualquer conteúdo que possa ter fins educacionais.

A educação remota evidenciou o grande número de excluídos digitais, um problema que não é novo no país. De acordo com o manifesto do movimento, “a internet é também uma ferramenta pedagógica essencial ao processo de ensino e aprendizado, desde a educação infantil até o ensino superior”, portanto, deve ser reconhecida como item essencial pelo governo e pelas empresas de telecomunicações.

Sobre o Melhor Escola

O site Melhor Escola conecta alunos a escolas da Educação Básica desde 2013. Em 2019 a empresa passou a fazer parte do grupo Quero Educação, a maior plataforma de serviços de educação da América Latina. Atualmente, o marketplace possui mais de 7.500 escolas parceiras e também conta com informações de todas as escolas cadastradas no MEC (mais de 193 mil), incluindo avaliações de pais, alunos, ex-alunos e professores.

Website: https://www.melhorescola.com.br/

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