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O programa de TV Globo Caldeirão do Huck, no quadro “Lata Velha”, sábado, dia 13, apresentou a história de uma dupla de amigos, moradores da Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, que realizou a maior prova de amor e amizade: a doação de órgãos. Monique, de 36 anos, é portadora da síndrome de Goodpasture – uma doença rara, grave e autoimune, ou seja, o próprio corpo produz anticorpos que atacam simultaneamente o pulmão e os rins. Para salvar a amiga, Joilson, de 47 anos, não hesitou e doou um rim para ela. Em retribuição, Monique se inscreveu no programa para tentar consertar o carro do amigo.
Segundo o nefrologista do Hospital São Lucas Copacabana, Dr. Pedro Tulio, o tratamento de Monique reverteu a lesão pulmonar, mas ela permaneceu dependente de hemodiálise, assim, a melhor terapia era um transplante: “O transplante pode ser feito com doador vivo ou falecido. No caso de doador falecido, o paciente entra numa fila para aguardar um compatível. Muitas vezes, esse processo pode demorar”.
O médico explica que o Brasil realiza cerca de 6 mil transplantes renais por ano, destes, 5 mil são com doadores falecidos e apenas mil com doador vivo. “Temos capacidade de dobrar esse número, mas as pessoas ainda relacionam doador vivo com um parente, mas é possível ter compatibilidade mesmo sem laços consanguíneos, aí estamos falando de laços de afeto e solidariedade”, enfatizou o nefrologista.
O Brasil prevê, na Lei 9.434, de 1997, modificada pela Lei 10.211, de 2001, que “É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do §4o deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial.”.
Para Pedro Tulio, a legislação brasileira de transplantes é uma das mais rigorosas do mundo, e isso garante a lisura e transparência dos transplantes no país. “Os transplantes com doador não aparentado hoje no Brasil são 7% do total de transplantes realizados com doador vivo. Nos EUA, esse tipo de doador já perfaz mais de 50% do total.”
A doação em vida, desde que respeitada uma rigorosa avaliação pré-operatória, é segura, com riscos de complicações graves inferiores a 0,5%. “Vemos que, muitas vezes, o vínculo entre amigos é até mais forte que alguns laços familiares, então percebo como algo válido e que potencialmente salva muitas vidas, o que é fundamental, pois cerca de 25 mil pessoas esperam por um transplante renal no Brasil”, finaliza o nefrologista.