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O transplante combinado fígado-rim (TCFR) é o principal procedimento indicado para pacientes em fase terminal da doença hepática e renal concomitante, sendo responsável por cerca de 5% de todos os transplantes hepáticos realizados no país. As indicações mais frequentes para o TCFR são doença hepatorrenal policística; síndrome hepatorrenal pelo vírus da hepatite C; cirrose; nefropatia diabética e falência renal.
O médico transplantador do Hospital São Lucas Copacabana, dr. Eduardo Fernandes, explica que tanto as doenças hepáticas quanto as doenças renais provocam limitações importantes na vida dos pacientes à medida que vão se agravando. No estágio terminal, o transplante de órgãos é a única alternativa terapêutica eficaz.
“O enxerto hepático exerce efeito protetor imunológico sobre o enxerto renal quando ambos os órgãos são provenientes do mesmo doador, com isso, diminuem-se as chances de rejeição dos órgãos”, explica o médico.
Dr. Pedro Túlio, chefe de equipe da Nefrologia e responsável pelo transplante renal, comenta que o avanço na área de transplantes nos últimos 15 anos indica que há maior sobrevida de pacientes com disfunção renal diálise-dependente submetidos ao transplante duplo quando comparado com aqueles que realizam apenas o transplante hepático. Além disso, a disfunção renal antes e depois do transplante hepático é o maior determinante de mortalidade.
Renata Pereira Bezerra, mãe do paciente Felipe Pereira Bezerra de Barros, 18 anos, conta que seu filho sofria de fibrose hepática congênita e fígado policístico e entrou em falência renal. O jovem tinha várias limitações, por exemplo, não podia praticar esportes e não tinha qualidade de vida. O transplante combinado de fígado e rim foi a alternativa para reverter esse quadro, e aconteceu ano passado.
“A vida do meu filho mudou 100%, até o lado psicológico melhorou. Hoje ele tem praticamente uma vida normal, faz atividades físicas, estuda e tem uma rotina típica de um adolescente. Sou muito grata a essa família que, num momento de tanta dor, como é perder um ente querido, doou os órgãos e salvou a vida do meu filho.”
Vale ressaltar que esse procedimento só pode ser feito em centros de referência para transplantes de órgãos abdominais, pois, além da tecnologia de ponta, é necessária uma equipe altamente especializada. “Aqui no São Lucas estamos aptos e credenciados pelo Ministério da Saúde para realizar o referido transplante, além de outras modalidades de transplantes abdominais”, enfatiza Fernandes.
A correlação entre o fígado e o rim
O fígado e o rim são órgãos nobres na fisiologia humana. O fígado mantém o metabolismo do corpo, ao processar proteínas, lipídios, carboidratos e vitaminas, sintetizar proteínas e degradar substâncias tóxicas. O rim, por sua vez, excreta os produtos tóxicos do metabolismo, regula precisamente o equilíbrio do organismo e age como um órgão endócrino, secretando hormônios.
Sendo assim, tanto as doenças hepáticas quanto as renais têm consequências a longo prazo e, portanto, podem submeter o paciente a uma vida limitada à medida que vão se agravando. No estágio terminal das doenças de fígado e rim – doença hepática aguda ou crônica em fase terminal e insuficiência renal crônica em fase terminal –, o TCFR, além de indicado, torna-se a alternativa terapêutica mais eficaz e a que promete melhor expectativa de vida para os doentes e representa uma nova chance para pacientes que, até há pouco tempo, estavam excluídos das listas de transplantes.