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Transformar a loja física em centro de distribuição é caminho sem volta no varejo brasileiro

A pandemia causada pelo coronavírus mudou as relações de compra em diversas áreas. Diante do cenário, as empresas buscam novas formas de se aproximar do consumidor digital

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Através de um panorama entre os hábitos de compra antes da pandemia de covid-19 e o momento atual é possível notar que o varejo e o consumidor mudaram ao longo do tempo. Se antes era preciso ir até a loja para escolher o produto, pagar e levar para casa, hoje a situação é outra: compras por sites , aplicativos, WhatsApp ou até pelo telefone e recebe sem ter que sair de casa. Essa se tornou uma realidade imposta pelas medidas de restrição e isolamento social, mas que apresenta uma tendência de continuar no futuro pelos benefícios e pelas vantagens que trouxe aos cidadãos. Dessa forma, as lojas físicas precisarão assumir um novo papel daqui por diante. No processo, elas vão se transformar em centros de distribuição.

É uma quebra de paradigma interessante no varejo. A ideia de integração de canais de vendas (o omnichannel, debatido nos últimos anos) passou da teoria à prática – ainda que de forma abrupta por conta do avanço do novo coronavírus. Com o intuito de respeitar as regras impostas para prevenir o contágio, as pessoas recorreram ao ambiente digital, e as empresas não tiveram alternativa senão disponibilizar essas ferramentas a seus clientes. A prática surtiu efeito, e um levantamento da agência de marketing digital Raccoon para o projeto E-commerce Brasil mostra que nove em cada dez (89,1%) profissionais ligados ao varejo acreditam que as estratégias digitais terão mais importância no pós-pandemia.

Essa aceleração digital está mudando a percepção da própria loja física, que se posiciona como um elemento importante das entregas, principalmente entre as grandes redes do país. Dois fatores principais explicam esse cenário. O primeiro deles diz respeito à própria mudança da experiência de compra. Se o consumidor não vai mais à loja, essa precisa ir ao encontro do consumidor – e com mais eficiência do que os concorrentes.

Isso se revelou um desafio para a logística nacional, que de uma hora para outra encarou aumento de demanda e na de pressão por entregas mais rápidas. Em alguns casos, as compras precisam ser entregues no mesmo dia, como itens de farmácia e supermercados. Assim, levar o produto da loja mais próxima até o usuário é muito mais eficiente, barato e simples do que transportar o pedido desde o centro de distribuição.

O segundo fator decorre da presença de novos modelos logísticos no mercado brasileiro. Há pouco tempo, o varejista não tinha muitas escolhas na hora de garantir o transporte de suas mercadorias para pedidos nos canais digitais. As empresas menores ficavam reféns dos Correios, enquanto as maiores recorriam às transportadoras, que, por sua vez, encontravam dificuldades para realizar o último trecho das entregas. Agora, com o advento do conceito de crowdshipping (em que cidadãos comuns com veículos transportam encomendas), foi possível dinamizar esse serviço, permitindo redução no tempo – algo a ser considerado em um cenário pandêmico.

Para essa realidade funcionar, é preciso que as lojas físicas sigam o exemplo de seus consumidores e também adotem a tecnologia em seus processos – e não apenas como canais de vendas e de relacionamento. Grande parte dos principais problemas logísticos que as empresas enfrentavam no Brasil obtiveram soluções com o apoio de TI integradas nos sistemas de gestão. Hoje, há plataformas de crowdshipping que conseguem combinar inteligência artificial e machine learning para entregar a melhor experiência ao lojista e ao cliente, conectando rapidamente os entregadores e avisando qual loja mais próxima tem estoque para determinado pedido. O ambiente tende a economizar tempo e dinheiro.

Os desafios que cercam o varejo brasileiro ainda são muitos, mesmo com um ano de pandemia. A doença tende a manter a necessidade do isolamento social, obrigando os estabelecimentos a continuarem de portas fechadas e operando quase que exclusivamente nos canais digitais. Contudo, mesmo com as incertezas, é possível visualizar que as lojas físicas não serão mais as mesmas no futuro. Elas devem se transformar no hub da marca, combinando vendas, relacionamento e centro logístico ao mesmo tempo.

*Por Vinicius Pessin, CEO da Eu Entrego, startup de entregas colaborativas – e-mail: euentrego@nbpress.com

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