Compartilhar notícia
A tecnologia CRISPR existe já há muitos anos, mas recentemente ganhou notoriedade pela pesquisa desenvolvida pelas cientistas Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna ter recebido o Prêmio Nobel de Química de 2020. A tecnologia é apontada como bastante promissora em diversos campos da ciência. Uma das áreas que pode ser beneficiada com a evolução dos estudos é o tratamento de doenças genéticas. Estimam-se que atualmente 4% da população mundial sofrem de algum tipo de doença rara, que geralmente são ocasionadas por alterações genéticas no DNA. Uma das doenças que está avançando nas pesquisas que utilizam a tecnologia CRISPR é o Alzheimer, enfermidade que normalmente atinge idosos, mas que recentemente tem se desenvolvido em adultos através do chamado Alzheimer precoce, levantando um alerta ainda maior para o assunto. Um grupo de pesquisadores pertencentes à Universidade de Laval, no Canadá, está trabalhando no desenvolvimento de um tratamento preventivo para a doença e obtendo bons resultados até o momento.
A pesquisa é liderada pelo canadense Dr. Jacques Tremblay e é baseada na substituição de uma treonina na posição 673 da Proteína Precursora Amiloide por uma alanina e apresentou bons resultados em pesquisa realizada em pacientes com a doença, até mesmo em pessoas acima de 95 anos. O processo da doença ocorre quando uma ação da beta secretase ocorre na proteína precursora amiloide, que quando age na proteína, acaba gerando a formação do corpo amiloide que leva a dificuldade na transmissão neuronal, já que se se contra na sinapse. Isso então evita a comunicação sináptica de forma eficiente e essa alteração genética é um dos objetivos da pesquisa realizada pela equipe canadense, que visa deixar a proteína precursora amiloide mais resistente à ação da beta secretase e consequentemente não formar o corpo amiloide com intensidade. Desde Maio de 2019, a pesquisa de Tremblay obteve inclusive registro de patente (nº 10.280.419) nos Estados Unidos, para um eventual tratamento da doença de Alzheimer com base na inserção com a tecnologia científica. A CRISPR pode ser explicada de uma forma mais simples ao comparar a técnica com uma espécie de tesoura genética, onde fragmentos podem ser cortados, retirados e substituídos por outros fragmentos, possibilitando uma edição de partes do DNA que não estão saudáveis por outra parte saudável. A técnica também pode ser usada para a prevenção da doença, pois é possível identificar uma hereditariedade genética e prosseguir na edição desse material antes que o paciente desenvolva e apresente o quadro clínico.
Essa modificação genética pode beneficiar diversos outros estudos além da doença de Alzheimer, é o que diz o médico brasileiro, Dr. Marcello Bossois, que faz parte da equipe chefiada pelo Dr. Jacques e é coparticipante na patente. Marcello destaca que ainda existe um longo caminho para que os estudos relacionados ao uso da CRISPR em casos de Alzheimer sejam aplicados no tratamento de pacientes, pois é necessário passar por algumas fases relacionadas a financiamento, assim como o debate que envolve questões éticas da aplicação da CRISPR. Esse debate será também sobre a técnica como um todo e não somente para o tratamento do Alzheimer. Desde o início da epidemia de Covid-19, ele vem trazendo novidades sobre o assunto em seu canal no YouTube, onde possui uma lista de reprodução de vídeos que explica alguns pontos sobre a tecnologia científica. No canal do Projeto Brasil Sem Alergia, ele aborda também outros assuntos relacionados à saúde e responde algumas dúvidas de pacientes sobre temas como alergias, Covid-19 e doenças imunológicas. O projeto existe há uma década e já atendeu mais de quatrocentos e cinquenta mil pacientes em todo o país e conta com uma equipe especializada que oferece atendimento gratuito em algumas unidades, incluindo a recente aquisição de uma unidade móvel, o ônibus do Projeto, que leva consultas e exames de alergia gratuitos para alguns Municípios da cidade do Rio de Janeiro.
Website: https://g.co/kgs/C4LPd7