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Uma fratura na perna e seis meses em uma cadeira de rodas. No intervalo entre o acidente sofrido em um jogo de futebol e a plena recuperação, Agamenon Santa Cruz vivenciou uma realidade. “Em nenhum momento nesta pandemia os cadeirantes foram contemplados com alguma ideia ou solução que os protegesse no acesso aos estabelecimentos”, observa o empresário. Diretor da Infatec Soluções Tecnológicas, startup com matriz em Teresina (PI), Santa Cruz lançou-se, então, a um desafio. Aliando tecnologia inteligente e conceitos ecologicamente sustentáveis, desenvolveu a Esteira Sanitizante 3 em 1. Instalado nos acessos de escolas, hospitais, shoppings, lojas, restaurantes, repartições públicas e em outros locais de maior circulação de pessoas, o equipamento e o uso dos produtos sanitizantes apresentam uma solução completa para prevenção de doenças, em especial a Covid-19, abrangendo todos os públicos.
No tempo em que utilizou provisoriamente a cadeira de rodas, Agamenon Santa Cruz sensibilizou-se ainda mais para a realidade do deficiente e sua acessibilidade.
Segundo o empresário, já era notória a ineficiência dos tapetes de 60cm x 40cm com soluções de hipoclorito e quaternário de amônio (compostos químicos usados em soluções desinfetantes), nestes locais para atender de forma mais ampla todas as necessidades. “Eu já pensava em como o novo Coronavírus é carregado pela sola dos sapatos, nas rodinhas das macas dos hospitais e pelas cadeiras de rodas, mas naquela situação me preocupei ainda mais”, conta.
Foi então que o empresário se impôs o desafio de desenvolver com a equipe da Infatec um equipamento que representasse uma solução para o cadeirante, em especial, e também para o público que acessa estabelecimentos públicos e privados.
Uma avaliação recente realizada em uma cadeira de rodas pela microbiologista Rosana Siqueira, da Unimetrocamp, em Campinas (SP), comprovou a existência de milhares de bactérias nas rodas e nas estruturas usadas pelo cadeirante para a locomoção. Com a técnica de swab, como é conhecida a coleta com o auxílio de hastes flexíveis, a pesquisadora chegou a constatar 13 mil bactérias na região de contato com as mãos do cadeirante. A análise demonstra a capacidade que os instrumentos de locomoção têm para abrigar e transportar microrganismos, como bactérias, fungos e vírus prejudiciais para a saúde para dentro dos ambientes.
Após quatro meses e vários protótipos desenvolvidos pela startup, a Esteira Sanitizante 3 em 1 estaria pronta para uso público. O equipamento inovador, produzido a partir de tecnologia inteligente e conceitos ecologicamente sustentáveis, compõem-se de um tapete que recebe solução desinfetante, um terminal medidor de temperatura corporal, um dispenser de álcool em gel (em altura acessível) e um software de gerenciamento integral. Tanto a solução desinfetante quanto o software foram desenvolvidos pela Infatec.
Para a Esteira, a startup pesquisou um produto sanitizante com “pegada” natural. Mesmo porque as barreiras físicas existentes, como as cabines de desinfecção, provocavam a rejeição dos usuários, justamente por oferecerem hipoclorito e quaternário de amônio, produtos tóxicos em contato direto com a pele, como sanitizantes.
“Nos respaldamos na RDC 422/2020, uma normativa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para formular a solução para a Esteira Sanitizante”, diz Santa Cruz. Na composição do sanitizante, que leva o nome comercial Saic, há peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e extratos de barbatimão, aroeira e alecrim (plantas medicinais) “Além de fazer realmente a higienização e eliminar bactérias e vírus, incluindo o Coronavírus, o produto proporciona um aroma muito agradável”, completa.
Certificações e eficiência
O produto, que é utilizado na Esteira para sanitização, foi submetido a testes no Instituto de Biologia da Universidade de Campinas (Unicamp). “Fizemos análises sobre a eficácia do produto através de cepas contaminadas de fungos, vírus e bactérias. Uma avaliação, em especial, foi realizada sobre uma cepa contaminada somente com o Coronavírus”, afirma o empresário. O produto, destaca Santa Cruz, chegou a 99,99% de eficácia, inclusive contra o Coronavírus, conforme laudo do IB da Unicamp.
O Saic também passou por testes na Ecolyser – Comitê de Ética em Pesquisa. “Neste laboratório renomado, com braço na União Europeia, foram feitos os testes de teor, de estabilidade do produto e toxicológico”, diz. O produto está sendo envasado tanto para uso na Esteira como para comercialização em versões concentrada e pronta para uso em embalagens de 5 litros, 1 litro, 500ml e 100ml.
A eficiência da Esteira Sanitizante 3 em 1, comprovada como barreira sanitária em que não há formação de gargalo no acesso aos estabelecimentos, também está na acessibilidade. “Tanto as pessoas com mobilidade normal, incluindo as crianças, quanto os cadeirantes passam à vontade e têm a temperatura corporal medida automaticamente”, diz Santa Cruz. O equipamento conta ainda com um tapete que enxuga o excesso de líquido no solado dos calçados ou as rodas das cadeiras e das macas hospitalares. A toxidade também é nula, quando há contato das mãos dos cadeirantes com o peróxido de hidrogênio e a solução de barbatimão, aroeira e alecrim, o produto sanitizante do equipamento.
Na capital piauiense, onde se localiza a matriz da startup, a Esteira Sanitizante está instalada em dezenas de locais como: Tribunal de Justiça do Piauí, Universidade Estadual do Piauí, Secretaria Municipal de Administração (Sema), no Instituto Dom Barreto e no Restaurante Mangangá. Em Santo André (SP), o equipamento é utilizado por frequentadores do Global Auto Shopping. No município de Caxias (MA), está disponível no Complexo Hospitalar Gentil Filho e em São Paulo (SP), no Hospital Geral Vila Penteado. De acordo com o diretor da Infatec, há várias solicitações para instalação do equipamento em outros locais no Brasil e exterior (Portugal). A Infatec tanto comercializa a esteira quanto a oferece para locação.
Website: http://infatec.net.br/