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Reino Unido em 2020: impactos do Brexit, da pandemia e da recessão

O ano no Reino Unido começou com o acordo pelo Brexit, que está em andamento. Em seguida, veio o impacto da pandemia do novo coronavírus. Atualmente, o Reino Unido é o quarto mais afetado pela doença, atrás de EUA, Brasil e Rússia. O texto vai elencar como foram os cinco primeiros meses da gestão Boris Johnson, como o governo enfrenta a recessão econômica e as perspectivas de reabertura prevista para este mês.

atualizado

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O ano de 2020 começou agitado para os países membros do Reino Unido, que estão tendo seis meses desafiadores sob o comando do primeiro ministro Boris Johnson.

Depois de muitas idas e vindas, Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales oficializaram a saída do grupo da União Europeia, naquilo que ficou conhecido como Brexit.

Na sequência, veio a pandemia da covid-19, que assolou o mundo. A síndrome respiratória grave que pode levar à morte em caso de complicação, já atingiu quase 300 mil pessoas no Reino Unido, que atualmente ocupa a 5ª colocação entre os países mais acometidos pela pandemia.

Com mais de 42 mil mortes, a região é a 3ª no número de mortes, atrás apenas de Brasil (44.118 mortes) e EUA (117.810 mortes) em meados de junho.

Apesar dos números elevados, o Reino Unido apresentou redução nas taxas de contaminação depois de implementar o lockdown, o fechamento completo de todas as atividades econômicas no país por três meses.

Com os resultados de maio apontando para a estabilização de novos casos da doença, o plano de reabertura gradual das atividades não essenciais foi colocado em prática no começo de junho.

A pandemia e a demora do governo para tomar providências para conter a disseminação do vírus afetaram diretamente o mercado de trabalho e, consequentemente, a economia.

De acordo com dados oficiais, 600 mil postos de trabalho foram ceifados desde o início do confinamento. E o cenário poderia ser ainda pior se o governo não tivesse apresentado a cobertura de 80% dos salários dos funcionários que não podiam entrar em quarentena.

Na economia não é diferente. Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas, ONS na sigla em inglês, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido em abril despencou 20,4% em comparação com o mês anterior, uma queda recorde.

Comparado com fevereiro, antes do novo coronavírus sair da China atingir o status de pandemia, a contração da economia britânica é de quase 25%.

Brexit

Em meio ao caos mundial provocado pelo novo coronavírus, o Reino Unido tem ainda outra questão delicada para resolver até o final de 2020: a saída da União Europeia.

Por enquanto, o Brexit encontra-se em período de transição, o que significa que o Reino Unido continuará a seguir todas as regras da União Europeia, sem alteração de sua relação comercial.

Essa situação será mantida até o dia 31 de dezembro de 2020. Esse tempo deverá ser suficiente para que os dois lados estabeleçam um novo acordo de livre comércio.  

Como o Brexit implica na saída do Reino Unido da união aduaneira e do mercado único ao fim da transição, um acordo desse tipo irá permitir que as mercadorias circulem livremente pela União Europeia sem inspeções ou taxas extras.

Há ainda que desenrolar questões ligadas à legislação ambiental e trabalhista, regras de comércio, definição de áreas de pesca marítima e a situação da fronteira entre Irlanda, que faz parte da UE e a Irlanda do Norte, que não faz.

A União Europeia queria adiar as negociações para que ambos os lados possam concentrar esforços para mitigar os danos causados pela pandemia na Europa, o governo britânico segue irredutível em deixar de participar do bloco.

Pacote econômico

O governo britânico tem anunciado uma série de medidas e investimentos para tentar reduzir os efeitos nocivos provocados pelo novo coronavírus na economia daquela região.

Serão £ 20 bilhões para o socorro de pequenas e médias empresas por meio da suspensão do pagamento de impostos por um ano e garantias do governo para o pagamento de salários, alugueis e outras despesas.

Além disso, outros £ 330 bilhões serão destinados a empréstimos a serem concedidos a todas as companhias britânicas, muitos a juros zero, pelos próximos seis meses.

O pacote econômico anunciado pelo governo corresponde a 15% do PIB (Produto Interno Bruto) britânico, que contabiliza todas as riquezas produzidas pelo país no período de um ano.

Antes disso, já havia sido anunciado outro pacote num valor aproximado de R$ 182 bilhões, dos quais cerca de R$ 73 bilhões serão destinados ao sistema de saúde público.

Com isso, o mercado tem reagido positivamente. A prova é que a libra esterlina tem avançado frente ao dólar, que enfrenta problemas no mercado externo por conta da pandemia. A cotação da divisa britânica segue na casa dos R$ 6 em junho.

Outro ponto que puxou a alta foi o começo da retomada das atividades econômicas. A reabertura gradual da economia está permitindo a liberação de quase todas as atividades comerciais. Ficam proibidos de funcionar, por enquanto, pubs, hotéis, restaurantes e salões de beleza.

A flexibilização ocorre aos poucos e os consumidores tendem a ficar cautelosos em um primeiro momento. Portanto, a recessão ainda vai se arrastar por algum tempo, segundo os especialistas.

Dependendo do rumo que as tratativas relacionadas com o Brexit, as perspectivas de reaquecimento da economia podem ser boas para a terra da rainha.

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