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Não é segredo que o ambiente organizacional foi severamente impactado pela pandemia do coronavírus. Antes, muitos acreditavam que os escritórios eram essenciais para a produtividade e, de um dia para outro, as organizações se adaptaram a uma rotina completamente nova, adotando tecnologias que possibilitaram o trabalho remoto.
Assim, 2020 foi marcado pela quebra de paradigma, com a possibilidade de trabalhar de qualquer lugar e a qualquer tempo, graças à transformação digital. Agora em 2021, cada vez mais as organizações estudam a possibilidade de manter o trabalho remoto, ainda que de forma parcial, em uma rotina de trabalho híbrida.
O recém-publicado Microsoft Work Trend Index, em março de 2021 – resultado de um estudo realizado através da análise de trilhões de dados de produtividade oriundos do Microsoft 365 e do LinkedIn, além de entrevistas com mais de 31 mil pessoas em 31 países incluindo o Brasil, aponta que 73% dos entrevistados apoiam e desejam que o trabalho remoto permaneça de forma híbrida, possibilitando que os colaborares aproveitem a flexibilidade do trabalho remoto, sem perder a interação do presencial.
Na mesma linha, o estudo ‘Projetando 2030: uma visão dividida do futuro’ analisou os impactos das tecnologias até 2030. A pesquisa, encomendada pela Dell Technologies ao Institute For The Future, contou com a participação de 3.800 líderes de médias e grandes corporações em 17 países, incluindo o Brasil.
De acordo com o estudo, no país o potencial de mudança no futuro do trabalho remoto ainda é tímido: apenas 38% dos brasileiros afirmam que o novo estilo de trabalho permite mais concentração nas atividades, 36% conseguem um melhor equilíbrio entre as vidas profissional e pessoal, 29% sentem que são mais produtivos quando não precisam gastar tempo se deslocando para outro lugar para começar o expediente.
“Outro dado interessante, é que os brasileiros tendem a priorizar as interações pessoais, quando questionados sobre a melhor forma de contato com os colegas de trabalho, 55% apontam que preferem conversar face to face, enquanto apenas 7% optam pelo uso do telefone, 7% pelo vídeo e 31% não têm um formato preferido”, detalha o CEO da Global TI .
Além disso, apenas 31% dos trabalhadores entrevistados apontaram que têm o suporte necessário para trabalho remoto e 93% estão enfrentando algum tipo de obstáculo para sentir que lideram uma empresa digital de sucesso. Dados que, analisados em conjunto, ressaltam o momento de transformação e aprendizado que as organizações estão passando. Apesar deste cenário, 51% dos brasileiros consideram que a tecnologia torna o trabalho bem mais fácil, contra uma média mundial de 34%.
Desta forma, o futuro da transformação do local de trabalho vai depender diretamente da cultura organizacional onde os trabalhadores estão inseridos. Os líderes precisam se adaptar para atender às novas expectativas dos colaboradores, como desenvolvimento de novas habilidades, acompanhamento e experiências personalizadas e suporte holístico para o bem-estar, mesmo enquanto trabalham remotamente.
A exemplo, o estudo ‘Acelerando a jornada para RH 3.0’, conduzido em parceria pela IBM e a Josh Bersin Academy (que capturou as percepções de mais de 1.500 executivos globais de RH entrevistados em 15 setores em 20 países, incluindo o Brasil), destacou o caso do Burger King Brasil.
Segundo o estudo, a organização é exemplo pela rápida resposta às expectativas e necessidades dos trabalhadores neste período de pandemia. O BK Brasil, em parceria com a IBM, criou um assistente virtual, baseado no Watson Assistant, para fornecer durante a pandemia suporte de autoatendimento aos 16 mil funcionários da empresa e, em média, respondeu a 1.100 perguntas por dia em apenas 1 mês.
Já o estudo Work 2035 (realizado pela Citrix com 500 líderes C-suite e 1.000 funcionários da companhia), aponta que o uso de ferramentas de Inteligência Artificial será forte aliado neste processo de transformação do trabalho, nos tornando mais inteligentes, eficientes e até abrindo novas funções no mercado de TI.
No estudo, 82% dos líderes de negócios apontam que todas as organizações terão um Chefe de Inteligência Artificial (CAI) até 2035, trabalhando em “uma equipe homem-máquina” para otimizar as rotinas diárias e orientar as decisões de negócios. Apesar de ser uma tendência, mais da metade dos líderes (58%) não acreditam que delegar tarefas às máquinas trará mais satisfação ao trabalho.
“Em síntese, a revolução digital é uma realidade e, cada vez mais, haverá o uso massivo de tecnologias, mas para compreender o futuro do trabalho é fundamental entender que o papel da tecnologia é prover todas as ferramentas necessárias para otimizarmos o trabalho”, ressalta Nogueira.
Porém, apenas a tecnologia sem profissionais capacitados e uma cultura organizacional que vá muito além das ferramentas, com lideranças inclusivas, colaborativas e capazes de tomar decisões equilibradas, não será possível o desenvolvimento enquanto organização, reter talentos e atingir metas.