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Desde março de 2020, as vidas nunca mais foram as mesmas. A pandemia de covid-19, que se alastrou rapidamente pelo mundo, obrigou as pessoas a adotarem novos hábitos, alterarem as relações sociais e até a forma como consumiam e trabalhavam. Famílias inteiras precisaram ficar isoladas em casa, e a rotina de escola, trabalho e lazer foi totalmente readaptada. Evidentemente, transformações significativas como essas afetam a saúde mental da população, exigindo um suporte adequado para suportar os novos desafios que surgirão pela frente.
A pandemia, assim como outros cenários de calamidade pública, apenas demonstra a necessária atuação do psicólogo na sociedade. Deve ser entendido que a psicologia é essencial na promoção de qualidade de vida bem como na manutenção da regulação emocional e saúde mental. Em tempos de coronavírus, a ciência psicológica se faz presente e essencial em diferentes atuações, como atendimento psicoterápico, orientação e aconselhamento, além de pesquisas na área de saúde mental e comportamento em cenários de crise.
Engana-se quem pensa que está imune a essas questões. Todos podem passar por problemas relacionados à saúde mental e não há perfis mais suscetíveis a isso. A psicologia compreende que existem diferenças individuais quanto à personalidade, ao funcionamento comportamental e ao modo de enfrentamento. Somente a partir disso, pode se considerar que algumas pessoas estão mais propensas ao adoecimento mental. Entender essa relação é possível somente com a ajuda de profissionais especializados na análise de transtornos mentais, episódios traumáticos e demais variáveis tanto em nível micro (família, trabalho, escola, etc.) quanto em macro (cultura e condições socioeconômicas).
Até porque o avanço da doença está impulsionando o surgimento de sintomatologias depressivas, ansiogênicas, entre outras, na população. Por conta disso, neste momento é imprescindível manter práticas saudáveis. O contato interpessoal, mesmo que virtual, com familiares e amigos é fundamental. A prática de exercícios físicos pode contribuir para a redução do estresse, bem como leituras, atividades lúdicas e demais iniciativas que possibilitem maior controle e regulação emocional. Em suma: manter uma rotina, ainda que adaptada, é essencial nas atuais circunstâncias, principalmente para quem trabalha no sistema home office e precisa de ambiente organizado para cumprir todas as suas tarefas.
Se o cenário durante a pandemia já exige maior atenção em relação à saúde mental e emocional, o pós-pandemia projeta um aumento significativo na demanda pelo trabalho da ciência psicológica nos mais diversos contextos – o que envolve os futuros profissionais de psicologia que estão nas salas de aula de instituições de ensino superior de todo o país.
O estudante, futuro(a) psicólogo(a), precisa reconhecer as necessidades e demandas sociais vigentes, bem como a práxis psicológica dentro de um cenário de instabilidade como é o da pandemia de covid-19. É preciso aprender também a intervir em questões de urgência coletiva. Qualquer área de estudo deve aproximar o conhecimento científico da realidade social da população (a famosa tríade ensino-pesquisa-extensão). A importância do psicólogo ficou em evidência em todo o mundo, e o momento, agora, é de discutir eticamente como a área pode colaborar para a sociedade.
É vivida uma crise, sim, mas a própria psicologia enxerga esses momentos como cenários para mudanças e novas experiências. Os jovens psicólogos, incluindo aqueles que ainda estão na graduação, têm uma chance não só de crescer em sua formação acadêmica, mas também nas vivências atípicas e nos desafios que estão surgindo todos os dias. O mercado de trabalho no pós-pandemia vai exigir todo dia um “novo” profissional, que se adapte às rápidas transições do mundo.
Por fim, é importante salientar que é vivido um momento singular em que a vida deve ser preservada acima de qualquer coisa. O trabalho do psicólogo é essencial, mas não pode estar desconectado de outras questões tão importantes quanto. A retomada de qualquer tipo de atividade deve respeitar a realidade imposta pela pandemia e as normas sociais de isolamento. O próprio Conselho Federal de Psicologia permite o atendimento virtual nesse contexto para evitar contato e aglomeração. Somente assim é possível alcançar o mens sana in corpore sano (mente sã, corpo são) nas vidas.