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A cardiologia viu surgir nos últimos anos uma nova especialidade dedicada ao tratamento minimamente invasivo de doenças das válvulas cardíacas e cardiopatias congênitas – que têm alta prevalência e podem ocorrer acompanhadas de insuficiência cardíaca, constituindo-se em importante causa de morbidade e mortalidade no Brasil.
Segundo Fabio Brito Jr., coordenador do serviço de cardiologia intervencionista do Hospital Sírio-Libanês e do programa de intervenção em cardiopatia estrutural do InCor-HCFMUSP, a nova especialidade faz uso apenas de catéteres e biopróteses, sem que seja preciso fazer uma cirurgia cardíaca aberta (evitando, assim, os riscos envolvidos). Um dos procedimentos mais conhecidos nesta especialidade é o Implante Transcateter de Bioprótese Valvar Aórtica – conhecido pela sigla em inglês TAVI.
“Até recentemente, a cirurgia cardíaca constituía-se no único tratamento para esses pacientes, de modo a propiciar alívio dos sintomas e aumento da sobrevida”, destaca Brito Jr. Com a nova especialidade, “o tempo de internação hospitalar, por sua vez, fica reduzido e a recuperação do paciente se faz de forma muito mais rápida”, acrescenta.
Fabio Brito Jr. destaca ainda que, em tempos de pandemia, a preferência por esse tipo de tratamento menos invasivo aumenta, pois a exposição do paciente é menor e os leitos de terapia intensiva – que se tornaram bastante escassos devido ao aumento da demanda – são liberados de forma mais rápida.
Ele se lembra do primeiro procedimento de TAVI realizado no Brasil, em 2008. Desde então, diz, o desenvolvimento de novas tecnologias e o consequente ganho de experiência dos cardiologistas fez do TAVI o tratamento dominante para pacientes com obstrução da válvula aórtica – e especialmente benéfico para idosos, para os quais a cirurgia cardíaca tradicional tem riscos mais elevados.
Rol da ANS
O TAVI inclusive é um dos itens a serem incluídos no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) cobertos pelos planos de saúde (a Consulta Pública nº 81 esteve aberta até 21 de novembro).
Brito Jr. destaca ainda que o InCor (Instituto do Coração), da Faculdade de Medicina da USP, criou um programa específico para o tratamento das doenças cardíacas estruturais: “O programa beneficia pacientes do sistema público e proporciona contribuições científicas significativas para a comunidade médica nacional e internacional”.
“Da mesma forma que aconteceu com a angioplastia coronária (com os stents e balões), que surgiu há décadas como alternativa ao tratamento cirúrgico de ponte de safena para pacientes com angina e infarto, tudo indica que essa nova especialidade da cardiologia vai beneficiar muitos pacientes com as doenças estruturais do coração”, afirma Fabio Brito Jr.
Ele destaca ainda que o procedimento é especialmente benéfico para os idosos, que desta forma não precisam ser submetidos a uma cirurgia cardíaca tradicional cujos riscos são, para eles, consideravelmente mais elevados – e durante a pandemia, os benefícios ficaram ainda mais evidentes.
Website: http://www.pcicardio.com.br