Prática de atividades físicas previne ocorrência de DCNTs
Estudo realizado pelo Ministério da Saúde aponta que aumento na prática de exercícios físicos entre os brasileiros é algo que pode impactar positivamente o sistema de saúde pública; para especialista é preciso que sejam desenvolvidos ambientes mais propícios para a prática
atualizado
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Uma das mais recentes pesquisas da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), que compõe o sistema de Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) do Ministério da Saúde, trouxe dados concernentes à questão da prática de exercícios físicos e sua relação com a prevenção de DCNTs.
Nas “Estimativas Sobre Frequência e Distribuição Sociodemográfica de Prática de Atividade Física nas Capitais dos 26 estados Brasileiros e no Distrito Federal entre 2006 e 2020”, elaborada pelo Secretaria de Vigilância em Saúde, órgão vinculado ao Ministério da Saúde, foi constatado que, em 2020, a frequência de adultos brasileiros que praticaram atividade física moderada no tempo livre equivalente a pelo menos 150 minutos por semana aumentou em 36,8% se comparado ao ano de 2009, onde esse percentual alcançou a faixa de 30,3%. Os dados da pesquisa da Vigitel foram divulgados em março deste ano.
De acordo com pesquisadores que realizaram o estudo, tal aumento na prática de exercícios físicos entre os brasileiros é algo que pode impactar positivamente o sistema de saúde pública, visto que evidências levantadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde), indicam que a prática regular de atividade física favorece a prevenção e o tratamento de doenças como diabetes tipo 2, câncer, depressão, doenças cardíacas, entre outras.
Além da inatividade física, hábitos como consumo alimentar inadequado, tabagismo e consumo abusivo de bebidas alcoólicas, segundo a Vigitel, podem levar o organismo humano a desenvolver DCNTs.
No que tange a prática de atividade física para a prevenção destas doenças, a OMS recomenda a prática regular de pelo menos 150 minutos de atividade física por semana com intensidade moderada ou 75 minutos por semana com intensidade vigorosa.
Dados da entidade máxima da área de saúde mostram, porém, que, aproximadamente, 23% dos adultos no mundo não atingem essas recomendações – o índice pode chegar a até 80% em algumas populações, devido à influência de meios de transporte, tecnologia e valores culturais. Já no Brasil, em 2019, cerca de metade dos adultos não atingiram a recomendação mínima de prática de atividade física recomendada pela OMS. Segundo o Institute for Health Metrics and Evaluation, a prática insuficiente de atividade física esteve relacionada a mais de 800 mil óbitos no mundo em 2019.
Prevenindo doenças com práticas rotineira de atividades físicas
“Interessante a forma que o estudo chama atenção para as DCNTs e os números sobre as mortes que essas causam, pois, por já serem presentes na vida de muitos, elas acabam tomando um ar de naturalidade e amenizando a percepção do perigo dessas”, diz Eduardo Nogueira, bacharel em Educação Física pela UFMG e instrutor da academia de ginástica Bodyhiit Experience.
“Sendo assim, as pessoas acabam se preocupando com a situação apenas quando chegam em um estado crítico e precisam de uma solução imediata, mesmo que pudessem evitar o agravamento das DCNTs com alguns minutos de exercício físico diário”, completa.
Nogueira afirma ser fundamental que este conhecimento chegue de forma ampla e clara à população, evitando, assim, que “casos leves se tornem graves e urgentes”, desafogando os ambientes médicos intensivos e de urgência.
O alto índice de sedentarismo no Brasil, para o bacharel em Educação Física, pode estar associado ao fato de a prática de exercícios físicos ser vista, por muitos, como algo ligada diretamente aos ambientes convencionais de musculação, que não agrada grande parte da população. Além disso, avalia ele, a implementação do home office em diversas empresas faz com que as pessoas tenham hábitos mais sedentários, “pois já não precisam se deslocar nem mesmo para trabalhar, basta mudar da cama para uma cadeira ao lado e pronto”.
A crise sanitária, na avaliação de Nogueira, porém, também fez com que muita gente passasse a se exercitar no ambiente doméstico. “Creio que isso abriu a cabeça de muitas pessoas para que elas entendam que os treinamentos convencionais e repetitivos não são a única opção para se ter uma vida mais saudável, e que criar esse hábito de exercício físico não seja apenas uma obrigação mas que também seja algo prazeroso”, diz ele.
“Existem maneiras de treinar possíveis de serem feitas em casa mas que em um ambiente interativo com outros estímulos é muito mais interessante e capaz de trazer não só mais vontade de mas também mais resultados”, conclui
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