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As campanhas oficiais alertam a população sobre os riscos à saúde causados pelo cigarro. No Brasil, a restrição legal contra a propaganda tabagista está completando 20 anos, quando o então Presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a primeira lei que restringiu a publicidade de cigarro. De lá pra cá o consumo caiu drasticamente mas ainda é alto. Estima-se que 10% da população é formada de fumantes, mais de 20 milhões de homens e mulheres.
A propaganda antitabagista é muito forte sobre doenças que levam à morte como câncer e problemas cardíacos provocados pelo cigarro. Mas o tabagismo pode trazer prejuízos graves em outras áreas do corpo e causar problemas que afetam à qualidade de vida das pessoas.
Um desses problemas relaciona o hábito de fumar à infertilidade, tanto em homens quanto em mulheres. Segundo dados de um artigo publicado em uma das maiores revistas de Reprodução, a Fertility and Sterility, o atraso do tempo para a concepção relacionado ao número de cigarros consumidos por dia, gerou um atraso da gravidez superior a 12 meses de tentativa em 54% das mulheres.
O médico ginecologista, especialista em Reprodução Assistida, Alfonso Massaguer aponta que o cigarro possui cerca de 4 mil componentes químicos que afetam o aparelho reprodutivo em vários níveis, com um potencial de mutação tanto para óvulos como para espermatozoides, produzindo alterações cromossômicas e de DNA. “O fumante também sofre muitas alterações hormonais e problemas de vascularização que podem afetar os testículos e outros órgãos”, explica o médico.
Por definição, a infertilidade é uma condição que decorre da incapacidade do casal de engravidar após 12 meses ou mais de tentativas por relação sexual desprotegida. Essa condição acomete cerca de 15% dos casais em todo o mundo. Os estudos apontam ainda que fumantes possuem 3x mais chances de infertilidade. “Nos homens o tabagismo altera a produção e a qualidade dos espermatozoides e está associado a maior taxa de insucesso nos tratamentos. Já nas mulheres o fumo diminui a reserva ovariana, altera a motilidade tubária, interfere na divisão de células do embrião, na formação do blastocisto, que é o embrião com cerca de 5 dias de vida, no muco cervical e na receptividade do endométrio”, acrescenta o especialista.
O médico salienta também que na gravidez o fumo está associado a maiores taxas de abortamento e gestação ectópica, além de aumentar a restrição de crescimento, descolamento prematuro de placenta, placenta prévia e parto prematuro. “O comprometimento existe, o que varia é o impacto em cada indivíduo, por exemplo, se duas mulheres fumam a mesma quantidade de cigarros pelo mesmo período, o impacto será maior naquela com mais idade, especialmente após os 35 anos”, acrescenta o médico.
Parar de fumar é sem dúvida a melhor forma de prevenir os impactos negativos. Mesmo quando o casal consegue engravidar ainda há o risco de complicações. “Estudos comprovam que mães que fumam durante a gravidez têm maior risco de aborto e parto prematuro”, acrescenta o Dr. Massaguer.
Mas nem sempre só a conscientização basta, sobretudo porque essa prática envolve a absorção da nicotina, droga que atua no sistema nervoso central, causando dependência. “Quanto mais tempo o homem ou a mulher fumam, maior será o dano, logo o melhor tratamento é parar de fumar, principalmente se o casal deseja uma gestação, seja ela assistida ou espontânea, já que o vício compromete a fertilidade”, finaliza o Dr. Alfonso.
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